Capítulo 32

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◇◇

PoV. Louis


Eu estava no meio de uma trilha, subindo uma montanha, às cinco da madrugada, e mesmo assim não conseguia tirar Harry Fodido Styles da minha cabeça.

Por que ele teve que confessar?

Ok, racionalmente eu sabia que era a decisão madura a se tomar. Ele fez uma análise dos próprios sentimentos e decidiu que não queria se machucar no futuro, quando o término falso ocorresse.

Mas por quê?

Eu estava ótimo até ouvir suas palavras. Eu vivi três meses numa facilidade surpreendente. Conversar com Harry é fácil, poder reagir e ser como sou sabendo que ele não ficaria ofendido, ficar na casa dos Styles ao invés de na minha, esperar todos os dias uma mensagem que ele decidia me mandar sem real propósito.

E os beijos. Não há sentido em mentir, eu gostava muito dos beijos. Harry reage aos meus toques de um jeito delicioso e eu adorava tocar cada parte do corpo dele. Os beijos e então nossa primeira vez, foi fácil, divertido.

Parei no topo de uma pedra. Alguns metros atrás, Zayn subia a montanha usando um pedaço de madeira como bengala e ofegante. Liam não tinha diminuído seu discurso sobre a falta de comida quente, e nem isso estava me irritando porque eu não prestei atenção em metade do que ele dizia.

Botei a mochila no chão e retirei minha garrafa d'água. O horizonte era lindo. Cadeias de montanhas, os topos escondidos por nuvens esfumaçadas e um sol tímido que começava a nascer. O verde ficava mais escuro e vivo conforme as árvores mudavam. De grossas e espalhadas para pinheiros altos e juntos.

Então eu vivi esses últimos meses no automático. Fingir ser namorado de Harry era fácil. Entrelaçar meus dedos nos dele, notar como nossas mãos eram de tamanhos diferentes, as minhas machucadas e reforçadas do treino de Jiu Jitsu, firmes do Estágio no Hospital, as de Harry esguias e macias, do tempo na água, com as unhas sempre pintadas de preto.

Ou então ter o peso das suas pernas sobre minhas coxas, ele sentado no meu colo ou deitado em mim, o peso confortável e quente. Sentir o cheiro característico de côco nos cachos longos. Ou brincar com o piercing no lábio inferior e na língua, durante os beijos.

Tomei a água e voltei a andar. Queria chegar ao topo antes do sol se pôr.

Minhas botas pesadas firmavam no chão úmido do orvalho da manhã. A brisa fria bagunçava minha franja, ainda que coberta por uma touca cinza.

Quanto mais alto, mais pássaros voavam pertinho de nossas cabeças, protegendo seus ninhos, aproveitando o clima gélido ou procurando comida na grama.

Haviam duas paradas antes do topo da montanha. Cada uma com uma casa pequena de madeira para nos aquecermos e comprar comida e descansar. Liam exigia a parada todas as vezes, declarando que morreria congelado no meio do caminho e teríamos que arrastar o corpo duro até a base da montanha e fazer um funeral no meio da floresta.

Na segunda parada, deixei os dois entrarem e me sentei numa pedra mais ou menos seca, encarando o horizonte. Meu coração batia depressa, as luvas nas mãos não eram mais necessárias. Eu estava energético, com tanta coisa na cabeça que só notei Liam e Zayn se aproximarem quando Payne bateu no meu ombro.

— O que 'tá pegando?

Franzi a testa.

— Como assim?

Liam usava um casaco grande por cima da roupa, o cachecol foi retirado porque mesmo com a temperatura baixa, a caminhada na subida esquentou a nós três. Ele segurava uma caneca nas mãos, cheia de chocolate quente ou café, não me importava o suficiente para conferir.

Rescue My HeartWhere stories live. Discover now