𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐀𝐍𝐃 𝐖𝐀𝐑, ᴛʜᴇ ᴅᴀʀᴋʟɪɴɢ

𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄

O Duque de Keramsov era um bom homem.

E como o grande herói de guerra e amigo do povo que era, ao voltar de uma batalha transformara sua propriedade em um orfanato e uma casa para as viúvas de guerra.

Orfanato esse que se tornou o lar em que Elena, Alina e Malyen viviam.

O menino e as duas meninas tinham chegado com um intervalo de semanas entre um e outro.

Mais três órfãos trazidos até o orfanato do Duque para aprender a ler e escrever.

Elena agradecia por ter sido levada a aquele lugar, perder seus amados pais era uma tristeza, mas conhecer Alina e Malyen foi uma das poucas alegrias que lhe foi reservada na vida.

Mas ali, naquele momento encolhida em um pequeno armário sendo espremida entre os dois, ela pensou se valia mesmo a pena ser amiga daqueles dois.

- Ela está bem ali, em cima da mesa.

A voz de Alina soou pelo lugar, o plano de roubar os últimos pêssegos de verão estava dando certo se não fosse por Elena que resmungava sem parar.

- Pegue logo eles, Maly. Eu quero sair daqui.

O garoto fez um gesto de silencio enquanto esticava-se para pegar os frutos. Elena soltou uma risada baixa que logo tornou-se em uma gargalhada sonora quando uma das criadas da casa do duque gritou.

- Mas o que é isso?

Elena sentiu quando Alina agarrou sua mão e a arrastou para fora do armário.

Os três conhecidos como "fantasminhas" por conta de suas artimanhas correram em volta da criada e foram para o refeitório esperando se misturar entre o restante das crianças que conversavam ali, era provável que recebessem uma bronca de Ana Kuya quando isso chegasse a seus ouvidos. A governanta do orfanato não era lá uma das pessoas mais tolerantes do mundo.

Aproximando-se do refeitório, Elena conseguiu reconhecer a voz de um dos meninos mais velhos do orfanato.

- São três. Em fardas especiais, arrumados e majestosos. Eles colocam vocês em fila e chamam um de cada vez.

Elena particularmente não gostava dos garotos encrenqueiros de kerazim, visto que sempre tentaram implicar com Maly, mas o desejo de saber sobre o que eles falavam era grande demais para que ela desse as costas e fosse embora.

Ao seu lado, Alina parecia compartilhar do mesmo pensamento, a menina ouvia atentamente o que era falado.

- E são quantas perguntas?

- Não é esse tipo de teste, eles possuem um dispositivo e furam seu braço.

O teste dos Grisha. Elena concluiu em pensamento. Só podia ser. O pensamento fez com que ela revirasse os olhos.

- E isso dói?

- Só um pouquinho, mas se você descobre ser um Grisha vai poder ir morar no pequeno palácio.

- E como é lá?

- Eu não sei ao certo – o menino exclamou como se fosse obvio – mas quando você chega lá, pode comer melão doce, balas kerch e usar roupas especiais. Deve ser um lugar legal.

Elena que já estava inteirada do assunto aproximou-se e perguntou ao menino mais velho.

- Alguém daqui já foi escolhido?

O menino virou-se para ela arregalando seus olhos azuis, assustado. Não tinha percebido sua presença ali e logo as bochechas dele adquiriram uma coloração avermelhada enquanto ele dizia entre gaguejos.