Já havia conhecido a Itália antes, tanto a passeio quanto durante outros trabalhos, descendo ruas se pedregulhos abaixo ou subindo em partes altas para conseguir as melhores capturas através da minha lente.

Como estávamos a apenas quarenta e cinco minutos de distância do local não demoramos muito para nos vermos em uma praça com uma grande quantidade de ambientes gastronômicos, com um cheiro melhor que o outro quando passávamos em frente.

— Eu amo esse lugar — Regina comentou de olhos fechados ao parar no meio da sua caminhada, respirando fundo para sentir o cheiro que nos rodeava — Já percebeu que cada lugar tem uma aroma diferente?

Ergui uma sobrancelha ao refletir um pouco, percebendo que sim, a acadêmica estava certa sobre.

— Nunca havia parado para pensar a fundo, mas agora que disse fica visível na minha cabeça.

* Play That's Amore - Dean Martin *

A morena sorriu, abrindo os olhos para me encarar com suas orbes castanhas lotadas de diversão, segurando minha mão direita entre a sua para nos levar adiante, satisfeita com cada pequena coisa que via.

Retirei a câmera da sua capa para fotografar a mulher a minha frente em seu macacão vermelho confortável e o chapéu de tecido branco e largo na sua cabeça, os cabelos negros balançando com o vento, levando seu cheiro flutuando ao meu nariz mais do que qualquer outro ao nosso redor.

Estava tão ocupada fotografando que mal percebia o que acontecia até pararmos em frente a Fonte que a arqueóloga queria visitar, o barulho de água e multidão me chamando a atenção.

— Você tem uma moeda? — Questionei para a morena distraída, roubando sua atenção.

— Perdão? — Abaixou-se para tocar no material que montava a grande atração branca, que refletia no sol da tarde italiana.

— Uma moeda jogada e uma realização de um desejo. — Esclarecia, procurando dentro da bolsa que estava pendurada no meu ombro, retirando duas pequenas moedas egípcias, entrando uma para Mills.

— Funciona mesmo?

— Nunca testei — Dei de ombros, rodando a esfera gelada de metal entre os meus dedos antes de jogar na fonte abruptamente, observando afundar água a dentro.

— Qual foi seu pedido? — Regina perguntou, ainda encarando a sua na palma da sua mão, reflexiva.

— Eu apenas joguei, deixarei o universo encarregado por mim. Ele deve saber mais o que eu quero do que eu mesma — Sorri, incentivando com um gesto para que fizesse o mesmo que eu, observando Regina fazer meu mesmo movimento, jogando para o alto até cair dentro da água clara na fonte famosa.

— A Liberdade — A morena sussurrou em árabe, voltando-se para mim com um belo sorriso de lábios vermelhos — Sorvete ou massa?

— Por deus, sorvete! — Exclamei, entrelaçando nossos braços, com meu vestido branco flutuando pelos nossos passos rápidos até alguma sorveteira próxima da onde estávamos, andando pelas pequenas ruas como se tivéssemos o tempo do mundo, sendo rodeadas pelo italiano falado comumente entre quase todos.

E para minha surpresa, Regina era quase fluente ao falar, pedindo o sorvete de menta com a mesma habilidade de um nativo.

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Pisar na Inglaterra era sempre um desafio, a sensação de uma pássaro voltando para a gaiola após pouco tempo sendo livre. Suspirei ao sair no clima frio do país, voltando a sentir uma sensação de aperto em meu peito, como se uma mão invisível apertasse coração e pulmão, fazendo o primeiro acelerar e o segundo lutar por ar.

VENENUMWhere stories live. Discover now