Capítulo 1

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A manhã do meus 17 anos finalmente chegou, e por incrível que pareça, eu não achava isso nenhum mar de rosas.

A partir de hoje, eu tenho 12 meses para decidir o meu futuro. Eu tenho apenas 365 dias pra escolher se vou ficar nessa lugar de merda e receber um olhar de desgosto da minha mãe pelo resto da vida, ou conseguir uma bolsa de estudos e nunca mais voltar para esse lugar.

Sei que parece uma escolha muito simples, mas tem um pequeno probleminha.

Eu não quero ir.

É burrice, eu sei. Pelo menos, é o que minha mãe faz questão de falar todo santo dia.

Minha mãe não é nenhum mostro de 7 cabeças, muito pelo contrário, ela sabe ser bem agradável na maior parte do tempo. Ela só é um pouco rigorosa...às vezes.
 
Não sou a garota mais inteligente do mundo, pra ser mais exata, estou bem longe disso. Mas sei que com um pouquinho de esforço, eu conseguiria uma bolsa de estudos.

Eu entendo a preocupação e a cobrança da minha mãe. Ela me criou sozinha, sem apoio de ninguém. Meu pai foi embora quando eu tinha 8 anos, e desde então, nunca mais o vi. Ele até que era um pai legal até meus 6 anos, mas depois que perdeu o emprego, virou um bêbado e agressor de merda.

O único dos meus amigos que sabe do meu pai, é o John B. Ele é como se fosse um irmão mais velho, conheço ele desde sempre. Foi ele que me ajudou quando as meninas mais velhas me derrubaram na rua, e eu ralei os joelhos, era bem melhor deixar minha mãe de fora, ela com certeza iria na escola e reclamaria com a direção. Eu também o ajudei quando ele se envolveu na sua primeira briga, quando tinha 12 anos.

Conhecemos JJ com 11 anos, quando ele puxou meu rabo de cavalo na praia, enquanto eu procurava conchinhas. O Pope participou do nosso grupo de um trabalho no 8° ano, e então, nosso gênio gato se juntou ao grupo.

Para comerar nossa ida para o ensino médio, decidimos ir à um restaurante. Depois que o John B derrubou meu hambúrguer no chão e começamos a brigar, Kiara nos mandou calar a boca, e foi assim que conheci minha melhor amiga.

Esses são meus melhores amigos, minha família e um dos grandes motivos para que eu não queira sair de Outer Banks.

— Katherine! Espero que já esteja acordada. — fui tirada dos meus pensamentos com um grito da minha mãe. Eu não era muito fã do meu nome, era tão formal, só minha mãe me chamava assim.

Bufei e levantei da cama devagar, sem muita animação. Chego a duvidar que minha mãe lembre que hoje é meu aniversário, ela anda ocupada nas últimas semanas. Com o começo do verão, a loja de roupas onde ela trabalha fica lotada, e isso é bom.

Após um banho rápido, caminhei até a cozinha com passos lentos e arrastados, ainda tentando me preparar psicologicamente para mais um dia. Minha mãe estava sentada em uma das cadeiras, tomando seu café e lendo o jornal.

— Bom dia, mãe. — murmurei, com dúvida. Ela pareceu se assustar com minha chegada, largando o jornal de forma brusca.

A mulher deu mais um gole em seu café e levantou, caminhando em minha direção. Ao chegar, jogou o braços em torno de meu corpo, em um abraço pesado.

— Parabéns, querida! - exclamou, animada.

Dei um sorriso como agradecimento e me sentei. Toda manhã, minha mãe deixava uma xícara de café pronta para mim. Sempre prestei atenção em detalhes idiotas, e esse era um dos meus preferidos.

— Então... —  ah, não. Vai começar. — 17 anos, né? Uma ótima idade para decidir o que vai fazer de faculdade. — ela tentou puxar assunto, sem desviar o olhar do jornal.

— Olha só, já são 8:15! — levantei rapidamente, pegando minha mochila. — Não quero me atrasar. Heyward ficaria uma fera, né? — dei a pior desculpa do mundo, enquanto caminhava até a porta.

— Seu turno só começa em 45 minutos, Katherine.

— Tchau, mãe. Te amo pra caralho. — Gritei saindo de casa. Arrumei minha mochila no ombro, enquanto fechava a porta.

— Para de falar palavrão, garota.  — foi a última coisa que escutei ela falar. Sussurrei um "ufa" para mim mesma, caminhando até a calçada. Eu ganhei um pouco de tempo para planejar uma desculpa sobr esse assunto.

Pensei em passar na casa de John B antes do trabalho, mas lembrei que ele e o JJ saíram com umas garotas ontem à noite. Melhor deixar ele dormir, deve estar cansado de mais um encontro forçado pelo JJ.

Cheguei no trabalho 8:30. Tenho certeza que Heyward não vai reclamar de eu chegar antes, modéstia à parte, ele me adora. Já faz 8 meses que eu trabalho meio período, ajudando no estoque e nas entregas com Pope.

Caminhei até o Pope, que conversava com o pai. Chegando lá, dei um tapa em seu boné e o mesmo se virou em minha direção com um sorriso no rosto.

— Feliz aniversário, Kat. — Pope me abraçou forte, me tirando do chão por poucos segundos. — Perai, meu pai não tinha te dado folga? — ele perguntou, me soltando do abraço.

— E eu dei! Nem sei o que essa menina tá fazendo aqui. — Heyward me interrompeu, dando risada.

— Eu disse que não precisava de um dia de folga, não tenho nada para fazer em casa. — falei rapidamente, dando um sorriso para ele. — E Então? O que eu tenho para fazer aqui?

— Pode vir comigo fazer algumas entregas se quiser. — Pope falou entrando no barco.

— Perfeito! — entrei no barco com ajuda de Pope e levei meu olhar para Heyward. — Tchau, chefe.

— Cuidado e sem aprontar.

Fizemos entregas no lado sul da ilha, enquanto isso, criamos teorias de como tinha sido o "encontro" duplo de JJ e John B e falamos sobre o livro que Pope estava lendo.

— John B me mandou mensagem, vamos em uma festa hoje. — Pope disse olhando para o celular.

— E quem disse que eu vou?

— John B e JJ sabem ser bem insistentes. — o garoto falou com deboche.
 
— Você tem razão. — revirei os olhos, enquanto dava risada.

 
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𝙎𝙐𝙉𝙉𝙔 - 𝙍𝙖𝙛𝙚 𝘾𝙖𝙢𝙚𝙧𝙤𝙣 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora