Devolvo o celular a ela, pego o meu e, como se sentisse que o peguei, começam a aparecer muitas notificações. A foto do meu irmão do nada estampa a tela inteira, tentando iniciar uma chamada de vídeo. Ignoro sua ligação e volto a olhar Kath.

— Kath, relaxa. Tudo bem? Não é a primeira vez que sai uma notícia que fale eu estou me envolvendo com uma cliente sem eu de fato estar me envolvendo — seu olhar demonstra surpresa ao me ouvir. Me arrependo das palavras assim que elas saem da minha boca, pois, por mais que não sejam mentiras, sei que pareceu grosseiro e, isso com certeza, não é a minha intenção. — Não foi isso que eu quis dizer... — fecho os olhos e suspiro, desistindo de me justificar de algo que nem sei porque cogitei justificar.

— Eu entendi, Noah. Não temos nada, e ontem foi só um beijo! Já havíamos bebido e não significou nada. Não pense que vou ficar te perturbando ou que algo irá mudar — me responde de forma fria e isso me incomoda. Trinco o maxilar e opto por ficar calado, porque o que ela falou é verdade. Ou pelo menos deveria ser. Mas, explique isso ao incomodo que estou sentindo por suas palavras. — Obrigada por não me levar para minha casa, lá deve estar um caos. Vou mandar mensagem para o porteiro e pedir para que ele me avise assim que tudo ficar mais calmo e vou embora — seu tom de voz já voltou a ser o mesmo, o que eu gosto.

Kath sai do carro e bate à porta. Se encosta no capô do mesmo e continua olhando seu celular. Consigo sentir de longe a sua frustação, mas farei minha parte para ajudá-la nisso também.

Fico olhando para ela de dentro do carro por um tempo e depois saio, indo em direção a porta, ainda sem acreditar na reviravolta do dia. Era apenas para ser um almoço amigável, tranquilo; se tudo desse certo, eu a deixaria em casa e talvez, só talvez, tentasse ganhar um outro beijo dela.

Coloco meu dedo no visor digital da maçaneta, a porta abre e me viro para Kath, chamando-a para entrar. Ela faz um sinal que logo vem e se vira para o outro lado, para atender o telefone. Observo-a de longe, e mais uma vez fico encantado com a sua beleza. Começo a achar que foi uma furada trazê-la aqui. Vou preciso de muita força de vontade para não a beijar.

Sabe o que é pior? Eu não quero ter essa força de vontade.

As luzes do hall de entrada se ascendem assim que entro. Deixo meu calçado e carteira por ali e sigo para a sala. Minha casa é composta por dois andares, sendo o primeiro com a cozinha, a sala de tv, dois banheiros sociais, um escritório, que também é uma pequena biblioteca, e a sala de jogos. O segundo andar tem o meu quarto e mais outros dois, além de um banheiro social. No quintal dos fundos tem a piscina, uma quadra de basquete, uma pequena academia e a área da churrasqueira.

Essa casa me custou os dois rins, mas a minha mãe me ajudou na hora da compra e conseguiu me convencer que preciso de uma casa grande para suportar bem a minha futura esposa e filhos. Foi mais fácil aceitar no final das contas, porque ela sempre consegue o que quer de um jeito ou de outro. A decoração toda em branco e cimento queimado também foi por conta dela, mas confesso que eu amo cada cantinho do meu lar.

Escuto a porta fechar e cruzo os braços, admirando Kath enquanto ela faz o mesmo em minha casa. Kathllen é extremamente linda e parece que tudo nela mexe comigo; não tenho certeza se é apenas a sua aparência que me atrai atualmente. Seu shortinho abraça seu quadril e bumbum avantajados, sua blusa curtinha deixa boa parte da barriga a mostra, e toda hora que olho para aquela parte, sinto vontade de tocar para ver se é tão macia como as outras partes do seu corpo que já toquei.

— Sua casa é linda! E, eu estou com a sensação que sempre falo isso de algo seu — caminha até a janela grande que dá para o quintal, que fica iluminado a noite, e aponta para fora e depois para mim, com um sorriso curioso. — Isso é incrível, Noah. Em uma das casas que comprei como investimento, tinha um quintal muito parecido com esse e, sempre que sonhei em ter uma casa em vez de um apartamento, imaginava com um quintal assim — volta a olhar para fora, admirada. Envio mentalmente a minha mãe vários elogios por ter insistido tanto em uma casa assim, me sentindo feliz pela admiração dela por algo que é meu.

Mistaken (FINALIZADO)Where stories live. Discover now