Nisso, os dois deram as mãos e caíram no forró que tocava. A garota parecia se sentir bem enquanto falava com Júlio, algo que o deixou mais confiante.

Não demorou para os dois sentirem uma certa química entre eles e começarem a se beijar. Se esqueceram completamente do mundo ao redor e ficaram ali, dançando e namorando, até o fim da festança. Quando se deram conta, os outros jovens já começavam a se retirar.

Depois de se despedir de Joca e Zé, Júlio ofereceu uma carona à Mariana, já que estava com o carro de seu pai à disposição. A menina aceitou de bom grado, pois já estava bem escuro e ela não queria voltar pra casa sozinha.

- Ei, se você quiser, - sugeriu Mariana, sorrindo para Júlio, depois que entraram no veículo. - Podemos passar essa noite na casa do meu primo, o William. Ele mora mais ali na frente, seguindo essa estrada.
- É... estou bem cansado mesmo depois dessa festa e minha casa é meio longe. Dirigir muito com sono e ainda depois de ter tomado umas pode ser perigoso, certo? - respondeu Júlio, aceitando o convite.

Cinco minutos depois, chegaram à casa de William, cujos pais estavam viajando, então não foi difícil que o casal pudesse se acomodar lá.

- Tem um quarto de visitas nos fundos, se vocês quiserem. - disse William, com um sorriso simpático no rosto.

Os dois agradeceram e foram se deitar. Antes disso, mandaram mensagens de WhatsApp para seus respectivos pais, avisando que dormiriam fora de casa.

Horas depois, quando o relógio já marcava três horas da manhã, Júlio dormia tranquilamente, adormecido pelos sons das cigarras lá fora. De repente, Mariana, que havia ido até a cozinha tomar um copo de água, deu um berro altíssimo.

Num salto, Júlio se levantou com o coração batendo rápido. Intrigado, foi correndo até onde a garota estava. O anfitrião também acordou, sem entender nada.

- Mariana?! O que foi?! - perguntou o rapaz, confuso.
- Um bicho! - ela murmurou, ainda chocada, e apontando o dedo para a janela mais próxima. - Tinha um bicho horrível me olhando daquela janela ali!
- Um bicho? - estranhou William. - Que tipo de bicho?
- Não sei! Parecia um cachorro enorme, mas muito, muito feio!

Os dois garotos se entreolharam, assustados. Pé ante pé, foram até a janela indicada para olharem por ela. Nesse momento, notaram latidos frenéticos de cachorros da vizinhança toda. Júlio foi o primeiro a tentar enxergar a coisa, fosse o que fosse.

No começo, não viu nada. Instantes depois, começou a discernir na escuridão o que parecia ser um cachorrão muito peludo e do tamanho de um homem. Aquilo se movia nas sombras enquanto brigava com os cães que latiam para ele. Tinha as pernas arqueadas e babava muito.
Na mesma hora, Júlio se lembrou das histórias que seu avô costumava contar sobre coisas que acontecem em noites de lua cheia.

- Jesus! O que é aquela coisa?! - sussurrou William, ao ver a criatura.
- Acho que sei, mas como eu queria estar enganado! - comentou Júlio, tremendo e suando frio.

Foi aí que viram, aterrorizados, que o ser estava se aproximando de novo. Aquilo empurrava com força qualquer cachorro que tentasse interferir. Ao chegar perto da porta dos fundos da casa, começou a arranhá-la furiosamente.

- Droga, esse bicho está querendo entrar aqui! - disse Júlio, nervoso.
- Ei, acho que meu pai tem uma espingarda de caça em algum lugar! - pontuou William, olhando para o amigo.

Rapidamente, com a ajuda de Mariana, começaram a vasculhar os armários da casa. Enquanto isso, a fera esmurrava a porta, rosnando alto.

- Achei! - gritou a menina, com uma escopeta nas mãos.

Nesse mesmo instante, a porta dos fundos cedeu sob a força do monstro. A coisa entrou na casa, farejando o ar.

Chorando, Mariana jogou a arma para Júlio, que a agarrou no ar. Ele não tinha certeza se sabia usar bem aquela arma. Seu pai o havia ensinado a atirar quando era mais novo, mas não estava muito confiante.

- Júlio, cuidado! - berrou o anfitrião, apontando para a porta que estava bem atrás de Júlio.

Este se virou a tempo de ver a fera aparecer pela porta, com a boca cheia de dentes afiados, babando.

Instintivamente, Júlio apontou a arma e puxou o gatilho três vezes.

Um dos tiros acertou o tórax da criatura, que ganiu horrorosamente e cambaleou para fora da casa. Depois, saiu correndo e sumiu na escuridão da noite, com os cães ainda em seu encalço.

Em choque, o rapaz deixou a arma cair no chão e desmaiou ali mesmo.

Quando ele abriu os olhos novamente, já era de manhã. Havia uma compressa fria sobre sua testa. Ele estava em uma cama forrada aquecida no quarto em que havia se alojado. Ao seu redor, William, Mariana e sua mãe conversavam com preocupação no tom. Havia também um homem ali que Júlio não conhecia, provavelmente o pai da menina.

Ao notarem que ele havia despertado, eles o perguntaram se ele estava bem e lhe deram água.

- Se você me desse ouvidos, nada disso teria acontecido, menino! - bronqueou sua mãe, enquanto ele tomava sua água.

Quando ele se sentiu mais disposto, ele e sua mãe se despediram dos outros e voltaram para casa. No caminho, os dois preferiram nem conversar sobre o que ele vira na noite passada. Mas ele não parava de pensar naquela fera.

" Se o que o vovô me contava era mesmo verdade, então esse bicho deve ser alguém quando é de dia" - ele pensou, provocando um calafrio em seu corpo.

Ainda mais quando ele se lembrou de Luan, aquele ex-namorado mal-encarado de Mariana que tinha um aspecto nada normal.

Ao chegarem em casa, Júlio não viu seu pai na sala vendo TV como de costume.
- Mãe, cadê o pai?
- Seu pai não está muito bem hoje, filho. Ele está de cama lá no nosso quarto.

Preocupado, o rapaz foi até lá ver seu pai. Ele bateu de leve na porta e entrou, chamando:
- Pai?
- Olá, meu filho, como foi a noite ontem?
- Ah, foi muito... - E antes que pudesse terminar a frase, o jovem notou algo que o deixou boquiaberto.

Seu querido pai estava deitado na cama, com esparadrapos cobrindo seu torso. Em seu peito, havia uma marca de tiro de espingarda.

BONS PESADELOS

Contos de Terror e MonstrosWhere stories live. Discover now