ANTON BRUSMAN estava consertando o motor do avião de um amigo piloto quando o par de pernas mais incríveis que já viu o distraiu e logo depois a droga do motor caiu repartindo seu fêmur em dois. Anton nunca teve ninguém cuidando dele. Era ele quem c...
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ANTON BRUSMAN
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Estou atrasado e não consigo encontrar a minha carteira. Reviro o quarto, o escritório, a sala de estar, a cozinha, até mesmo dentro da geladeira porque quando estamos procurando por alguma coisa e esgotamos as opções possíveis, nossa mente começa escavar por espaços diferentes, mesmo quando os entende como pouco prováveis. É estar parado na frente da geladeira com a porta aberta que aciona a minha mente para a realidade. Caminho até Mabel que está sentada comendo cereal em frente a televisão e estico a mão.
— Minha carteira, por favor. – digo tentando manter a calma. Minha filha de seis anos pisca para mim com seus olhos azuis, para a colher no ar devolvendo-a para tigela de cereal e então cruza os braços parecendo indignada.
— Por que o senhor acha que eu estaria com a sua carteira?
— Eu tenho certeza de que a deixei junto com as chaves do carro e agora não consigo encontrá-las.
— Então deveria ser mais cuidadoso com as suas coisas, pai. – ela diz voltando a comer. Eu sento no sofá, pego o controle e desligo a televisão, o que a faz protestar. — Eu estou assistindo.
— Tenho certeza de que o mundo não vai acabar se você não souber que brinquedo aquela menina está desembrulhando hoje – argumento. — Agora, meu amor, você precisa se levantar e pegar as minhas chaves antes que acabe de castigo.
— Mas não fui eu, já falei – ela diz ficando com o rosto vermelho. Mabel é tão parecida com a mãe fisicamente, mas a personalidade não poderia ser diferente e a culpa disso tudo é minha. Eu tentei compensar a minha ausência nos seus primeiros meses de vida sendo permissivo demais, mimando-a excessivamente, e agora tenho uma filha de seis anos que espanta babás, aterroriza coleguinhas na escola e, ultimamente, começou a mentir. É isso que ela está tentando fazer no momento, complementar sua mentira com um falso ataque de moralidade ferida. Para Mabel, meu questionamento é uma ofensa.
