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LIAM

— Você só pode ter tido um chá de boceta muito bom noite passada para não estar me ouvindo.

Bernardo era o meu melhor amigo, mas estava quase querendo jogá-lo pela janela de verdade agora. O infeliz morava bem do meu lado e decidiu se mudar a alguns meses, o canalha nem pareceu sentir tristeza por ter me deixado sozinho e com a nova dor de cabeça que surgiu com sua ida.

— Nem cheguei a segurar a xícara para tomar chá, Bernardo.

O moreno riu com vontade, e por mais sério que estivesse, ele conseguiu arrancar um sorriso de canto meu.

— Então o que rolou? Não te vejo assim desde Gransam, cara. Não me diga que deu ruim com a babá gostosona?

— Tory está legal — suspirei. — O problema é a vizinha.

— Vizinha? Ela é um pé no saco, é isso?

— Quem me dera — bufei. — É a Emma, cara.

Inclinei as costas contra a cadeira, as paredes de tom azul do meu escritório deveriam me deixar relaxado, mas só me sinto atormentado porque me lembra dos olhos daquela diaba. Eu tinha conseguido viver bons anos sem pensar tanto em Emma, até me tornei um cara mais festeiro, me soltar, conhecer gente nova.

Mas me preparar para isso?! Em que vida eu acharia possível que logo ela acabaria se mudando para o apartamento ao lado? Que se mudaria totalmente para Boston?!

— Estamos falando daquela Emma? — ele parecia um pouco surpreso. — Tipo, Emma Williams, aquela que você lamberia o chão se ela pedisse?

— Isso foi há muito tempo — rolei os olhos.

— Então é ela... — o pediatra cruzou as pernas, ainda sentado no meu sofá, como se tivesse pouco trabalho para fazer. — Emma em Boston é uma surpresa. Nunca imaginei que ela realmente sairia de Gransam.

— Acredite, nem eu.

— E como ela reagiu? Vocês não se viam há muito tempo.

— Ela ficou... surpresa. Acho que também não esperava me encontrar assim do nada. Nós não nos falamos muito, ela só pediu desculpas por bater no apartamento errado e deu o fora.

— Não foi muito divertido.

— Reencontrar Emma não deveria ser divertido, Bernardo.

E o infeliz riu, de novo.

— Você está muito tenso por uma coisa muito boba — constatou risonho, olhando para o relógio de pulso e por fim para mim. — Você acabou encontrando a garota que você tinha uma queda, beleza, mas e daí? Não é como se você ainda tivesse um penhasco pela Williams, não é?

— Claro que não! Isso ficou no passado, eu não sou tão idiota assim. — Silêncio. Bernardo tinha os olhos cravados em mim porque sabia que aquilo não era toda a verdade — Apesar de que...

— Que? — instigou, curioso.

— Aquela mulher... — respirei com certa dificuldade, como um maldito filho da puta que precisa de ar desesperadamente nos pulmões. — Ela estava na minha porta com um pijama minúsculo, estava quente — acenei firmemente com a cabeça. — Ela estava quente como o inferno.

— E como vai ser? — solta um riso soprado. — Vocês são vizinhos agora. Não vai conseguir ignorar a presença dela tão fácil assim, e se ela mexe ainda com você, te digo que está ferrado até o pescoço, cara. Preso pelas bolas.

— Não seja idiota — rolei os olhos. — Ela é atraente, mas não quer dizer que me controla.

— Então não vai transar com ela?

Ainda Amo Você (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora