"Deve ter ido na casa do Donald, é na rua de baixo." Suponho.

Falando no dito cujo, logo ele entra e se espanta ao ver meu pai lá.

"Ué, já chegou?"

"Já, estou com pressa e o senhor nos fez atrasar mais que o previsto."

"Ah, foi mal! Mas nem vou mais."
Como assim, Dylan? Não vai mais?

"Não vai?"

"Não! Tenho umas coisas pra fazer!"

"Que cara ocupado!" Falei cruzando os braços, e olhando pra ele. Eu já não queria ir, ele nos coloca nisso e agora desiste. Eu me ferro sozinha mesmo? Sério, produção?

"Bom, como quiser. Então vamos, Riley?"

"Sim!"

"Ótimo. E, não vai me fazer perder mais tempo atrás de uma coisa imbecil, como seu diário da última vez. Não é?!"

"Relaxa!"
Tirou as chaves do bolso, pegou minha mochila, despediu-se da mamãe e do Dylan, e foi para o carro. Me apressando.
Mamãe saiu atrás dele.
Dei tchau para os meninos e saímos.

............
A viagem até chegarmos na estrada foi silênciosa, apenas com os maiores sucessos dos anos 80 tocando no rádio - meu pai sempre andava de carro, e ele fazia questão de manter isso como uma lei.
Encostei minha cabeça na janela, e fui observando todo o caminho.
Era tão mais fácil antes, viajar com ele. Nos dávamos bem, mesmo que não na maior parte do tempo, porém, nos entendiamos. Sempre tinhamos o que falar, nunca foi esse silêncio constrangedor de agora.
Já reparei que ele fica calado pra não perguntar ou dizer alguma coisa que me magoe, e eu fique nervosa com ele.

"Seu irmãozinho dormiu na sua casa essa noite?" Falou, quebrando o silêncio e referindo-se ao Jake.

"Sim! Não só dormiu em casa, como vai passar a morar lá." Eu disse isso pra ver a reação dele, não queria ter realmente dito isso.

"Como é? Sua mãe vai se casar então?"

"Não. Quer dizer, não sei."

"Ela mal conhece o cara e já o põe dentro de casa, e vocês o tratam bem. Por que comigo é sempre diferente?" Praticamente gritou, num tom grosso e rouco.

"Ele me entende mais que você já tentou alguma vez."

"Ele? Afinal, estamos falando de quem? Do queridinho namorado da sua mãe, ou do babaca filho?"

"Do Jake, e baixa a bola, ele não é babaca. Você é!"
O farol fechou, e ele deu uma super brecada após ouvir o que eu disse.
Apenas me encolhi no banco, fechando meus olhos e desejando jamais ter dito o que eu disse.

"O que disse, Riley?"
Acho que exagerei, mas, quando se trata de Richard Benson, o Jake acaba virando meu ponto fraco.

"Nada, eu...só..."
Ele bufou, e pude ouvir ele murmurar algo mais ou menos como: "Era melhor ela ter ficado em casa porque, ao menos, não teria esse desaforo."

"Faz um favor?"
Ele continuou em silêncio.

"Me leva pra casa dos meus avós, não quero ficar na sua. E acho que nem você me quer."
Ainda em silêncio, e já na cidade dele, refez o caminho e reconheci aquele percurso. Estávamos mesmo indo pra casa dos meus avós.
Relaxei meu corpo, indo pra casa deles me sentiria mais segura, e com mais liberdade.
Chegamos em frente á casa. Meu pai mal estacionou, e eu já estava abrindo a porta pra sair. Dando a volta no carro pra pegar minha mochila.
Ele desceu e tocou a campanhia.
Demorou um pouco, mas logo alguém saiu. Era minha avó.

O Diário de RileyWhere stories live. Discover now