|CAPÍTULO:42|

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Sophia

Naquele dia eu pedi ao Martin que me levasse a um bar, onde nos sentamos junto ao balcão. Apenas eu estava a beber, ele estava apenas a tentar me convencer a parar.

- Tá bom, agora já deu. - Falou recebendo o copo que estava em minhas mãos.

- Me devolva isso. - Minha voz já estava diferente por conta da quantidade de álcool que havia ingerido.

- Não, você não vai beber mais. Se você precisar conversar com alguém saiba que eu estou aqui, você não precisa encher o bucho com bebida. - Seu tom era de repreensão.

Olhei para ele que parecia estar a espera que eu dissesse alguma coisa. Então, depois de algum tempo pensando, decidi abrir a minha boca.

- Sabe? Cansei de ficar fingindo ser forte. Cansei de colocar um sorriso forçado no rosto mesmo quando estou triste. - Limpei as lágrimas que estavam prestes a escorrer com as mangas do meu casaco. - Minha vida está uma merd*. Não tenho nada. Não tenho uma família e nem uma casa. - Voltei a limpar as lágrimas.

Martin olhava para mim apreensivo.

- Sinto muito pelo que está acontecendo, não sabia que estavas a passar por tudo isso sozinha. - Segurou o meu ombro, em seguida fez menção em me abraçar, mas eu não o correspondi, ao envés disso puxei o copo de suas mãos, e com apenas um gole acabei o wisky que lá tinha.

- Manda vir mais. - Falei para o barman, que serviu logo em seguida.

- Sophia, é melhor parar agora. - Insistiu novamente.

- Tá bom, esse será o último. - Finalizei o que estava no copo.

- Vamos, vou levar - te para a casa do Thomsan. - Falou se levantando para me ajudar a se colocar de pé.

- Não, não me leve para lá, pelo menos não agora. - Disse.

- Está bem.

Ele pagou a conta e em seguida me levou para a sua casa, onde me colocou confortável num sofá. Acho que nem levou 10 minutos para eu adormecer.

{...}

Percebi que estava acordando quando  comecei a sentir minhas pálpebras pesadas levantando aos poucos, quando por fim meus olhos estavam totalmente abertos, percebi que já estava na mansão, no meu quarto.
Ainda estava sob efeito do álcool, tudo ao meu redor parecia estar girando e a minha visão estava meio turva.
Com muito esforço me levantei a passos cambaleantes e fui andando pelo corredor. Não sabia para onde estava indo, apenas estava a andar, até esbarrar no Brian.

- Para onde está indo? - Questionou ele.

- Eu acho que... - Parei para pensar, mas logo me lembrei que não fazia ideia. - Não sei. - Acho que fiz um biquinho.

- Vamos, vou levar - te para o teu quarto. - Segurou minha mão e me dirigiu até ao meu quarto, onde me colocou na cama.

Ele já estava dando as costas para ir embora quando o segurei pelo braço.

- Por favor, não me deixe sozinha. - Supliquei com olhos marejados.

Ele se sentou a beira da cama.

- Estou com medo. - Disse segurando sua mão e a apertando com força.

Ele ficou estático por longos minutos, parecia estar em transe, mas logo voltou sua atenção para mim.

- Estou com medo, não me deixe. - Repeti. Depois daquelas palavras, já não lembro de mais nada, acho que havia chegado o momento em que adormeci.

{...}

Na manhã seguinte acordei com uma enorme dor de cabeça e no corpo inteiro. Tentei me levantar, mas uma baita tontura me obrigou a permanecer por mais alguns minutos na cama. Quando por fim achei que já seria mais fácil me levantar, levantei - me e fui direito para a swit, onde tomei um banho de chuveiro. A água que caia sobre mim estava gelada. Meu corpo se arrepiou ao primeiro contacto, mas logo foi se acostumando.
Após ter terminado, vesti algo leve ( calça larga e uma camisola ), nos pés pús um ténis da Fila e no cabelo optei por deixa - lo solto.

Desci as escadas e estava a caminho da sala de jantar, quando ouvi a voz de Elenna soando pela porta entreaberta do escritório do Brian, que por acaso estava com ela.

- E quando vai lhe contar? - Questionou Elenna.

- Eu prefiro que ela não saiba.

- Ela vai querer saber quem pagou as dívidas dela, isso é algo inevitável. - Suas palavras chamaram a minha atenção.

- Se a Sophia saber que eu paguei as dívidas, ela me obrigará a voltar atrás no processo. É melhor que seja assim, darei um jeito de colocar alguém a frente disso tudo.

Naquele momento pensei em entrar para confronta - los, mas a minha covardia falou mais alto, me obrigando a sair correndo para fora da casa. Peguei um táxi e fui até à minha casa. Cheguei a tempo de ver o carteiro colocar as correspondências no meu correio. Chequei as mesmas assim que ele foi embora. As três primeiras correspondências eram cartas de condolências de pessoas que não se puderam fazer presentes no dia do funeral ou mesmo do óbito. Em seguida eram a conta de luz, da água, da tv e por último o que eu estava mesmo a procurar, a notificação do banco. Abri o envelope e constatei o que lá estava escrito, realmente o Brian havia pago as minhas dívidas, não só as que eu tinha com o banco, mas como também as que eu tinha com o ex amigo do meu pai.

Fui até um ponto de telefone e fiz uma chamada, liguei para a Elenna e pedi para que ela fosse ter comigo. Em seguida sentei - me aí mesmo, em frente a porta da casa e aguardei até que ela chegasse. Nesse período de tempo de espera tive que me aguentar com a minha ressaca. Quando chegou, Elenna se sentou ao meu lado no chão.

- Está tudo bem? Estava que nem louca a sua procura. - Disse ela.

- Porquê contou ao Brian sobre as minhas dívidas? - Perguntei ignorando totalmente o que ela havia dito.

- Como ficou sabendo? - Parecia surpresa.

- Isso não importa agora. Elenna, você era a única pessoa que sabia, confiei em você.

- Eu fiz isso para o seu próprio bem, eu só queria te ajudar. - Falou num tom calmo.

- E porquê não me contou?

- Porque eu sabia que você não iria aceitar.

Na verdade ela tinha toda razão, eu jamais aceitaria.

- Preciso ir, minhas aulas começarão daqui aceitaria pouco. Até logo. - Depositou um beijo na minha bochecha. - Quer uma boleia até em casa? - Perguntou antes de entrar no carro.

Na verdade não estava nada afim de ir para lá naquele momento,  mas a minha ressaca e a fome falaram mais alto, me fazendo assentir como resposta.

O Babaca Do Meu Chefe ( Sem Revisão )Where stories live. Discover now