Primeira Etapa: Pétalas.

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Os pássaros cantarolavam alegremente naquele amanhecer, o som fino e agudo porém encantador para certos ouvidos de um certo garoto. Com o cantarolar das Aves, o Agatsuma abriu seus olhos "caramelizados" lentamente, sonolento, ele se sentou no futon e se esticou preguiçosamente, olhando ao seu redor à procura de algo, ou melhor dizendo, alguém. Kamado havia acordado mais cedo que si, ainda se pergunta como não o escutou levantando. Enquanto o Hashibira roncava desajeitadamente no futon ao lado do de Kamado. Silenciosamente, tentou fazer o mínimo de som possível para não acordar o garoto de face afeminada, abriu a porta com cautela e se retirou do quarto. Andando pelos arredores da mansão borboleta, seus olhos caçavam pelo ruivo, junto de sua audição.

Chegando no meio do caminho para o jardim, seu estômago embrulhou, não sabia o porque, parou de caminhar colocando a mão na região digestiva. Talvez estivesse com fome, ou não, tinha acabado de acordar, então julgou ser normal. Após sua decisão, continuou seu rumo. Conseguia escutar os batimentos calmos e doces de Tanjiro, e mais um outro consigo, aqueles batimentos eram rápidos, mas não afetava o sistema respiratório dessa pessoa, ao mesmo tempo transmitia uma calmaria derivada da de Tanjiro, mas não o superava. Ao ver a cena de ambos, o ruivo e a irmã mais nova de Kochou, Kanao, juntos, sentados na grama com suas mãos levemente uma acima da outra observando a luz do dia, de certa forma lhe machucou, sentiu uma pontada em sua garganta, alertando as lágrimas subindo. Se segurou e engoliu seco, chamando baixo pelo Kamado.

— Tanjiro-Kun.. — Ao escutar a voz suave do garoto, o ruivo virou sua cabeça em cima do ombro junto de Kanao, logo sorrindo para o loiro.

— Oh, Zenitsu, acordou cedo. O que deseja? — No fundo de sua voz, a gentileza pura e inocência do rapaz prevalecia.

— Não quero.. Nada... Apenas, vim perguntar do por que você acordou cedo. — Deu ênfase no "você", fazendo o ruivo soltar uma breve risada.

— Eu to bem energético desde ontem a noite, então é normal eu acordar neste horário. Mas o que você faz aqui? Não deveria estar descansando? 

— Eu... — Olhou para a garota de cabelos negros, na qual lhe lançava um olhar neutro, porém, conseguia escutar dentro de si que sua voz queria gritar com ele, queria lhe bater por atrapalhar o momento tão calmo entre ambos. Naquele olhar inexpressivo, era notório para Zenitsu que ela lhe olhava com ódio lá no fundo. — G-gomen'nasai! — Saiu correndo levemente envergonhado pelo ato, mas também concordava que não estava bem desde que chegou no jardim, desde que sentiu aquele embrulho. Na correria, sentiu algo a mais subir pela sua garganta, parecia que ía vomitar, assim o obrigando a colocar a palma da mão em seus lábios, os estampando com um pouco de força. Quase chegando no quarto, aos poucos começou a tossir. Tossia tanto que teve que parar perto da porta, inclinou a cabeça para frente e logo parando com as tosses. Tirou a mão da boca e avistou na mesma, a pétala de uma cerejeira, reconhecia pois no jardim havia uma árvore dessa flor.

Não acreditava. Tinha comido a pétala daquela flor na frente deles sem perceber e se engasgou? Sentiu a vergonha alheia o arrepiar na pele, e se tivessem visto ele inspirar aquela pétala sem que notasse e não tivessem dito nada? Suspirou derrotado pela realidade do universo, sentia-se um idiota (não que já não seja um pouco). Com isso, ele entrou no quarto com uma postura deprimente. Esquecendo do garoto-javali que adormecia ali, acabou por fazer barulhos o acordando, assim num piscar de olhos ganhou de presente uma forte cabeçada no estômago.

Hoje não seria um dia de sorte.


O som das floresWhere stories live. Discover now