pedir demais

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— Eu avisei.

— Sim, Kai, eu sei que você avisou. — Revirei os olhos. — Em minha defesa, eu não... é que Yeonjun é tão...

— Não tem como se defender, Gyu. — Minha fala foi cortada, e eu bufei. — Por que você não fala que gosta dele logo?

— Tá doido? Vai ser patético, é impossível que ele goste de mim de volta. — Por que isso dói tanto? — Yeonjun foi sincero desde o início, e eu não quero perder a amizade dele.

— E você vai continuar morrendo por dentro assim? Se você tivesse realmente convencido de que não é mútuo, tu não tava desse jeito. Eu sei que ainda tem um pouco de esperança aí dentro.

— É claro que tem, mas eu tenho noção que é burrice. Não é como se eu esperasse que minha vida amorosa fosse dar certo tão fácil assim.

— Ai, amigo... por que você é assim? — Ele apoiou a bochecha na mão e olhou pra mim do jeito que ele sempre faz quando tá preocupado.

— Eu não tenho culpa, se eu pudesse controlar meu coração isso não teria acontecido. É só que Yeonjun é muito bom pra ser verdade, e eu pensei que ficaria bem só com beijos e encontros, mas claramente não.

— Eu avisei.

— Eu sei que você avisou, cacete. Eu também quero bater minha cabeça na parede até esse sentimento sumir.

— Sinto-lhe informar, caro Gyuzinho, mas não vai rolar. Esse sentimento não vai sumir e continuar assim só vai te machucar cada vez mais, e você fez terapia por tempo suficiente pra saber disso. — Kai começou a passar a mão no meu cabelo, e eu deixei porque precisava de carinho.

Odeio ficar sentimental assim.

— Queria conseguir dizer que eu queria que ele fosse diferente e gostasse de mim de volta, mas eu gosto dele do jeito que ele é. Eu gosto de como ele é sincero e nunca me deu esperança de verdade, e ainda assim continuou comigo o tempo todo porque ele sabe que eu não vou sufocar ele que nem outras pessoas fazem.

— E ele também não te sufoca, é por isso que vocês se dão tão bem e tão sempre juntos. — Meu amigo completou, me fazendo afundar na cadeira de frustração. — Você deveria tentar. Eu tô falando sério, se ele é tão sincero, tenho certeza que vai ser compreensivo.

— Você acha?

— Tenho certeza.

— Que inferno. — Olhei para cima, esperando que alguma entidade me levasse. — E como eu poderia me declarar sendo que ele sempre me avisou que não era pra me apaixonar?

— Puta merda, Gyu, você tá batendo na mesma tecla. — Respirou fundo. — Vamos lá, eu vou explicar pela última vez. A gente sabe que você é cheio de trauma, mas ninguém controla os próprios sentimentos. Eu sei que você tem medo, e eu sei que Yeonjun é uma pessoa transparente, mas fingir que você não sente nada é pior ainda. Você ainda vai continuar vendo ele, saindo com ele e sempre desejando ter mais porque você está apaixonado. A.P.A.I.X.O.N.A.D.O. Escutou direito ou eu vou ter que repetir?

— Não precisa ser assim... — Falei baixo, brincando com meus dedos.

— Precisa sim. É melhor levar um pé na bunda vindo direto da boca dele do que ficar nessa dúvida pra sempre. Falar pode tirar muito o peso das suas costas, mas se você não quiser nem tentar, então vai ter que ficar sofrendo pelos cantos.

— Tá, eu já entendi. Eu vou falar pra ele. — Cedi, subitamente querendo voltar no dia daquela festa só pra ter ficado em casa.

— O mais rápido possível de preferência. — Disse, parecendo satisfeito.

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