- Lume? - pedi a um jovem
- Toma. Lisboa 1999? - perguntou, e deu-me o isqueiro. Era rosa, se bem me lembro
- Sim. Cais do Sodré. Tens aquilo? - questionei, e saco do dinheiro do bolso do casaco. Era preto da Nike
- Ya. 200 euros. Toma. - ele deu-me o relógio. Era de ouro, bem caro - Roubado de Sevilha
- Chique - comentei, e pus o relógio. Ficáva-me bem. E ainda o tenho, guardado numa caixa vermelha
- RUSGA!!! - alguém gritou. Começámos todos a correr: compradores, como eu, e vendedores, como o outro rapaz
No meio da confusão na Plaza Real, o meu braço foi puxado para uma ruela. Lembro-me de olhar e ver que era uma ruela da Arcada
Finalmente parámos de correr e era... o Todoroki. Um jovem que conheci à muito tempo, ainda nos meus tempos de estudante aplicado
- Todo..roki. És mesmo tu? - perguntei. Eu era conhecido por fazer perguntas um pouco idiotas
- Não, Midoriya. É o Pai Natal - respondeu, irónico como sempre, e abraçou-me. O abraço dele estava igual ao de sempre
- Tinha saudades tuas, Todoroki - confessei - E como é que entraste neste mundo? Se é que me entendes - perguntei, e voltei a acender o meu charro
- Dinheiro fácil. E eu sou fácil a roubar pessoas. E tu?
- A mesma razão. Simples. Bem, bora dar uma volta, mano? A bófia pode aparecer, e não me apetece perder este relógio. Um gajo vendeu-mo antes da rusga
- Bora. Olha, conheço um café ao pé da praça, se quiseres. Tou de ressaca, e não quero beber muito álcool. E também tinha saudades, tuas, Midoriya
Fomos para o café, e, apesar de ser de noite, ficámos a falar durante muito tempo. Lembro-me de pedir um folhado de salsicha quente, muito bom.
- Ei, anda, Todoroki. Conheço um sítio onde podemos ir agora - disse, quando vi o dono do café a começar a arrumar as coisas - ou somos expulsos, e o dono conhece-me e aos meus pais...
Não o deixei falar, paguei a conta e levei-o para ir dar uma volta pela cidade, pois Barcelona é bonita à noite
Lembro-me de nos rirmos e de nos termos divertido bastante. A noite foi perfeita. Eu gostava e ainda gosto muito do Todoroki. O dia estava chuvoso, e estávamos dentro da escola à espera de boleia. Fui empurrado por alguém, e ele amparou a minha queda. Agradeci-lhe e começámos a falar
- Todoroki, obrigado por me teres salvo naquele dia... tenho a certeza que eles me iam bater, sinceramente
- Não agradeças. Eu só fiz o que me ensinaram: ajudar as pessoas e os necessitados. - e sorriu. Meu Deus... aquele sorriso foi lindo. Ainda me lembro dele
Cheguei-me ao pé dele e respirei fundo. Aproximei-me mais e peguei no braço dele. Não o beijei, mas levei-o para o pé da Sagrada Família
- Todoroki... eu entrei neste mundo por duas razões - comecei a falar. Não sabia o porque é que lhe disse isto, mas disse. Precisava de contar a alguém. Ele olhou para mim, e ouviu-me - entrei para conseguir dinheiro para a cirurgia. - e levantei a camisola, e viam-se duas cicatrizes debaixo do sítio onde tinha as mamas. Já não existem há dois anos
- A outra razão foi a minha mãe, que teve que ir para o hospital. Ninguém queria um homem transexual no seu lugar de trabalho, aparentemente
- E agora? Devias arranjar um emprego, e sair deste mundo. É perigoso, principalmente para LGBT's, como nós. - concluiu Todoroki, calmamente
- Nós? Como assim, Todoroki. Também és? - perguntei, espantado. Sempre pensei que ele era um ser heterossexual. Mas estava errado
- Sim.
- Ótimo. Então, posso fazer isto - arranjei coragem e beijei-o. Começou a chover, o que foi um pouco desconfortável, mas foi na chill
- Interessante, Midoriya. E tou feliz... nunca me tinhas vindo procurar, e eu vou à Plaza à algum tempo
- Pensava que estavas em Madrid. Só isso - confessei, depois do beijo
- Mas não estava. E estou feliz por teres conseguido a cirurgia. Há muito tempo que a querias, e ainda bem. Estava preocupado, porque andavas com aquele sutiã preto demasiado apertado, principalmente nos dias de Educação Física - ele disse, calmamente como sempre
- Eu sei, mas está tudo bem agora. Bom, tenho de ir para casa. O meu cão está à minha espera - despedi-me. Quando me virei para ir embora, Todoroki puxou o meu braço e beijou-me outra vez
- Adeus, Midoriya. Fico feliz por ti - e largou o meu braço - Vemo-nos um dia
No caminho, pus os meus fones e fui para casa com os fones a berrarem Rammstein, música que aprendi a gostar desde novo
- RUSGA!! - alguém gritou, num dia de inverno na Plaza
Olhei em volta e vi um ser humano com o cabelo parecido ao do Todoroki e arrastei-o comigo durante alguns metros
Quando finalmente despistei a bófia, larguei o braço do ser humano e olhei para ele: era o Todoroki. Eu tinha acertado, felizmente
- Olá outra vez, Midoriya. Não nos víamos há alguns meses - cumprimentou-me
- Olá Todoroki. É verdade... tenho tentado encontrar um emprego. E tu? - perguntei, e abracei-o
- Também... quero sair deste mundo de... roubos, mas pronto. Ainda não encontrei nada
- Bem, vamos dar uma volta?? Conheço um bar maravilhoso aqui perto, e conheço o dono, que nos pode dar algumas bebidas de borla, mas não prometo nada - questionei, e Todoroki disse que sim
No caminho para o barzinho, falámos durante muito tempo, pois não nos víamos desde a outra rusga.
No bar, sentámo-nos numa mesa um pouco afastada das outras, e pedi umas cervejas. As cervejas espanholas são maravilhosas, e nunca me fartei delas
Bebemos um pouco e saímos do bar. Não pagámos conta. O dono do bar pagou por nós
Levei-o à Gare Marítima, onde o beijei. Foi perfeito
- Namoras comigo, Midoriya? - perguntou ele. Aceitei. Beijei-o com bastante amor reprimido
Olhei para ele e tirei a minha t-shirt preta, e comecei a girá-la no ar, e gritei:
- 2 ANOS SE PASSARAM DEPOIS DA CIRURGIAAA
- Tás mesmo feliz. E estou feliz por ti, Midoriya - e beijou-me
O Sol começou a nascer.
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Alôôôô guyssss
Espero que tenham gostado desta One-shot, que eu adorei
A One-shot foi inspirada numa música dos Mão Morta (rock português hehe) chamada Barcelona
Quis que fosse o Midoriya o narrador, porque acho que ia dar um toque especial na história. Coisas à lá me haha
Espero que tenham gostado guys, e é isso
Adiós e até à próxima fanfic/One-shot/whatever
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Barcelona • Todoroki x Izuku
RandomBarcelona, Plaza Real "Encontrei-a na Plaza Real. Pediu-me lume num ajuntamento. Transacionavam-se objectos roubados. Quando surgiu a rusga da guarda civil Puxou-me; fugimos por uma ruela da arcada." [Barcelona - Mão Morta]
