Ruby se acalmava aos poucos, mas em compensação minha angústia crescia dentro do peito, rugindo como algo que foi silenciado durante muito tempo.
A arqueóloga caminhava em silêncio, parecendo uma rocha inabalável, porém seus olhos transmitiam empatia a cada vez que nos olhava, sussurrando sem palavra nenhuma que "estava tudo bem"
Por sorte o escritório da minha amiga de infância estava vazio, segundo ela não havia paciente algum pois havia se dado folga para rever algumas coisas após as palestras que andou fazendo em outros países, se tornando um grande nome da psicologia não só dentro do Reino Unido, mas também Estados Unidos e Canadá.
O orgulho que eu sentia era compatível ao sentimento de impotência que me habitava ao ver a morena esguia se jogar no divã que possuía em sua sala, apoiando uma mão em sua testa antes de apontar para que Regina e eu sentássemos no sofá, como se fôssemos sua psicóloga.
— Não é irônico? — Questionou, o som saindo abafado pelo braço por cima do rosto — Uma psicóloga bem sucedida que tem o emocional tão forte quanto o de uma criança?
Sua risada era irônica, mas morreu na garganta ao ouvir Regina falar.
— Eu discordo. — A arqueóloga deu de ombros ao nos ver a encarar — Você pode ser incrível em aplicar um bom trabalho em outros, mas ainda sim ter dificuldades em trazer para si. Você conhece e está envolvido emocionalmente consigo e acho que isso já é um ponto para tornar um caos.
Acenei em concordância, respirando fundo enquanto me recostava no sofá, sentindo o cansaço perpassar meu corpo com um tremor.
Brinquei com uma linha que saia aos poucos do meu sobretudo, tentando me distrair.
— Concordo com Regina, Ruby, não se martirize por Neal ser um estúpido.
— Como eu faria isso se tudo que aconteceu foi minha culpa? — A psicóloga questionou com uma risada, deixando-me surpresa com o fato de que a mesma se sentia culpada por algo que cabia a si.
— Não é, você sabe bem o que aconteceu foi uma situação infeliz...
— Infeliz é eufemismo, levando em conta que nossa vida mudou da porra de uma noite para outra, Emma!
Levantei-me para sentar no espaço que Ruby estava deitada, e com isso Regina acenou avisando que estaria na recepção, saindo com um acenar.
Passei quase uma hora conversando com a mulher mais nova que eu um ano, tentando a fazer lembrar que todas as decisões que tomamos foi em conjunto, tanto ela quanto eu não éramos influenciáveis, fazendo apenas o que nos cabia e tínhamos vontade.
Nos despedimos com um abraço, onde eu pedi para que Ruby me ligasse no dia seguinte, a obrigando a ir me ver para um jantar ou almoço para que eu pudesse me certificar que tudo estava bem, mesmo que seu rosto estivesse lotado de pesar e tristeza, diferente de mim que mantinha uma fachada dura e calma que se desmanchou no primeiro momento que saí de sua sala.
As lágrimas caiam em uma corrente, como uma torneira que havia estourado, sem limite algum para a explosão de água, molhando todo meu rosto com gotas gordas, bagunçando um pouco o delineado que havia feito mais cedo.
Eu odiava aquele lugar. Odiava aquela situação com todo meu ser, deixando meu peito se comprimir até a agonia ser a única coisa que eu podia sentir.
Um soluço escapou da minha boca quando Regina cruzou o corredor que eu estava, com o telefone apoiado em sua orelha, mas desligou assim que viu meu estado, seus passos apressados até chegarem a mim.
As mãos cheia de anéis gélidos tão diferentes do seu toque caloroso seguraram meus ombros, deslizando pelo meu rosto em um carinho, não tentando limpar as lágrimas.
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VENENUM
FanfictionRegina Mills, historiadora e arqueóloga, apaixonada no mundo antigo, vivendo mais pelo passado dos grandes do que o seu presente. Emma Swan, jornalista cultural, almejando os maiores furos históricos de culturas diferentes ao redor do mundo. Graças...
Reine
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