(Re)começo

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Ela acordou com a cabeça estourando. Sabia que não deveria ter tomado aqueles últimos drinks. Inferno de ressaca. Abriu os olhos e antes mesmo de conseguir ver a parede bege do quarto sentiu o mundo girar, precisava de um Advil.
"A gente precisa comemorar que você finalmente está aqui" – disse Pearl no dia anterior. E é claro que ela comemorou, até demais. Poderia apostar seu álbum favorito da Dolly que a amiga, entretanto, não havia bebido nem metade em comparação e deveria estar de pé desde cedo. Garota esperta.
Decidiu levantar antes de ficar tarde. Ainda mais, na verdade. Era uma e meia, o Sol entrava forte pela janela sem cortinas, já que ainda não tinha tido tempo de comprar as novas, e ainda tinha uma sessão de maquiagens marcada em uma grande agência às 17h. Precisava se arrumar. Uma boa primeira impressão era essencial para conseguir mais indicações. Kim, louvada seja, conseguiu essa oportunidade e ela não poderia deixar passar.
Quando finalmente conseguiu levantar, já haviam se passado  30 minutos. Tomou um banho completo pra tentar tirar todos os resquícios de álcool do corpo, o cheiro de morango do xampu trouxe uma sensação de limpeza necessária. Após o banho, decidiu colocar um vestido mais solto, curto o suficiente pra mostrar as suas pernas grossas e trazer a confiança que precisava, a bota branca foi o toque final. Demorou um pouco mais fazendo as ondas no cabelo loiro e traçando com cuidado a sua maquiagem não tão discreta. Afinal, uma das vantagens de ser maquiadora era poder exagerar um pouco. Seu rosto era a melhor tela do seu trabalho e ela o exibia com orgulho.
Kim já tinha saído para trabalhar, mas deixou em cima do centro na sala o cartão da agência com o endereço e o nome da pessoa que deveria procurar no local. Sentiu um frio na barriga, precisava desse emprego. Tinha gastado metade das economias na mudança e o aluguel não se pagaria sozinho.
Chegou à estação sem fôlego, mas a tempo de alcançar o metrô. Pegou a linha vermelha, como Kim havia explicado, direto para a Sunset Boulevard. A região era luxuosa e ela sentiu que estrelava um filme de Hollywood, era um começo de um sonho. O prédio da agência era imponente, janelas largas e altas.
O escritório ficava no 13° andar, a agência ocupava o piso inteiro. Havia uma secretária na porta, uma menina loira, rosto delicado e que poderia facilmente ser uma das modelos.

- Boa tarde, eu estou procurando a Senhora Visage. Sou a maquiadora da sessão das 17h.

- Garota, se você pensa em manter esse emprego sugiro que a chame de Michelle – Falou a menina com um ar de riso. – Qual o seu nome?

- Beatrice Mattel, mas pode me chamar de Trixie.

- Bem vinda, Trixie. Sou a Farrah. – Disse a menina enquanto discava para alguém – Michelle disse que você pode entrar. Primeira porta à direita.

- Obrigada.

Trixie começou a sentir as mãos suarem, mas não poderia ceder ao nervosismo agora. Respirou fundo e entrou.
A sala era ampla, com paredes claras e capas de grandes revistas emolduradas. A mulher sentada na cadeira no meio da sala estava na casa dos 50 anos e tinha uma expressão de quem não tinha tempo a perder. Não era para menos, Michelle Visage não havia se tornado um grande nome no mundo da moda perdendo tempo com trivialidades.

- Bem vinda, Beatrice. Vou ser breve porque já estamos com o horário apertado. A sessão é para um catálogo de lingerie, preciso de algo marcante e sexy, que realce a beleza da modelo. A fotógrafa deve chegar em uma hora. Considere o tempo limitado como uma motivação extra, dependendo do resultado dessa sessão, conversamos melhor sobre alguns próximos trabalhos. Posso contar com você?

    Trixie colocou no rosto o sorriso mais convincente que conseguiu e rezou para os deuses em que não acreditava para que a modelo não fosse uma diva. Sentiu que estava sendo testada.

- Pode me chamar de Trixie. Farei o meu melhor.

- Ótimo. Estou contando com isso. Venha por aqui.

Michelle mostrou o caminho para o camarim e apresentou a modelo. Uma morena esguia, com um rosto lindo e bem marcado, mas o que realmente chamava a atenção era o tamanho da cintura, que sem dúvidas, era uma das mais finas que Trixie havia visto.

- Trixie, essa é a Violet. Violet, essa é Trixie. – Michelle apresentou as duas. A modelo se dignou a apenas levantar os olhos do celular e acenar rapidamente com a cabeça.- Não ligue para ela - disse a Michelle em tom amigável-  ela só vai melhorar o humor quando a noiva chegar...  Preciso ir resolver os detalhes de outra sessão, mas qualquer coisa estou no meu escritório - Michelle virou para a Violet - E você, faça o favor de não assustar a menina.  - Violet apenas revirou os olhos e Michelle saiu, deixando as duas sozinhas.
Assim que começou a preparar o rosto da modelo, a maquiadora começou  a ficar inquieta com o silêncio do ambiente. Então, decidiu puxar conversa pelo tópico que achou ideal.

- A sua namorada costuma vir visitar você com frequência nas sessões?

Violet a olhou como se tivesse esquecido que ela estava alí e a maquiagem estivesse se aplicando sozinha.

- Minha noiva é a fotógrafa. – Violet falou com um ar de superioridade e tédio. Trixie decidiu não tentar mais.
Pouco após terminar a maquiagem, enquanto esperava a sessão começar, ela ouviu uma voz e viu Violet levantar da cadeira. Trixie imaginou que deveria ser a noiva/fotógrafa e decidiu continuar fingindo que estava ocupada com o celular para dar um pouco de privacidade às duas.

- Nossa, que demora. Achei que você não vinha mais!- Violet soava irritada e pra completar a cena colocou as duas mãos na cintura minúscula.

- Aparentemente alguém já entrou no modo diva – A mulher riu descontraída e deu um beijo no rosto da noiva.

Trixie viu pela visão periférica que ela era mais baixa que Violet, parecia ser loira e também mais curvilínea. Tinha uma voz de alguém mais velha, mas estranhamente familiar.

– Quem é essa? – A fotógrafa perguntou em alto tom, chamando a atenção de Trixie.

- Ah, essa é a maquiadora. Trixie. – Violet apresentou de mal gosto.

- Trixie? – A mulher parecia surpresa.

- Isso. Você é a fotógrafa, certo?  – Trixie levantou o olhar enquanto falava e assim que viu o rosto da loira sentiu o sangue correr do seu rosto. Não era possível. Não podia ser. – Katya?

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⏰ पिछला अद्यतन: Sep 29, 2021 ⏰

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