—Meu pé está doendo e eu estou com dor para todo lado do meu corpo, acho que vou morrer leo — disse entre soluços — Meu pé está doendo muito, eu acho que vou morrer, me ajuda.

Eu não acredito que isso está acontecendo. Por que ela tem que ser uma bêbada tão emotiva? Bom, melhor do que uma bêbada agressiva.

Agressiva...sinto falta da Beatriz de meses atrás, aquela que queria me bater por qualquer coisa e sempre estava sorrindo lendo algum livro. Sinto falta da Beatriz que franzia as sobrancelhas e mordia o lábio inferior para não discutir com o professor quando ele dizia algo que ela não cordava.

Ele tirou o brilho dela, agora ela só gargalha quando bebe. Seus sorrisos são forçados e ela já não lê mais os seus livros de romance, talvez porque deixou de acreditar em um final feliz.

—Vem cá — abri os braços.

Ela sorriu com os dedos cobrindo a boca e veio na minha direção tropeçando nos próprios pés.

Peguei ela pelas coxas e a mesma entrelaçou as pernas na minha cintura. Sua cabeça foi apoiada e eu soltei um longo suspiro quando senti seus lábios rasparem na pele do meu pescoço.

Coloquei ela sentada no banco do passageiro e dei a volta entrando no carro. Em poucos segundos aquela festa dos infernos foi deixada para trás.

Olhei no relógio vendo que era quase duas da tarde, essa festa na piscina deve estar rolando desde as oito da manhã, não é possível a quantidade de gente bêbada a uma da tarde. Beatriz é outra que exagerou na bebida, outra vez.

—Por que eles não entendem? — Ouço Beatriz murmurar.

—O que?

—Por que eles não entendem a palavra 'Não'? É tão difícil assim respeitar uma mulher? — ela suspira massageando as têmporas — Já é a segunda vez que ele faz isso, fora as outras vezes que ele surtou porque eu não quis sair com ele.

Um ódio sufocante me sobe a cabeça, um ódio imenso por ele, aquele escroto de merda. Aqueles poucos socos, ele merecia muito mais, nojentos como ele merecem muito mais do que aquilo.

—Quem levou você nessa festa?

—Pedro e Heitor.

Eu não tenho nada contra os dois, mas já que eles levaram ela, por que não podem simplesmente ver se ela tá bem de tempos em tempos? Eles deixam a garota sozinha e somem.

—Não acho uma boa ideia você continuar saindo com eles para essas festas — ela me olha e faz que sim com a cabeça — O marcos poderia ter feito alguma coisa, todo mundo estava caindo de bêbado, não iriam perceber o que estava acontecendo.

Meu estômago se revira só de pensar nisso, nele a tocando a força, machucando ela...não, ele não vai mais chegar perto dela. Eu não vou deixar.

—Eu deveria ter aprendido a lição na primeira vez que bebi, na primeira vez que algo assim aconteceu.

Tiro meus olhos da estrada para olhá-la, seu olhar é vazio. Ela não parece estar se referindo ao filho da puta do marcos.

—Quer me contar alguma coisa?

Ela me olha com aqueles olhos verdes lindos, um pegueno e leve sorriso se forma nos seus lábios e ela faz que sim com a cabeça, logo voltando sua atenção para estrada.

—Eu tinha quatorze anos, era tudo muito novo e diferente para mim. Aquela idade onde você quer ser grande e acaba agindo por impulso ser nem mesmo saber o que está fazendo — Aperto o volante com força, com medo de ouvir o que vem a seguir — Eu bebi muito naquele dia, coca-cola com uísque.

Só por uma noiteWhere stories live. Discover now