Mantenha Distância

capítulo 22: ruídos suspeitos

— Seu idiota! Como pode fazer isso? — exclamo. — Eu te odeio e...

Em um momento eu estou explodindo com Brandon e no próximo estou contra a porta fechada de uma das cabines, com meus dois braços presos.

Meu coração está prestes a saltar pela boca com nossa proximidade, e o olhar intenso de Brandon recai sobre meus lábios tensos.

— Jéssica, não dá pra acreditar nessa sua história de que aquela noite não foi nada para você. Não consigo engolir tudo isso. Eu vi como você ficou quando me sentiu dentro de você, como gemeu meu nome e disse que era minha.

— Eu estava muito bêbada. — minto. Confesso que no calor do momento, nem do álcool eu lembrei. Minhas emoções falaram mais alto e só me lancei de cabeça.

— Vai culpar o álcool agora, é isso?

— Só estou mostrando os fatos.

— Falsos, certo? Pode dizer o que quiser, mas eu percebi como você se sentiu. E foi tudo, menos torturada.

— Brandon... — nossos lábios estão tão próximos agora.

E enquanto ele gritava eu pude perceber o quanto ele fica sexy assim. Nunca vi Brandon soar magoado ou indignado em nossas discussões. Ele geralmente agia de formas variadas, menos como a vítima da história. Sua atitude mais comum seria me ridicularizar por eu ter me entregado tão fácil ou simplesmente me lançar um daqueles olhares sarcásticos e indiferentes de sempre.

— Você pode repetir? — sussurra, soltando minhas mãos lentamente. Eu posso muito bem empurrá-lo e sair desse banheiro. A chave da entrada principal está na porta e seria bem fácil escapar, mas...

Porque minhas pernas viraram gelatina? Não tenho outra reação além de encarar seus lábios convidativos, que quase imploram por...

O que você está pensando, Jéssica? Não seja trouxa!

— Repetir o quê? — aperto a toalha contra meu corpo.

— Meu nome.

— Brandon, você é...

E seus lábios capturam os meus em um beijo alucinante.

Pega totalmente de surpresa e com as emoções a mil, permaneço no mesmo estado por alguns segundos, ou seja, parada como uma estátua.

Quando finalmente desperto do choque, percebo que meus lábios estão se movendo juntos com os dele. O beijo está tão bom que minha vontade é só prolongá-lo o máximo que puder. O toque de Brandon faz algo comigo. Algo que coloca meu corpo em brasa instantaneamente. Algo que não dá pra explicar com poucas palavras, porque é muito além de incrível.

Mas a realidade é outra.

E não envolve ficar de agarramento com seu ex-carrasco.

Eu o empurro levemente, sentindo meus lábios inchados pelo beijo e percebendo o seu olhar ainda atordoado. É estranho vê-lo assim tão vulnerável. Eu quase posso acreditar que ele tem sentimentos... por mim. Sentimentos que vão muito além do ódio.

— Brandon, não podemos. — digo relutantemente, ainda sem fôlego depois do beijo de arrepiar. E é uma tortura dizer o que acabei de dizer, mas preciso me controlar. Preciso fazer isso pela minha própria sanidade.

— Eu sei. — murmura, olhando para longe. — E você tem todos os motivos para me querer longe, certo? — volta a olhar em meus olhos.

— Sim. — não hesito em responder. — Tenho muitos motivos.

— Sei disso. Confesso que te magoei, Jéssica. Sinto muito. — acaricia minha bochecha com o polegar.

Vejo tantas emoções em seus olhos que fica até difícil racionar como alguém normal.

Franzo o cenho.

— Será que sente mesmo?

— Sim. Merda, como sinto. — respira fundo, voltando a encarar meus lábios. — Eu não vou te pressionar. Você só precisa dizer as palavras e eu vou sumir daqui e te deixar em paz. Apenas precisa me mandar embora, e... — suspira audivelmente. — Eu irei. Só me resta obedecer e manter distância. Mas se você me deixar ficar...

— Você vai fazer o quê?

— Eu vou te beijar até você perder os sentidos.

Meu coração erra as batidas com sua frase recheada de promessas.

Eu só tenho que dizer as palavras.

Seja breve, Jéssica. Não é hora de agir como uma covarde, sua idiota! Brandon não tem influência sobre suas emoções. Vamos! Mande-o sair de sua vida.

— Você só precisa dizer, Jéssica. Sem pressão. — Brandon murmura um pouco ansioso.

Ele continua tão perto; tão irresistível que...

— Fique! — sei que vou me arrepender depois. Sei que isso pode ser a maior burrada da minha vida, mas esse fato deixa de ter importância quando vejo o sorriso que surge no rosto dele. É de tirar o fôlego. Não sarcástico, mas satisfeito; extremamente feliz com minha resposta. — Só mais um pouco. E depois você pode ir.

Só mais um beijo.

E meu pedido secreto é atendido quando seus lábios tomam os meus outra vez. E dessa vez é um beijo muito mais profundo que o anterior, muito mais desesperado; de ambos os lados. Somos dois adolescentes com os sentimentos no pico e cheios de desejo um pelo outro.

Eu o amo.

— Não, você não o ama. — meu subconsciente tenta me convencer. — Isso é apenas um momento. Incrível, mas apenas um episódio que vai te marcar para sempre, Jéssica. Apenas aproveite enquanto durar.

— Oh, Brandon. — suspiro quando sua boca decide explorar meu pescoço. Ele beija a área com força suficiente para eu saber que ficará uma marca, e logo depois volta a atacar meus lábios.

Depois de minutos, Brandon está prestes a retirar minha toalha, mas eu o impeço. Ao ver o seu olhar torturado, eu quase o deixo prosseguir, mas consigo me controlar a tempo.

— Sem proteção não dá. E seria estranho fazermos isso aqui. — murmuro, nervosa, mas muito excitada.

— Caralho! — resmunga, passando a mão no cabelo. Ele parece tão frustrado. — Mas você tem razão. E estou sem camisinha aqui.

Beijo seu maxilar bonito.

— E agora?

— Tem como eu ir para o seu quarto essa noite? Posso escalar a janela. Sei onde você mora.

— Como sabe? — estou surpresa com a revelação.

— Te segui até lá uma vez. — diz meio culpado. — Você não percebeu.

— Ah. — é a única coisa que consigo dizer diante da sua atitude aparentemente perseguidora. — Há uma árvore próxima a minha janela. Você pode escalar por lá. Só tenta não acordar minha mãe. Ela tem o sono leve.

— Ok, linda. — beija meus lábios e eu retribuo em êxtase. É tão fácil esquecer tudo o que passei quando estou nos braços dele; quando Brandon está sendo tão gentil comigo. — Eu vou te ver hoje à noite. E você será minha outra vez. – sussurra em meu ouvido, me causando arrepios por todo o corpo.