SCARLET (Sol da meia-noite #2)

CAPÍTULO 17

No segundo seguinte, eu não ouço mais nada na linha e começo a me preocupar com a demora da resposta até que a voz da minha mãe me atinge.

— Como assim companheiro?

— Ué mãe, como a senhora acha? – Eu pergunto de volta, mas paro quando noto o meu tom. Sem sarcasmo, Scar. —Bem, foi uma surpresa para mim também. Para nós dois na verdade.

— Como assim?

— Nem ele e nem eu esperávamos isso, mamãe.

— Filha... você está aí não mais de um mês e alguns dias e está me falando que não esperava por isso quando já está acasalada? – Minha mãe pergunta com cuidado e eu percebo como tudo parece meio idiota.

— As vezes parece que a gente demorou muito mais para finalmente aceitar isso. Ainda mais eu.

— Entendo. Mas me conte, como ele é? O que ele faz? Queremos conhecê-lo! Tenho certeza que seu pai e o Nicolas ficaram felizes de terem essa união nas matilhas.

— Bem mãe, ele é o Nicolas.

— Ele quem?

— Meu companheiro. Meu companheiro é o Nicolas Valente.

O silêncio que se segue me preocupa novamente. Caramba, o que estava acontecendo?

— Oi amiga, eu tive que pegar o telefone porque seus pais estão em choque completo e seu irmão parece que vai vomitar. – Minha melhor amiga me diz.

Eu bufo.

Clássico da minha família.

— Que bom que ainda posso chocar todo mundo mesmo de longe.

— Que bom que você está bem e falando como a velha Scar. Eu senti sua falta.

Eu sorrio com isso. Eu sentia tanta falta da minha melhor amiga, tanta falta da minha família.

— E eu sinto a falta de vocês. E quero sim que vocês venham aqui para conhecê-lo. Vão gostar dele e da filha incrível dele.

— Eu tenho certeza disso. Tenha um pouco de paciência que depois que seus pais assimilarem bem tudo isso, vamos marcar esse encontro. Bem, talvez seu irmão dê um piti, mas isso é dele já. - Ela ri no final e eu acabo rindo com ela.

— Tenho certeza disso.

Termino a ligação com um sorriso no rosto e o coração quente de que fiz a coisa certa.

E quando eu me viro para voltar para cama, e encaro meu companheiro sorrindo para mim, eu sei ainda mais que tomei a decisão certa.

*

— Que bom que sobrou bastante coisa da cesta. Eu estava com tanta fome. – Eu digo depois de mastigar um pedaço de torrada com geleia.

— Ontem nos concentramos em outras coisas além de comer. – Ele sorri para mim antes de pegar mais pedaços de uva e beija o topo da minha cabeça.

Tínhamos descido um pouco depois do telefonema dos meus pais. Nicolas estava com suas calças e descalço, e eu de calcinha e com a sua camisa.

Nunca tive problemas de nudez ou com o meu corpo. Nunca fui tímida. Sempre soube que tinha um corpo diferente das outras lobas, mas nunca fui ensinada a rejeitar isso, pelo contrário. Ser diferente era o que eu mais me orgulhava. Eu era o meu próprio tipo.

Estávamos sentados no chão. Nicolas afastou a mesa de centro e sentados em um piquenique improvisado.

Ficamos conversando sobre pequenas coisas. Cores favoritas, filmes, livros, técnicas de combate e outras coisas amenas. Não entramos em tópicos mais complicados, como ... a sua ex. Ou o fato de que agora estamos presos para toda a eternidade.

E foi bom. Foi tão bom que quando sentimos o cheiro do Romeu na porta, eu quase quis gemer de chateação.

Sério. Não tínhamos nem uma horinha para nós mesmos.

Eu subi rapidamente para colocar uma roupa decente e devolver a blusa do Nicolas enquanto ele arrumava tudo lá embaixo.

Eu já conseguia ouvir os dois lá embaixo, Romeu dizendo que tinha algo urgente e Nicolas falando que agora não dava.

Meu coração ficou quentinho ao ouvir isso, saber que ele atrasaria seus compromissos por mim. Mas sabia que os deveres da alcateia também eram importantes.

— Vamos. – Disse assim que desci as escadas, jogando a blusa para Nicolas.

Romeu fareja o ar e ele sorri rapidamente antes de voltar com o rosto sério.

— É urgente, eu não viria aqui e estragaria a manhã de vocês se não fosse sério e urgente.

— Diz logo o que é, então.

Romeu desvia seus olhos para mim antes de encarar o alfa e parece resignado ao falar, e quando fala, eu sei que as coisas vão ficar cada vez mais problemáticas agora.

— A mãe da Lua, ela está aqui.

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