Prólogo - Adivinhações

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Acho que a maioria das pessoas costumam serem felizes utilizando momentos, dos mais pequenos aos propositalmente grandes e complicados na minha opinião, mas sem dúvida os momentos mais invejáveis são as aventuras, acontecimentos que ninguém espera com perigo, drama, ação e no final das contas, quando tudo termina bem, percebemos que tivemos diversão, um momento bom ou no meu caso, futuramente nostálgico, teve um começo, mas obviamente teve algo antes...
Lembro das nuvens negras no céu às três da tarde daquele dia, até os céus estavam tristes pela partida da Val.
- Eu acho que nunca mais vou te ver e eu não quero isso - Val indaga enquanto tento limpar suas lágrimas.
- O que? Não, eu acho que nós vamos nos ver daqui a uns anos - Digo tentando tranquilizá-la.
- Como pode ter tanta certeza?
- É só um palpite, mas... por favor, só não se esqueça de mim - Ela me olha seriamente após eu dizer isso - Eu não quero te reencontrar e me entristecer por você não lembrar de mim - Explico quase deixando lágrimas escaparem dos meus olhos.
- Claro, eu nunca me esqueceria de você...
- Vamos logo Valéria! - Dona Lydia pede a Val.
- Calma mãe! Eu tava me despedindo, sem coração, tchau Alu, nunca vou esquecer de você, eu juro. - Ela diz soltando minhas mãos e indo em direção ao carro rosa da Tia Luiza que sempre estranhei.
Ela entra ainda chorando sai acenando pela janela, confesso que após ela ir chorei muito em meu quarto, e hoje cinco anos depois estou me mudando para a mesma cidade onde ela mora atualmente, Memoriana a cidade inesquecível, dizem que mesmo se vir aqui só para passar alguns dias você sempre vai se lembrar deste lugar e vai sempre querer voltar, talvez isso não seja um mito pois a cidade está crescendo muito em número de habitantes, ou estão tendo muitos filhos ou muitas pessoas se apaixonaram e decidiram ficar por aqui, falo assim pois já estou na cidade observando suas lindas árvores que cercam o lugar passando por mim em alta velocidade, Minha mãe dirige enquanto meu pai continua a dormir após dirigir pela madrugada, Lipe o meu amigo felino finalmente se acalmou durante a viagem, me assusto ao ver as árvores dando lugar a linda vista da cidade, são paulo já estava sem graça, principalmente depois que a Val veio pra cá, eu sinto tanta falta dela, só percebi nestes últimos anos que eu talvez tenha uma queda por ela, espero esbarrar nela na fila do mercado, ou melhor, encontrar ela na mesma sala que eu, na escola que minha mãe fez questão de me matricular antecipadamente.
O carro para em frente a casa que vi nas fotos, mas ela parece mais velha, não é atoa que minha mãe trouxe uma lata de tinta laranja no porta malas.
- Mãe, eu posso entrar primeiro? - Pergunto ansiosa.
- Pode, faz tempo que não te vejo assim - Ela diz me entregando a chave de casa.
Abro o carro e quase tropeço ao lembrar da dormência em minhas pernas, chego até a porta, a abro e me impresionó, a casa só parece acabada por fora, ando pela cozinha com grandes janelas e abro a porta da garagem, o Transporte de mudanças chegou mais cedo que a gente, e deixou tudo por aqui, entro em meu quarto e fico feliz ao ver as paredes roxas, a melhor cor que existe, obviamente.

...

Acordo e... só, simplesmente acordo, sinto que tive um sonho mas, não deve ter sido nada memorável, ligo o meu celular ao meu lado que maltrata meus olhos com sua luz, são seis e sete, acho que a ansiedade me acordou, ouço meus pais conversando na cozinha, me levanto com dificuldade por conta meu corpo dolorido da mudança de ontem, percebo que acabei acordando Lipe que dormia ao lado dos meus pés, ele dormir comigo é algo raro, ele é um gato imprevisível, já vi ele atacando muitas visitas na minha antiga casa só porque não foi com a cara deles, abro a porta dando bom dia a eles.
- Que estranho, levantando na hora certa - Meu pai diz e logo após abocanha seu pão com manteiga.
- Falou o Sr. Pontual, você sabe que eu puxei isso de você né pai?
- Magina', coloca esse B.O nas costas da sua mãe, eu sempre acordo na hora certa, principalmente nos meus primeiros dias. - Vejo que não sou a única ansiosa por aqui.
- Nossa, que péssimo trocadilho Paulo! - Minha mãe reclama com a mão em sua boca.
Começo a tomar meu café enquanto observo minha mãe se arrumando pra faculdade de medicina, ela passa um batom em seus lábios, um batom familiar.
- Tá com saudade da vó né mãe? - Digo assustando.
- Sim, mas ela tá bem com o Flávio naquela mansão enorme, como soube que eu estava pensando nela?
- Você passou o batom que ela te deu com tanto carinho, sei lá... Um brilho no olhar. - Explico a fazendo lacrimejar.
- Você me assusta às vezes, sabia? tudo o que você tenta adivinhar tá certo...
- Você acha? não tenho culpa de estar sempre certa. - Ao mesmo tempo que reflito sobre.
Verdade, a maioria, ou talvez todos os meus palpites, aconteceram como eu previ, que estranho, termino meu café e volto ao meu quarto para me arrumar, retiro a touca que guardava meus cabelos crespos recém hidratados e passo uma leve maquiagem sobre meu rosto de pele escura, o uniforme da escola não é tão ruim quanto eu imaginava, me parece chique agora só falta ser confortável, quando volto a cozinha encontro meu pai me esperando no sofá já com seu uniforme policial, ele me leva de carro até a escola e me despeço dele com um beijo na bochecha, desço do carro, olho para trás e vejo a minha nova escola, enorme com tons de verde e mais bonita do que eu imaginava.

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