—Chata para carai em — bufou.

Olhei para ele que estava com uma calça de moletom e uma regata cinza que deixava seus braços tatuados e uma parte do seu peito a mostra. Foi então que percebi que ele tinha tomado banho e eu ainda estava suja.

—Já que eu vou dormir aqui — falei baixo chamando a sua atenção — Tem como eu tomar um banho?

Ele concordou com a cabeça e abriu seu armário tirando dela uma toalha branca, uma camiseta preta e uma cueca que parecia novinha.

—Pode tomar banho aqui — Apontou para o seu banheiro — Eu vou dormir.

Olhei ele se jogar na cama com a bunda para cima, e que bunda meus amigos.

—Onde eu vou dormir?

—Onde mais seria? — me olhou com tédio — Aqui comigo ue, não disse que tem medo dos trovões?

—Posso dormir em outro lugar, não me importo.

—Você já dormiu comigo antes Beatriz, qual o problema dormir agora?

—Não quero incomodar — Murmurei.

—Você nunca incomoda.

Ele enterrou seu rosto no travesseiro e eu entrei no banheiro, cheiroso e organizado. Incrível como o perfume daquele cigarro pode ficar impregnando em todo lugar.

Tranquei a porta e liguei o chuveiro, a água quente caiu na minha pele. Pobre não é acostumado com essas coisas, eu já estava planejando não ligar o chuveiro todo, assim a água saia quente.

Terminei meu banho e vesti a roupa que Leonardo me deu. Por curiosidade abri uma das gavetas do armário e encontrei três escovas novas, achei que só em fic e filme existia escovas novinhas a disposição.

Sai do Banheiro e percebi que Leonardo estava na mesma posição, mas batia as pontas dos dedos no colchão, parecia inquieto com alguma coisa.

—E o seu pai? — Perguntei encostada na porta.

—Só chegam daqui a dois dias, eu quase não vejo ele em casa — Respondeu ainda sem me olhar.

Fiquei com um aperto no peito, Leonardo passava uma impressão de vazio. Meu pai não é a melhor companhia do mundo, mas não me imagino naquela casa sozinha. Imagina o Leonardo nesse casarão.

—Está nervoso?

Ele parou de bater os dedos e virou o rosto para me olhar, senti seus olhos passearem por todo o meu corpo.

—Sim — disse por fim.

—Com o que?

—Como não ficar nervoso sabendo que tem uma mulher do caralho tomando banho no meu banheiro?

Me senti desbucetada.

Suspirei tentando manter a calma e caminhei lentamente até ele, me sentei na sua cama apoiando minhas costas na sua barriga.

—Não muda de assunto, quer me contar o que realmente está acontecendo?

Conhecia o Leonardo a pouco tempo, mas já era tempo suficiente para saber que ele tem dificuldade de dizer o que sente, e sempre vai levar a conversa para um caminho totalmente diferente.

—Se você não estivesse aqui agora, eu estaria sozinho — sorriu fraco — Parece bobagem, mas não é legal ficar sozinho todos os dias.

Ele encarava tudo, menos o meu rosto.

—Quer um abraço?

—Não — Fez careta — Eu só quero dormir mesmo.

—Por favor — fiz bico — Só um abraço leo.

Só por uma noiteWhere stories live. Discover now