Quando me cativaste tanto?

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A sensação do tempo passar mais rápido quando estamos ocupados era uma das verdades mais verídicas da vida. Nathaniel só obteve uma noção de quantas horas estavam lutando quando o Sol os agraciou com sua calorosa presença e um estrondoso grito de "recuem" do último escocês corajoso que restara.

Haviam pelo menos quinze corpos no chão, alguns vivos, já outros não tiveram a mesma sorte. Ian fora responsável pela maioria dos homens derrotados, mas Nathaniel não ficara muito atrás. Até ele estava impressionado com o seu desempenho na noite passada.

Mal se lembrava o que realmente acontecera, apenas recordava da sensação de Ise segurando sua camisa antes de ir, seu desespero pela perseguição e a forma que seus olhos escuros o fitaram quando se despediram. Estavam intensos, com uma vulnerabilidade não costumeira e algo a mais que ele não conseguiu identificar.

- Vocês estão bem? - Indagou Wallace quando o último homem fugiu.

Estavam todos exaustos, sujos e feridos.

- Algumas flechadas de raspão, mas nada sério. - Respondeu Nathaniel enquanto sentava no chão tentando recuperar suas forças.

Ian praticamente caira ao lado do inglês sem conseguir responder. Wallace se apressou para perto dos amigos.

- Ian? - O deitou virado para cima.

- Estou bem, apenas me deixe descansar um pouco.... - Pediu e fechou os olhos.

Nathaniel e Wallace o olharam preocupados.

- Você está vivo? - O inglês o cutucou no peito.

- Sim, mas se tocar em mim de novo quem não estará vivo é você. Acabamos de lutar a noite inteira, meu corpo dói tanto que mal consigo falar. - Murmurou.

- Ameaçando as pessoas de morte logo de manhã. - Wallace ignorou a ameaça e o cutucou na cabeça - Ian ficará bem, não se preocupe.

- Você está ferido? - Colocou a mão sobre o ombro do mais velho.

- Apenas arranhões. Vocês crianças parecem mais machucados que eu. - A típica expressão neutra mudou para um leve sorriso de lado sem mostrar os dentes - Você parecia fora de si durante a luta.

Nathaniel deixou o corpo pender para trás, deitando no chão. Fechou os olhos e aproveitou o calor do Sol invadindo a floresta, o iluminando e aquecendo ao mesmo tempo.

Sorriu ao se lembrar do olhar de Ise no dia que pedira para que a treinasse. Havia fogo neles, um calor e uma força que equivaliam ao Sol nascendo e tocando tudo sem pedir permissão.

- Eu não sei o que aconteceu direito ontem. Lembro que cheguei correndo e já comecei a atirar. Você e Ian estavam atrás de um tronco grosso, atirando e se protegendo. - Começava a se recordar aos poucos - Tinha um barulho alto de balas, depois flechas e.... Não sei ao certo quando começamos a lutar corpo a corpo...

- Eu tentava falar com você, mas não estava escutando. Atirava com tanta raiva que não parecia você. Derrubou quase tantos quanto Ian. - Se juntou a Nathaniel no chão - Você se importa muito com ela. - Não era uma pergunta. Era uma afirmação.

- Tem como não se importar? Lady Longman é muito...

Teimosa? Inteligente? Divertida? Atenciosa? Forte?

Ele não sabia qual adjetivo dar a ela.

Desde o início havia uma certa conexão entre eles por suas situações parecidas, mas não imaginava que iria se importar tanto com ela. Sua teimosia o deixava louco, sua força o impressionava, a risada dela o alegrava e suas conversas eram sempre o ponto alto de seu dia.

O Príncipe PerdidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora