Um reencontro de natal

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Sinopse: Há quem diga que família é sinônimo de natal. Mas isso não era uma verdade para Naomi. Tudo indicava que ela teria o pior, e, mais solitário, natal de sua vida, o que ela não imaginava era que um reencontro poderia mudar totalmente o clima do feriado.


— Vem pra mim, bebê... – A mulher falou baixinho, já tomando seu terceiro...quarto copo de café? Foi um dia longo e ela honestamente havia perdido a conta depois de tanto tempo na emergência, atendendo possíveis casos de COVID.

— Vê se não acaba com o café de novo, Naomi! – alertou sua amiga ao tirar o jaleco e cair exausta na cadeira da copa.

— Tem uma jarra cheia, Jéssica. Relaxa – falou a pessoa que já estava com ansiedade de tanta cafeína.

— Vou relaxar quando o doutor Maurício aprender a fazer uma atadura – resmungou a morena, soltando os longos cabelos castanhos só para prendê-los novamente.

— Vish!

Naomi revirou os olhos só de imaginar.

— Naomi... Você vai mesmo poder cobrir pra mim o turno de amanhã?

Jéssica perguntou com um tom bem mais manso, não querendo que a amiga mudasse de ideia.

— Claro, vai ser um prazer.

— Sua família não te chamou pro natal...? – Jéssica abordou cuidadosamente, ciente de que aquele era um tópico difícil para a outra enfermeira.

Naomi hesitou em responder. Sua família não a chamava para o natal desde que ela deixara de ser Marcos. Apenas sua mãe mantinha contato, mas isso não a fazia se sentir mais aceita.

Vendo seu erro na expressão fofa da amiga, Jéssica se arrependeu de imediato.

— Aí, desculpa. Desculpa. Não tá mais aqui quem perguntou – Jessica levantou e segurou o rosto redondo da amiga — Não pense que você fez algo errado, tá? Você é perfeita do jeito que é – assegurou.

Naomi sorriu e estendeu os braços para abraçar a amiga, que logo a acolheu.

— Obrigada!

Nessa hora, a porta abriu, com um homem de cabelos negros tirando já seu jaleco. Olhos de panda e boca já aberta em um "ops" silencioso.

— Atrapalhei alguma coisa?

— Só a família da Naomi sendo um bando de pau no cu — Jéssica respondeu, sem soltar a amiga.

— Ah, então nenhuma novidade – Tiago respondeu, fechando a porta atrás de si. — Bora? – Perguntou às duas, já pegando a chave do carro, doido pra ir embora tomar um longo banho em seu apartamento na zona norte.

As duas correram para pegar suas coisas e seguiram o médico até o carro, aproveitando a carona.

***

Naomi prendia seu cabelo Chanel em um rabo de cavalo curto e fazia sua maquiagem básica antes de ir pegar o ônibus quando seu celular vibrou. Ela desligou assim que viu que era uma mensagem de sua mãe. Não. Ela não iria se enfiar naquele espiral de medo tão cedo. Guardou o celular e partiu pra pegar o Uber até o Procap.

Seu turno começava às 18h, e foi uma maratona de atendimento de pacientes e exames a fazer. O ritmo foi ficando mais lento à medida que anoitecia. Seus colegas foram partindo para suas festas familiares e poucos ficaram de plantão com ela.

Quando deu meia noite, Naomi estava na copa, assistindo Klaus pela milionésima vez. Algo naquela animação sempre aquecia seu coração, e ela precisava de muito calor naquele momento.

Antologia de Natal (escrita pelos seguidores)Where stories live. Discover now