— Eu não sou doente, pare com esse pensamento ridículo, já se passaram anos e sua cabeça continua paralisada em décadas atrás? — Dei um passo a frente, percebendo que Regina se aproximou para ficar do outro lado de Ruby, a amparando. Estava cara a cara com Neal agora, respirando fundo e lutando para não perder o controle — Seu cérebro atrofiou em vez de evoluir?
O homem mais alto riu, fazendo o som que saiu da sua boca mexer os fios de cabelo solto do meu coque.
— Para quê esse estresse, Emma? Essa vagabunda que você chamou de "namorada" — Usou seus dedos como aspas no ar, ironizando — Não está fazendo o trabalho que um homem deveria fazer? E eu estou só falando a verdade.
— Você não entende porcaria nenhuma, e por deus, saia daqui antes de que eu perca a cabeça e te soque na frente da minha sobrinha — Sussurrei, deixando meu peito esbarrar com o seu, o empurrando com as mãos espalmadas para que o mesmo desse um passo para trás.
Quando Neal se viu provocado, sua mão se ergueu para desferir um tapa ou um soco, porém segurei seu pulso no exato segundo que seguranças irromperam pelas portas da sala, o afastando de mim com mãos duras em seu ombro.
— Por favor, o retirem — Escutei Regina falar atrás de mim, escutando um choro baixo que provavelmente vinha de Ruby.
Neal se debateu nas mãos do segurança, irritado com a atitude da arqueóloga, virando-se para encarar a morena com um sorriso sarcástico e raivoso permeando seu rosto.
— Você é outra vadia com quem a minha irmã está saindo? Que belo trio. Deveriam chamar um homem para participar — Sua voz ecoou na sala e naquele momento dei graças ao céus por aquela área estar vazia, mas não impedia meu corpo de tremer de ódio e nojo.
Regina aproximou-se do meu irmão, acenando com a cabeça para a criança que se aproximava, assustada por ver seu pai sendo segurado por dois grandes seguranças.
— Papai, o que está acontecendo? Quem são elas?
E aquilo foi a gota d'água dentro de um copo cheio, fazendo as lágrimas encherem meus olhos ao perceber que aquela menina iria crescer naquele meio e que não fazia ideia de quem eu era, mesmo que tivessemos o mesmo sangue.
Abaixei-me um pouco, limpando os olhos antes de falar com a menina que eu não fazia ideia do nome com calma, avisando que era apenas um engano e que estávamos conversando, que logo seu pai estaria com ela, entretanto escutei a ameaça de Regina alta e clara no meu ouvido.
— Devo dizer que homofobia é crime e que as ofensas que jogou contra nós duas em uma sala cheia de câmeras, com a ameaça de bater em uma mulher, cabem diversos processos? — A arqueóloga avisou, o som de seu salto ecoando no ambiente ao se aproximar no homem mais alto no mesmo momento que ofereci a mão para a criança loira, como eu.
As lágrimas agora escorriam pelo meu rosto contidas, porém ainda ali, ainda presentes, em uma dor que nunca ia embora. Era o meu primeiro contato físico com alguém da minha família em quase duas décadas, e era um total desastre.
Levei a menina até Neal, pedindo para que um segurança a acompanhasse porta a fora com meu irmão que se debatia até se ver livre, jogando-me um olhar ameaçador por cima do ombro antes de sumir das nossas vistas.
Olhei para Regina que acenou para a minha amiga, indicando com o olhar o que eu não havia visto. Aproximei-me de Ruby para a abraçar, sentindo o corpo magro me apertar com força no meio dos tremores que ela emitia, provavelmente revivendo aquela noite que de certa forma havia mudado tudo.
Fiz um carinho em seu cabelo, agradecendo Regina com um olhar por cima do ombro da psicóloga. Para nossa sorte conseguimos um tempo antes de seguirmos as três por outra saída até o escritório que a morena possuía uma rua de distância do Museu.
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VENENUM
FanfictionRegina Mills, historiadora e arqueóloga, apaixonada no mundo antigo, vivendo mais pelo passado dos grandes do que o seu presente. Emma Swan, jornalista cultural, almejando os maiores furos históricos de culturas diferentes ao redor do mundo. Graças...
Reine
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