Apesar de, na teoria, ser uma festa adolescente, o parabéns ainda parecia infantil. E só piorou quando, para o horror dos outros convidados, Hoseok puxou Yoongi e Jimin para ficarem do seu lado da mesa; aquela posição nobre e de prestígio que só alguém muito próximo poderia ter. Um silêncio ameaçou a aparecer, porém foi interrompido pelo Hoseok começando a cantar o seu próprio parabéns, prontamente acompanhado pelo resto da festa.

Tanto Jimin quanto Yoongi ficaram assistindo Hoseok entre eles, estupefatos, antes de sorrirem, tímidos. Começaram a cantar e bater palmas também. Hoseok era o tipo de pessoa especial que gostava de fazer com que quem lhe era precioso se sentisse igualmente especial.

O final da música foi seguido por confetes e uma fila ordeira para receber um pedaço do bolo que o anfitrião — um pouco cansado de ser um porque queria farrear e conversar —, começou a cortar. Já que estavam daquele lado da mesa, Jimin e Yoongi começaram a ajudar também, sendo observados pelo resto dos convidados com um certo encanto assombrado, como se fossem animais que aprenderam a falar.

Como Jimin tinha jeito para a coisa, acabou assumindo o papel de cortar o bolo e colocar no prato. Sempre com muita destreza; o corte tão perfeito que parecia feito por um samurai. Samurai de bolo. Hoseok e Yoongi contentaram-se com a tarefa de, respectivamente, espetar o garfo no bolo e entregá-lo junto a um guardanapo.

Quando a fila finalmente acabou, os três pegaram suas fatias e procuraram um canto para comer. Hoseok finalmente libertara-se de qualquer responsabilidade além de ficar acordado até a última pessoa ir embora. Sentaram no chão, perto de um dos lados da parede circular da sala-de-estar esquisita e começaram a rir, como se os três fossem amigos de longa data que passavam o dia inteiro juntos.

Jimin notou o quanto Hoseok segurava-se com Yoongi, que, em teoria, não queria se assumir por vergonha. A mão volta e meia buscava a do outro, porém transformava o movimento em alguma gracinha boba. Volta e meia se inclinava na direção dele, e Jimin respirava fundo, sabendo que seria um beijo se Hoseok não se lembrasse que não podia beijá-lo sem ser a sós e recuasse. Queria, muito, ser o astro que atraía Hoseok daquele jeito, como o sol fazia com os planetas. Queria ser alvo daquelas tentativas frustradas, ser fonte daquela gravidade que fazia com que Hoseok sempre se aproximasse. Era uma tortura assistir.

Porque Hoseok era do tipo gentil que fitava a todos com doçura. O olhar dele sempre derreteu Jimin de carinho, em todos os momentos de sua vida, mas era clara a camada diferente de brilho no olhar quando este era direcionado ao Yoongi. Hoseok era tão apaixonado por Yoongi que doía em Jimin observar, mesmo que não quisesse ter aquele sentimento. Não queria carregar tristeza em olhar duas pessoas cuja presença não fazia com que se sentisse errado como a dos outros.

E, se em algum momento o carinho de Hoseok pareceu unilateral, um asteroide sendo atraído pela gravidade, foi pela própria cegueira de Jimin, causada pelos olhos que sempre ansiavam em enquadrar a beleza de quem era apaixonado. Hoseok e Yoongi eram ímãs. Atraíam-se na mesma proporção e força antes de se lembrarem da situação e conterem-se. E, toda vez, Yoongi erguia um olhar culpado em direção ao Jimin.

Pelo pouco que conheceu do garoto de cabelo cor de rosa, sabia que, racionalmente, ele não veria nada de errado nos dois demonstrando o carinho que tinham um pelo outro. Eram namorados e tinha chegado atrasado; não poderia culpar a paixão alheia. Porém, ao mesmo tempo, o racional não importava muito naquele caso. E se Yoongi sentia seu peito pesar, aflito, com as interações entre Hoseok e Jimin, sendo que ele mesmo era dono do final feliz, não poderia nem imaginar o que os toques entre ele e Hoseok causavam no peito alheio.

— Hobi... — Yoongi chamou quando o assunto entre os três minguara e os pratos de bolo vazio empilhavam-se em um canto do chão. Estremeceu de paixão quando os olhos castanhos e atentos foram direcionados ao seu rosto. Queria beijá-lo. — Vou usar o banheiro dos seus pais, tá?

Uma suposta facção de balé • jikookWhere stories live. Discover now