― O que você quer? Exijo que me diga.― Eu não deixaria que essa forasteira tomasse as rédeas da situação.

― Me chamo Agda Vaduva. Sou a primeira que o encontrou. Para sua sorte, eu diria. Porque virão outros, não tão amáveis como eu e dispostos a conversar.

― O que quer dizer?

― Estamos à sua procura há alguns anos. ― Foi a coisa mais ridícula que ouvi em muito tempo.

Meu sorriso começou baixo como um soluço e logo estava ecoando numa gargalhada naquele espaço mórbido. Quando consegui me controlar do surto repentino de humor que me acometeu, dei-lhe as costas, começando a me afastar. A mulher já estava na minha frente antes que eu desse o próximo passo.

― Me deixe ir embora, o dia está próximo ― minha paciência estava no limite.

A noite fora uma das piores da minha existência sombria e faltava pouco para o amanhecer. Eu podia sentir o ar denso, os animais noturnos se recolhendo enquanto os diurnos despertavam.

― Preciso ir com você, não posso ficar aqui... o sol... ― percebi que ela também se dava conta do que viria.

― Eu não ligo para você. Por mim, pode virar cinzas.

Agda pareceu ressentida, formando rugas entre suas sobrancelhas e os lábios apertados.

Sua expressão se transformou em selvagem com rapidez surpreendente, me mostrou as presas e, grunhindo, pulou em mim, me pegando desprevenido. Nós caímos no chão, rolando um sobre o outro. Ela levou a vantagem estando por cima de mim quando paramos de rolar. Não perdeu tempo, golpeando meu rosto com suas unhas afiadas.

― Saiba que se não fosse quem é, você estaria morto agora.

Passei uma das pernas ao seu redor e, com um impulso, joguei-a para o lado, revertendo as posições. Uma vez por cima dela, agarrei seus punhos, seu rosto se tornou duro e tentou se livrar de minhas mãos, mas meus dedos se comportaram como algemas ao seu redor.

― Sei quem sou. Aquele que vai acabar com você se não cair fora.

― Nahan...

― Não sou Nahan! Meu nome é Dimitri.

― Tudo bem, Dimitri. Me dê pelo menos abrigo até despertarmos ao anoitecer. Tenho muitas coisas a lhe contar.

Estudei suas expressões agora suaves. Sem indício de qualquer ódio que vislumbrei em seu rosto há instantes. Não sei o que me compeliu a aceitar aquilo, mas foi o que fiz. Talvez a curiosidade para saber mais sobre quem eu sou. Eu me levantei e vi quando Agda se colocou de pé, nos arrastamos o resto do caminho até chegar à minha casa.

Eu já sentia em meu corpo o cansaço causado pelo raiar do dia, só não estava pior que ela. Agda andava trocando as pernas e se segurando nos móveis, parecia que iria cair a qualquer minuto.

― O que há com você?

― Me ajude a me acomodar. O amanhecer me afeta mais que a você.

Passei seu braço pelo meu pescoço e a ajudei a subir as escadas. Deixei seu corpo cair sobre a cama no quarto de hóspedes. Observei ela se arrastar até se sentir confortável, seus olhos se fecharam em segundos. Ela ficou imóvel, parecendo uma estátua esculpida em cera. Então era assim que eu mesmo ficava. Como um cadáver.

Um corpo congelado, pálido e sem quase nenhum sinal vital, esticado sobre a cama. Como que por instinto, levei a mão sobre meu peito, pressionando. Senti o leve pulsar das batidas ali, ressoando em meus ouvidos o som de cada contração. Deixei o quarto. A mulher estava adormecida e não representava mais perigo. Pelo menos nas próximas horas do dia.

🦇Um Elo Com O Nefasto Vampiro 🦇  Where stories live. Discover now