Entre bolos de morango e declarações

[🍓] 0.8 - Um abraço, mil palavras

Min o olhava com as pupilas dilatadas, analisava seu estado e sentia o cheiro forte da bebida. Respirou fundo, segurou de forma e arrumou devagar os fios de cabelo dele. Jimin apenas o olhava suave, como se estivesse vendo a joia mais rara à sua frente e se sentia tão leve com os dedos dele tocando em seus fios macios. Era bom estar perto de Yoongi.

— Raposinha, vou te ajudar, a minha casa é bem perto daqui. — Falou, colocando o braço de Jimin sobre seus ombros e o olhou, este desviou rapidamente os olhos para o chão. — Tudo bem, eu não tenho problema algum em lhe ajudar, não precisa ficar envergonhado.

Yoongi piscou os olhos, esperando que ele virasse o rosto ou fizesse bico, mas ele apenas balançou a cabeça em positivo. Logo, Yoongi percebeu que ele não estava nada bem. Ignorou seus pensamentos naquele momento e voltou a caminhar dessa vez junto dele para sua casa. O biólogo buscou a chave em seu bolso, abrindo o portão do prédio e já levando Jimin consigo para sua casa.

— Bem-vindo a minha humilde moradia.

Jimin olhou devagar as coisas da casa, das plantas até algumas pinturas espalhadas, Yoongi além de amar a natureza parecia ser um amante da arte. Sentou-se com a ajuda dele e abaixou a cabeça para olhar suas mãos. Mexia os dedos, tirava e colocava os anéis neles, não queria chorar, mas seus olhos já estavam cheios do líquido que o fazia se sentir um fraco e mesquinho.

— Jimin, aqui a água. — Yoongi se agachou na frente dele, esperando que este levantasse o rosto para o olhar, porém ele apenas segurou o copo e bebeu o líquido rapidamente. — Você sente esse cheiro?

— E-eu sinto em todo lugar daqui... — confessou baixo.

— Então, por que foge? — Sua mão foi até a do Park e ele respirou fundo.

— Eu fujo a muito tempo. Fujo dos outros, de mim e das minhas feridas. — Levantou a cabeça e as lágrimas já desciam por sua face bonita. Um riso triste escapou de seus lábios e ele levou as mãos até o rosto, tentando limpar as lágrimas, mas quanto mais tentava mais chorava. — Eu... eu apenas não sei quem eu sou.

Yoongi segurou suas mãos com delicadeza, puxou para perto de seu peito, ao lado do coração, a outra levou até os lábios e selou com suaves o local. Seus olhos foram de encontro aos castanhos escuros, eles pareciam ter paralisado observando a cena que o Yoongi fazia. A mão que Yoongi segurava sobre o peito fazia com que Park pudesse sentir seu coração batendo acelerado. Era por ele. Apenas pela presença dele, o peito do Min se alegrava daquela forma.

— Você e seu cheiro me acalmam. — Yoongi disse baixo, levantando e puxando Jimin junto de si para um abraço. — Sinta o meu... e não fuja mais, encontre a si mesmo, você merece reconhecer a obra prima que é.

— Yoongi...

Jimin estava nos braços dele, tentando entender porque ainda queria fugir. Só que quanto mais sentia o cheiro de cereja mais seus músculos e sua alma se acalmavam.

Que sensação é essa? Jimin pensou.

Dizem que quando encontra a alma gêmea o espírito se acalma do peso que é viver aqui na Terra, pelo menos pelos minutos ou horas que está com a metade, o espírito parece reconhecer quem é aquele que está consigo e nunca haverá explicação para o sentimento que é experimentado ao sentir o cheiro preferido na pessoa.

Os braços de Jimin circulam pelo corpo de Yoongi e ele desmancha como gelo no ombro do rapaz, pedindo aos céus que aquele momento nunca acabasse e que sua vida melhorasse. Existia a inspiração queimando o peito, a motivação para mudar e a vontade de se conhecer. Os dedos grandes do biólogo adentraram os fios alaranjados, fazendo um carinho suave, querendo apenas cuidar dele como cuidava de suas plantinhas; regando, esperando crescer e colocando no sol.