1- Asas de borboleta

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S/N POV

Hoje é dia de festa.

Eu dei um jeito de driblar minha irmã falando que iria dormir na casa de uma amiga, eu sei que ela não acredita mais nisso, mas ela aceita a desculpa porque sabe que se não deixar eu vou do mesmo jeito e posso até demorar uns dias para voltar.

Eu não gosto de fazer isso com Haseul, sei que deixo ela triste, mas eu não consigo evitar.

Quando eu estou em alguma festa, balada, rave ou qualquer outra coisa que tenha bebidas ou sei lá… coisas ilícitas, eu me perco naquele mundo e só acho o caminho de volta na hora que percebo que cheguei ao meu limite.

Haseul já tentou me mandar para algumas clínicas de reabilitação, mas não deu certo em nenhuma das vezes.

Foram três tentativas de me fazer tomar jeito.

Na primeira vez eu fugi, mas em minha defesa o lugar era muito ruim, pareciam que estavam pedindo para que os pacientes fugissem, qualquer um que soubesse usar um grampo poderia sair ou entrar em qualquer lugar lá dentro.

Na segunda vez tinha uns enfermeiros que vendiam drogas na cara dura dentro da clínica, nessa vez eu até que estava querendo parar com meus vícios, então falei para Haseul e ela me tirou de lá, mas nessa época quando voltei para casa fiz amizade com umas más influências e voltei a fazer merda.

Na terceira e última vez que pisei em uma clínica de reabilitação eu estava com a cabeça totalmente fudida, não queria ser ajudada, só queria ter alguma overdose e morrer o mais rápido possível, então, com esse pensamento na cabeça, um dia antes de Haseul me levar para lá eu comprei uma quantia exagerada de um pózinho mágico ruim que me levaria para uma viagem sem volta, mas no dia que fui usar deu merda e fui pega, então chamaram Haseul.

Essa última vez foi a pior de todas, porque foi quando Haseul falou que não tinha como ela me ajudar se eu não queria ser ajudada e que agora ela precisava dar atenção e se preocupar com a vida que estava crescendo dentro dela - para mim foi um baque saber que minha irmã estava grávida - então ela simplesmente me tirou daquela clínica e me deixou por conta própria.

Haseul não me abandonou, ela ainda deixava eu morar na casa dela e do namorado - que agora é o marido dela - mas era só isso, ela não brigava comigo e nem reclamava quando eu chegava tarde ou quando passava dias fora sem dar notícias.

Haseul simplesmente era indiferente comigo e isso me machucava.

Eu verdadeiramente acho que se não fosse o pacotinho, que no seu primeiro dia de vida foi colocado em meu colo pelas mãos desajeitadas do meu cunhado, eu já teria ido para a viagem sem volta que eu queria ir a dois anos atrás. Então eu agradeço a minha irmã e ao Hyunjin por ter feito aquele pinguinho de gente e ter me proporcionado aquele momento, porque foi ali, quando eu estava segurando minha sobrinha, que eu percebi que precisava mudar.

E eu mudei.

Não saia tanto e quando eu saia não usava mais nenhuma droga, apenas continuei com as bebidas, mas não chego a exagerar como fazia antes. Não foi uma mudança tão grande assim, mas a possibilidade de eu ter uma overdose abaixou.

Haseul falou que isso já é algo a se comemorar, e que se eu quiser a ajuda dela para parar com a bebida também é só eu falar com ela. Mas eu tô de boa assim. Gosto de beber de vez em quando com uns colegas da escola e gosto quando eles me chamam para as festas.

Agora estou finalmente na porta da casa de Yves, a amiga que eu falei para Haseul que iria dormir na casa, agora daqui é só ir para a festa. Eu verdadeiramente dspero que Yves já esteja arrumada, se eu tiver que esperar ela ficar pronta eu volto para casa, Yves até que é rápida para se arrumar, porém só quando está sozinha, quando eu estou junto ela demora…

Não que eu fique atrapalhando, mas é que ela gosta de me provocar bastante sem suas vestes.

Eu já estava prestes a bater na porta da casa quando a porta foi aberta e avistei minha amiga usando uma fantasia de Super Mario.

— Cadê a sua fantasia? - Arregalo meus olhos assim que escuto a pergunta. Esqueci que era festa à fantasia. Yves pareceu que leu meus pensamentos e não me deu tempo para falar algo, ou arranjar uma desculpa, e já foi me puxando para dentro - Eu não acredito que você esqueceu que era uma festa à fantasia!

— Pois acredite, eu esqueci - Yves rosna frustrada e continua me puxando em direção ao seu quarto.

— Você tem sorte de eu ter uma saia e asas de borboleta para fantasia - Eu juro que vi Yves com um sorriso maligno enquanto falava isso, se ela acha que vai me fazer usar saia ela está muito enganada.

— Ah não tem outra fantasia não? - Pergunto com uma careta.

— Você não tá podendo escolher não princesa - Ela fala de forma debochada e eu reviro meus olhos.

Chegando em seu quarto, Yves solta meu pulso e vai até seu guarda roupa, ela abre uma gaveta e tira de lá uma asa de borboleta cor de rosa.

— Yves, sinto lhe dizer, mas nem fudendo que eu vou usar isso - Aponto para a asa nas mãos dela.

— Nem fudendo? - Ela fala com um sorriso malicioso e vem até mim segurando a fantasia.

— Você com esse sorriso lindo no rosto eu posso considerar... mas duvido que depois da gente começar você vá querer parar - Seguro em seu queixo e puxo seu rosto para perto, mas quando meus lábios estavam roçando de leve nos seus ela se afastou.

Era sempre assim, Yves provocava e depois não aguentava que eu provocasse de volta.

— Para de graça S/n - Ela dá um passo para trás e, aposto que para não ficar me encarando, volta até seu guarda roupa e finge procurar mais alguma coisa - Você decide princesa, ou é essa fantasia ou você não entra na festa, porque é obrigatório o uso de alguma - Ela volta a olhar para mim e espera uma resposta.

— Ah Yves, então troca a sua por essa de borboleta? - Peço com olhos de cachorrinho abandonado - Eu acho que faria mais proveito do que você dessa fantasia do Mario, daria para eu tirar com a cara de todo mundo perguntando se conhecem o Mario.

— Que Mario?

Pera. Yves caiu nessa?

Abro um sorriso lentamente e começo a tremer em uma gargalhada mal disfarçada por dentro. Não acredito que Yves caiu mesmo nessa. Eu juro que se eu não fizer essa piada do Mario com ela eu vou explodir. Abro minha boca devagar e falo rapidamente:

— Aquele que te comeu atrás do armário - Yves fica estatística, analisa o que eu acabei de falar, vem até mim em passos lentos e dá um tapa no meu braço - Ai, sua ogra.

— Larga de ser idiota e coloca essas asas logo!

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