— Oh! Olá — A figura grudada em minha cintura exclamou ao ver a arqueóloga — Desculpe a indelicadeza, não vi que a Emma estava com companhia.

Regina balançou a cabeça, em um gesto que demonstrava que não havia se sentindo ofendida, oferecendo sua mão para um cumprimento educado.

— Sou Regina Mills, colega de trabalho da srta. Swan — Explicou ao ter sua mão cheia de anéis dourados agarrada pela morena que não soltava a minha cintura.

— Um prazer conhecê-la, sou Ruby Luccas — Sorriu, separando-se de mim para sussurrar enquanto me encarava — Por que não me disse que trabalhava com pessoas tão bonitas? Eu teria largado a psicologia para trabalhar com jornalismo cultural.

Ri alto, a risada ecoando na sala quase deserta do museu ao ver que Regina havia escutado e arregalado os olhos com a sinceridade da minha amiga.

— Pare de constranger as pessoas! — Reprimi seu comentário, virando-me para encarar a arqueóloga — Regina é a responsável por encontrar Cleópatra, chefe da equipe e teoricamente minha chefe também.

— Pelos deuses, eu não sou sua chefe, Swan — Mills cruzou os braços sobre os seios, me fazendo rir um pouco mais pela sua expressão, entretanto um movimento no canto da sala chamou minha atenção para a pessoa que cruzava as portas daquela área, arrepiando meu corpo com a sensação de vertigem e ânsia de vômito.

Os olhos do homem que estava acompanhado de uma pequena menina esbarraram nos meus e deslizaram para encarar a mão de Ruby grudada na minha cintura.

Minha amiga de anos tremeu ao ver onde eu olhava, seu sorriso desvanecendo aos poucos até se tornar uma expressão amedrontada.

O homem deixou a pequena garota, que parecia ter em média nove anos, observando algumas estátuas egípcias ao andar em nossa direção com passos duros.

Engoli em seco ao sentir sua presença invadindo meu espaço depois de quase duas décadas, mas aquele olhar de nojo nunca fugiria da minha mente. Me assombrava muitas noites insone, como um breve aviso de como tudo não era perfeito, por mais que eu mascarasse ou viajasse o mundo todo.

— Mesmo tanto tempo depois você ainda não aprendeu — Neal falou alto, ficando próximo o suficiente para percebemos em seu tom de voz que a raiva pingava de cada palavra sua — Ainda faz essas suas nojeiras aos olhos de todos, em um ambiente que entram crianças como a minha filha.

— Neal... — Ruby sussurrou, tentando parar as palavras do meu meio irmão com um aviso de que aquele não era o lugar para fazer isso — Apenas vá embora.

— Ou o que? O que uma vagabunda como você vai fazer? Nem sua família te daria voz, e quisera eu nunca mais olhar pra você e ver o que fez com a minha irmã — O dedo erguido em direção ao rosto de Ruby me acordou para a situação, me dando a percepção que Regina assistia a cena que se desenrolava com pura descrença, o rosto se tornando pedra aos poucos, séria.

— Meia-irmã, Neal — O corrigi, retirando um pouco de força que havia de dentro do meu âmago para falar, torcendo para que me escutasse e sumisse — Tudo o que fiz foi consciente, você já sabe da história e já passamos do tempo das explicações. Apenas se retire e não traumatize sua filha — Falei, olhando a menina que de certa forma era minha sobrinha, seus cabelos loiros como herança da nossa família não o deixava dizer o contrário.

Entretanto meu irmão não estava tão decidido a sair enquanto não jogasse todo seu lixo em cima de mim e Ruby.

— E o que você sabe sobre filhos? Não tem nenhum e nunca terá, e ainda bem que não terá, nenhuma criança mereceria viver com alguém doente como você — Continuou, ignorando o corpo da minha amiga que começava a tremer do meu lado.

VENENUMWhere stories live. Discover now