17_ Pega ela no colo.

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 A viagem de volta para a nossa cidade não demorou tanto quanto a ida, quando percebi já estávamos parados em frente a casa da Perola. Olhei para ela que ainda dormia num sono pesado e senti pena de acorda-la. 

ㅡ Que que foi? ㅡ Maicão olhou para trás quando percebeu que ainda não havíamos saído do carro. 

ㅡ Eu não quero acordar ela. ㅡ Respondi enquanto ainda a observava. Olhei para a frente e vi Pedro saindo do carro do meu pai que ele havia parado logo a frente.

ㅡ Então leva ela no colo, ué. ㅡ Maicão sugeriu com aquele sorriso largo dele. 

ㅡ Conhece o pai dela? O que acha que ele pensaria se eu chegasse com ela no meu colo lá dentro? Ele já não tem uma boa impressão de mim por causa do dia que a Jurema disse que eu dei camisinhas de aniversário pra Perola. ㅡ Gabriel e Maicão caíram na gargalhada tão alto que acordaram Yngrid que chegou dar um pulo do banco. 

ㅡ Foi mal. ㅡ Gabriel respirou tentando recuperar o fôlego. ㅡ Mas falando nessa garota, qual é a dela? Ela nitidamente odeia a gente, faltou nos mandar para o inferno lá. Por que foi com a gente?

ㅡ Ela gosta de irritar a Perola, e, pelo que sei, o pai da Perola quem mandou ela vir com a gente. ㅡ Voltei a olhar para Perola que ainda estava apoiada em mim. 

ㅡ Garota doida. ㅡ Gabriel murmurou e todos olhamos para a frente, a mesma estava saindo do carro e, sem falar com ninguém, empinou o nariz e entrou na casa. Pedro logo veio até nós.

ㅡ Por que Cabelin na régua não pega a Perola, então? ㅡ Maicão perguntou depois de descer o vidro da janela. 

ㅡ Pegar a Perola? Que nojo! Seria incesto. ㅡ Ele fez uma careta e eu encarei me perguntando se ele estava falando sério. A Perola chamava ele de anta, mas sempre acreditei que era apenas implicância dela.

ㅡ Pegar ela no colo, maluco. A garota ta dormindo. ㅡ Gabriel explicou. 

ㅡ Eu não vou pegar ela. Ela pode estar fingindo e me dar um soco. ㅡ Pedro balançou a cabeça negativamente. 

ㅡ Acorda ela então, mano. ㅡ Gabriel sugeriu novamente.

ㅡ É, tu não é namorado dela? Pega ela você. ㅡ Pedro deu com os ombros. 

ㅡ Já tem a permissão do cunhado. ㅡ Maicão sorriu pelo retrovisor e eu olhei para Pérola. Ela realmente tinha um sono pesado, nós não estávamos falando muito baixo ali dentro do carro, mas ela continuava dormindo como uma pedra.

ㅡ Dá um tapa nela que ela acorda. ㅡ Pedro sugeriu do lado de fora do carro. Franzi o cenho para ele. ㅡ Pega ela logo, mano!

ㅡ Eu pego ela. ㅡ Uma voz que não me era muito familiar soou e todos olhamos na direção do portão da casa da Pérola onde um cara, que parecia muito com o Pedro, apareceu. Ele só parecia mais velho.

ㅡ Paulo? Você já chegou? ㅡ Pedro fez uma careta para o rapaz.

ㅡ Não, to lá na faculdade ainda. ㅡ O cara respondeu com ironia.

ㅡ Ah, é você mesmo. ㅡ Pedro fingiu choro e foi até o rapaz para abraça-lo. O mesmo riu e só aí me lembrei dele. Era o irmão mais velho da Pérola. ㅡ Quando chegou?

ㅡ Segundo a mãe foi uns dois minutos depois que vocês saíram. ㅡ Ele veio na direção do carro e abriu a porta ao lado da Perola. Não pude deixar de notar o olhar dele para mim quando viu que Perola estava apoiada em mim.

Imediatamente a passei com cuidado para os braços dele e logo o mesmo a tirou do carro.

ㅡ Valeu por trazerem a minha irmã. ㅡ Ele parou no meio da calçada e eu saí do carro já fechando a porta. Pedro me jogou a chave do meu. ㅡ E você... ㅡ Ele olhou diretamente para mim, o que me fez paralisar no lugar. ㅡ Vamos conversar depois.

Engoli em seco e o rapaz se dirigiu para o portão. Já Pedro, antes de segui-lo, fez uma careta e um sinal para mim de que não era nada demais.

