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O pedido de ajuda do tio parecia ter sido um sinal

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O pedido de ajuda do tio parecia ter sido um sinal. Conseguir outro emprego estava sendo difícil e a maioria dos seus conhecidos falava que a ajudariam, mas que ela tinha que esperar até dezembro, época em que abririam a maior parte das vagas temporárias. Ela não estava exatamente desesperada, perdida era uma palavra melhor. Seu contrato de aluguel acabaria em breve e o dono do apartamento já deixara claro meses antes que tinha outros planos e não pretendia renová-lo e, sem emprego, dificilmente ela conseguiria outro lugar para morar em tão pouco tempo. Apesar de ser completamente aversa a ideia, já pensava em ir passar uma temporada com sua mãe e seu padrasto que haviam se mudado para outro estado, mas então seu tio ligou.

Heloísa gostava muito de seu tio Roberto - um professor de história aposentado que tinha como hobby e paixão pesquisas sobre lendas urbanas e outras histórias contadas pelas pessoas e que ele repassava com entusiasmo pro restante da família que consistia em sua esposa Cintia, Elena sua irmã, Lucas e Heloísa os sobrinhos e também os membros mais novos da pequena dinastia -, mas os dois não costumavam se falar muito desde que ela entrara na faculdade alguns anos antes, logo, a ligação dele lhe pareceu imediatamente estranha. Com certeza havia acontecido algo errado pra tio Beto lhe ligar, mas no fim, ele só precisava que ela atuasse como caseira por um tempo enquanto ele e a esposa viajavam para uma convenção de historiadores em São Paulo.

Ela se lembrava vagamente da casa do tio, onde passara boa parte de sua infância e adolescência, e parecia exatamente como uma casa de interior com um alpendre grande, azulejos amarelados e um jardim grande e claro... havia a outra casa. Todo mundo da cidade achava a outra casa uma grande esquisitice de seu tio e já haviam tentado convencê-lo de alugar, derrubar ou fazer qualquer coisa senão deixá-la à deus-dará, mas ele só dava de ombros e falava que não era sua para fazer o que bem entendesse, apesar da outra casa estar na família há décadas e ter sido construída no quintal da casa do próprio. Se considerasse apenas o ponto de vista estético, era uma casa linda mesmo que mal cuidada, ela parecia uma casa saída diretamente de um conto de fadas europeu, feita de tijolinhos vermelhos com trepadeiras subindo pelas paredes e jardineiras cheias de camomilas nas janelas de vidro sempre perfeitamente limpas e era exatamente essa a parte que deixa as pessoas de cabelo em pé ao falar da casa. As janelas estavam sempre limpas, as flores bem cuidadas e, ao olhar pela janela, parecia que realmente morava alguém ali e que seu dono apareceria a qualquer instante. De certo modo ela se sentia entusiasmada em ver a famosa casa novamente e rever sua cidade natal depois de tanto tempo longe, mal podia esperar.

As Flores da Tua JanelaWhere stories live. Discover now