Meu coração é seu

Eu só quero amor...

Eu vejo seus monstros

Eu vejo sua dor

Conte-me seus problemas

Vou afastá-los

Eu serei o seu farol

Eu vou fazer tudo bem

Monsters - Katie Sky

Alguns anos antes...

Jili repousou a cabeça no colo de seu amo e mestre e suspirou. Agora sabia que não estava totalmente sozinho no mundo, tinha três queridas irmãs, tinha amigos espelhos que seu mestre conseguiu despertar depois de uma batalha complexa. Ok, quando nasceu e foi levado para seu mestre por sua criadora, ele já sabia que havia dois outros espelhos como ele: Cadafalso e Pratalança, porém... Ainda se sentia pequeno e sozinho.

Mas não era mais agora. Havia mais de uma dúzia deles, eram como uma família meio bagunçada e ainda assim unida, mesmo com cada espelho e cada rainha do espelho com suas peculiaridades. De todo modo sua vida não era mais vazia e chata, contudo...

Faltava aquilo, faltava um tipo único de amor.

Amor romântico, amor verdadeiro. O amor que sua criadora mais acreditava em todo o Cosmo que compunha todos os universos, mundos e microcosmos.

Amor.

O Tipo de amor que seu mestre e a rainha das rainhas Channy tinha. Amor do tipo intenso e fiel e emocionante. Amor poderoso.

Ele queria amar, mas ainda tinha dúvidas se era capaz de tal coisa.

Dentro do seu coração acreditava que sim, era possível, porque sua criadora jamais criaria algo que não fosse capaz de amar daquela forma, porém todos os demais espelhos... Não acreditavam nisso, pois por serem entidades, não tinham coração mortal que pudesse ter aquele tipo de apego emocional em outro.

Mas tudo era possível, certo!? Não podia ser tão impossível assim!

Ainda assim a dúvida persistia e aquilo já o estava enlouquecendo.

Ele queria ser a fortaleza de outro alguém, o ombro que essa pessoa poderia se apoiar quando tudo o mais falhasse, e ele queria ter o mesmo ombro quando se sentisse exausto e com medo. Afinal ele tinha todos os sentimentos humanos.

Ele podia sentir tudo, então obviamente podia amar dessa forma.

Suspirou de novo e sentiu a mão de Can em seus cabelos parar o movimento relaxante:

— Jili, o que está acontecendo?

Ele suspirou e se deixou cair mais no colo do mestre sabendo que com sua rainha ele podia dizer tudo e se abrir completamente. Can jamais o julgaria ou faria qualquer coisa de cruel com ele, sua rainha era a melhor! Era seu tudo, como um pai, irmão, mestre e amigo. Jili amava o senhor Channy também, mas sua rainha estava acima de tudo e todos!

— Mestreeeee! Eu estou em crise existencial!

Ele ouviu um risinho doce dele e então se esticou mais no colo do seu mestre até ficar de barriga para cima e olhando ele com a cabeça em seu colo. Can tinha seu sorriso paterno comum nos lábios e leve preocupação nos olhos. Jili podia ouvir sempre seus pensamentos se quisesse, mas normalmente mantinha o canal no mudo por respeito. Ele sabia que tinha infinitos poderes, mas só os usava em necessidade.