ㅡ É Saulão... O outro cunhado é duro na queda. ㅡ Maicão falou rindo de dentro do carro. ㅡ A gente se vê! ㅡ Ele partiu com o carro após buzinar duas vezes.

Fiquei um segundos olhando para o portão da casa dela e, sem pensar em mais nada, deixei um sorriso aparecer no canto dos meus lábios. Eu estava com tanta saudades dela.

ㅡ Bora, Saulo!! ㅡ Dafine começou a gritar do carro buzinando várias vezes e eu ri antes de correr na direção do carro.

Já era noite quando terminei de deixar todas elas em casa e finalmente cheguei na minha. Parei o carro do meu pai na garagem e antes de entrar em casa notei a luz da oficina dele acesa.

ㅡ Pai? ㅡ Bati duas vezes na porta que estava aberta e entrei enquanto ouvia sons de que ele estava mexendo em algo.

ㅡ Oi, filhão! Já voltou? ㅡ Ele saiu de baixo do carro que estava mexendo e apareceu na minha frente com seu macacão cinza sujo de graxa. 

ㅡ Sim, por que está trabalhando até essa hora? Pensei que ia fechar cedo para descansar. ㅡ Observei o carro.

ㅡ Eu ia, mas um amigo meu vai precisar do carro hoje a noite e eu fiquei de arrumar para ele, não é um problema muito grande. ㅡ Meu pai voltou a se deitar no chão e entrou embaixo do carro de novo. ㅡ E como foi seu dia hoje?

ㅡ Foi ótimo. ㅡ Me sentei no chão e sorri novamente. ㅡ Eu passei bastante tempo com a Pérola.

ㅡ E disse o que sente?

ㅡ ... Não. ㅡ Balancei a cabeça. ㅡ Eu não consegui. Ela até me perguntou, mas...

ㅡ Ela te perguntou??

ㅡ Sim, ela sempre foi direta com as coisas. Estávamos sozinhos, eu cai em cima dela e disse que ela gostava de mim, por brincadeira. Ela me empurrou na areia e depois perguntou se eu sentia algo por ela.

ㅡ E você disse não?

ㅡ É. ㅡ Ri da minha própria falta de coragem. ㅡ Eu olhei nos olhos dela, depois de quase morrer engasgado, e senti um medo enorme de dizer o que eu sentia e depois ouvir um " sinto muito ". ㅡ Meu pai saiu de baixo do carro e me encarou.

ㅡ Saulo, você gosta dessa garota a tanto tempo. Tem que tomar coragem para dizer logo o que sente por ela. Vai esperar o que? Algum outro cara aparecer e conquista-la? Ela é uma garota muito bonita! Pretendentes é o que não deve faltar.

ㅡ Eu sei, pai! Mas é que... Sei lá! Eu travo quando to com ela e sempre que penso em dizer logo o que eu sinto, penso que é melhor não arriscar a amizade que a gente tem. Ela confia em mim e se souber de tudo, talvez, não seja mais a mesma comigo. ㅡ Meu pai me olhou decepcionado. Ele sempre gostou da Perola e também sempre soube do que eu sinto. Por ele já estaríamos juntos a muito tempo. ㅡ Eu não acho que estou pronto para dizer agora. A gente acabou de se reencontrar depois de um ano inteiro sem se ver, é muito... É muito cedo.

ㅡ Você quem sabe. ㅡ Meu pai voltou para de baixo do carro. ㅡ Mas não chore quando ela aparecer namorando.

Meu sangue ferveu em ciúmes só de pensar na possibilidade. Eu quase morri de ciúmes hoje enquanto aquele tal Patrick flertava com ela. Vontade realmente não faltou de dar um soco na cara dele, mas a Perola não é nada minha. Ele só estava fazendo o que eu não tenho coragem.

Me levantei do chão limpando a minha bermuda e entrei na minha casa. Ouvi sons da cozinha e o cantarolar da minha mãe, mas passei direto para meu quarto. Estava morrendo de cansaço.

Joguei na cama sem acender a luz e fechei os meus olhos lembrando na nossa volta para cá. A sensação de ter a Perola apoiada em mim foi tão boa que eu me pergunto como seria se tivéssemos algo a mais.

Abri outro sorriso e a música que ela escutava me veio à mente. Sem pensar duas vezes peguei o meu celular, coloquei os meus fones nos ouvidos e coloquei a música no YouTube. Não fazia o meu tipo de música, mas agora... Me lembrava ela.

•••
Continua...

As Regras do Amor Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora