Meses depois numa manhã de sol a rainha deu à luz a uma criança saudável, porém suas aias se assustaram. A criança tinha pequenos chifres e a cor de sua pele era verde! Assustadas, elas chamaram o rei, que por sua vez chamou as três fadas.
- Consertem meu bebê – ele implorou. – Minha linhagem não pode seguir com essa aberração!
- Não sei se é possível – comentou de maneira insegura, Flora.
- Se não for possível livrem-se do bebê e eu direi a rainha que ele nasceu morto. Podemos tentar novamente por uma criança normal – disse num tom frio.
- Mas majestade... – assustou-se Fauna.
- Consertem essa coisa! – insistiu ele e saiu batendo as portas. A rainha exausta do parto, dormia enquanto as fadas tentavam criar feitiços para clarear a pele da criança e se livrar dos chifres.
- Olha, Primavera, a pele está ficando rosada como de um recém-nascido normal – animaram-se as três. O primeiro feitiço foi concluído com sucesso. O segundo, nem tanto. Era como se alguma coisa não quisesse que elas fizessem isso. Cada vez que tentavam diminuir os chifres, a criança chorava copiosamente como se estivesse sentindo dor.
- Não podemos fazer isso. Estamos torturando essa pobrezinha! – lamentou Fauna.
Por um momento não souberam como agir, afinal não poderiam permitir que o rei sacrificasse uma criança inocente simplesmente por ter nascido diferente do esperado. Então uma nova informação muda tudo: uma das aias pediu que elas fossem rápidas pois precisavam ajudar no parto de uma viúva da vila. A moça tinha perdido o marido a pouco e agora estava em um parto difícil, a criança estava virada e não queria sair. Somente mágica poderia ajuda-la.
- Sua Majestade, ainda não terminamos nossos feitiços para consertar sua criança, mas precisamos atender um chamado urgente. Podemos levar o seu bebê conosco?
- É claro, só me tragam de volta se ela não tiver essas coisas horrendas na cabeça – insistiu ele.
As fadas assentiram e levaram a criança real para a casa onde uma mulher fraca tentava parir sem sucesso. As fadas uniram as mãos em torno dela e fizeram o bebê virar-se na barriga ajudando com força mágica que ele saísse. A criança nasceu saudável e com belos cabelos dourados como os da mãe que jazia na cama completamente pálida.
- É uma bela menina – empolgaram-se as três.
- Cuidem dela – suplicou a mãe, segundos antes de fechar para sempre seus olhos.
Ali estavam elas com dois bebês recém nascidos: um recém-órfão e um rejeitado por ser diferente. As três estavam pensando a mesma coisa, mas não, não era certo fazer isso.
- Não podemos trocar os bebês! – verbalizou Flora.
- Uma delas vai acabar abandonada de qualquer maneira e uma delas tem chance de ser uma princesa – lembrou Fauna.
- O rei vai perceber que não é a mesma criança! Esta tem cabelos dourados e a criança real tem cabelos escuros – lembrou Primavera.
- Basta dizer que o cabelo clareou com o feitiço para livra-la dos chifres. Ele não tem como saber a verdade – sugeriu Fauna.
- Mas e o que faremos com essa outra pobre criança? – questionou Flora com tristeza.
- Deixamos na roda dos enjeitados no convento. As freiras cuidarão dela. Ela com certeza estará mais segura que no palácio – garantiu Primavera.
E assim o fizeram. A pequena órfã voltou para o palácio e a pequena princesa com chifres foi deixada no convento. As três fadas levariam para o túmulo este segredo.
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CONTO VENCEDOR 3# LUGAR REWIND THE CLASSICS - Duas Princesas
Short StoryUma releitura de "A bela adormecida". A rainha Leah não consegue engravidar então resolve fazer um pacto com uma criatura sinistra. Depois de dar a luz a uma princesa saudável ela não cumpre sua parte no trato resultando em consequências drásticas. ...