Com exceção das mesas, que aumentaram pelo menos dois pares de lá para cá, e o menu, que hoje contava com opções mais diversificadas de doces, salgados e bebidas, tudo estava do mesmo jeito que hoje. Lembro até da mesa que escolhemos pela primeira vez. Sempre que vínhamos juntos à loja, sentávamos nela.

— Bom dia — disse a moça, que eu descobriria depois que se chamava Leia. Ela era a dona da doceria. Também seria a primeira chefe de Emília — Já decidiram o que vão querer?

— Bom dia — sorri — Acho que vou querer um chocolate quente e um pão de queijo.

— Ótima escolha! E o senhor?

— Um chá gelado e um sanduíche natural, obrigado — meu marido respondeu, sorrindo.

— E essa mocinha linda? — Então se virou para Emília.

— Vocês têm pizza? — Leia riu.

— Não, pequena. Não temos.

— Ah, poxa. É que eu provei ontem e é uma delícia! Você já comeu?

— Já, já... — ela riu mais um pouquinho — Ela é bem extrovertida, né? Qual seu nome?

— Emília — minha filha respondeu.

— Prazer, Emília, eu me chamo Leia.

— Quantos anos você tem? Todo mundo me pergunta isso, mas eu nunca posso perguntar para ninguém.

— Eu tenho trinta e dois, e você?

— Tenho cinco.

— Caramba, você deve me achar uma velha! — Leia exclamou.

— Só um pouquinho — Emília riu.

— Olha, Emília, vamos fazer um combinado? Eu te trago algo especial e se você gostar, te conto o que é, pode ser?

— Pode! — As duas esticaram os dedos mindinhos e fizeram um juramento.

— Certo, vou preparar os pedidos de vocês e o especial-Emília — e então ela saiu. Foi afeto à primeira vista. Toda vez que saíamos para comer, Emília queria vir aqui. Depois ela trabalhou aqui. Creio que ainda estaria, se não fosse por aquilo.

— Oi, Marian — Leia me chama, distraindo-me de meus pensamentos — Está tudo bem?

— Hã? Ah, oi querida, tudo bem com você?

— Comigo tudo ótimo, você que parece estar um pouco caidinha.

— Só estou um pouco nostálgica. Emília vai embora hoje à noite, acredita?

— Caramba... — percebo que ela também está com algumas lembranças na cabeça — Vou sentir muita falta dela. Mande todas as minhas felicitações para ela...

— Claro, pode deixar. Ela só não veio aqui hoje pois eu decidi vir sozinha para pensar um pouco.

— E o que se passa nessa cabeça preocupada de mãe? — Ela se senta na cadeira à minha frente.

— Estava lembrando do tempo que ela trabalhou aqui, faz o que, dois anos?

— Acho que sim, ela tinha dezesseis, não é? — Confirmo.

— Era uma ótima funcionária, pena que teve que sair por conta dos estudos...

— O quê? — Pergunto.

— Foi o que ela me disse, que estava saindo por conta dos estudos terem ficado apertados e ela não conseguir mais conciliar.

— Não acredito que ela disse isso. O León me paga — digo, indignada.

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