Capítulo 2 - O Vazio

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— KARA!!

Alex estava paralisada.

— Kara, você me ouve? Kara! Pelo amor de Deus, me responda!

Suas pernas ainda tremiam e ela poderia cair a qualquer momento, mas correu até o local da explosão com os agentes que a acompanhavam.

Kara voltou a si após alguns segundos em que ficou paralisada olhando com horror para aquela bola de fogo subindo pelos ares. Não conseguia nem respirar com o pavor que apertava seu peito como uma enorme mão de aço. Escutava Alex chamando na escuta, cada vez mais aflita, mas não tinha voz para falar, não conseguia raciocinar de pânico. A única coisa que sentia era um terror que tomava conta de todo o seu corpo a fazendo tremer dos pés a cabeça pensando em Lena. Lena estava naqueles escombros!

Sem pensar em mais nada, e como um raio, Kara se aproximou do que restou daquele galpão, reduzido a escombros e soprou todo aquele fogo. "Por favor, Rao, não leve minha Lena. Por favor, por favor!". Alex a chamava quase aos prantos e gritos pelo comunicador, mas Kara não ouvia e nem via mais nada. Alex parou de chamá-la no momento em que viu que o fogo se apagava rapidamente. Deduziu que era Kara e acalmou-se para conseguir pensar e correr até lá para ajudá-la. Aproximando-se viu Kara arremessando pedaços de escombros para todos os lados, sem se preocupar onde cairiam, pedaços de concreto e metais voavam para longe lançados por ela. Só precisava encontrar Lena.

Então a encontrou. Debaixo de uma grande parte da estrutura de cobertura do galpão. Kara ficou congelada e branca de pânico. Lena conseguiu chegar até muito perto da saída, mas a explosão ocorreu antes que ela conseguisse realmente sair em segurança. O deslocamento da massa de ar a arremessou contra a estrutura metálica que sustentava a construção, lançando estilhaços por todos os lados, derrubando todas as paredes e o telhado.

Lena ainda estava fracamente consciente quando seus olhos se encontraram com os de Kara, os belos olhos azuis lacrimosos, tomados de pavor ao vê-la tão machucada daquele jeito. Lena sentia uma dor fria que percorria todo o seu corpo, uma pressão enorme em seu peito e seu ventre, não conseguia respirar direito, pois sentia dor a cada movimento que fazia para respirar. Já estava com a respiração muito curta, a sensação que tinha era como se estivesse se afogando. Kara foi tomada pelo pânico. Queria gritar e sua voz não saía, queria ajudar e não sabia o que fazer. Era como se estivesse sem o controle de seu próprio corpo, como se estivesse fora dele. Lena estava muito ferida, mal respirava. Tinha medo de tocá-la e machucar ainda mais, estava congelada de tanto medo, sem saber como agir. Sem saber como conseguiu fazer aquilo, chamou Alex na escuta, em uma voz quase inaudível:

— Alex... Alex, me ajuda... Lena está muito ferida, muito mesmo. Me ajuda, por favor! Me ajuda...

Kara tremia. Ajoelhou-se ao lado de Lena passando sua visão de raio-x por seu corpo, e então o terror a gelou por inteiro. Estilhaços haviam perfurado os pulmões de Lena, que se enchiam vagarosamente de sangue a cada minuto. Seu coração batia em um ritmo anormal, ferido e lançando sangue por todo o interior de seu corpo, em uma hemorragia que parecia descontrolada. Seu fígado e rins parcialmente esmagados pelo impacto das estruturas que caíram sobre ela. Sua coluna fraturada. Kara ficou lívida como se a vida a tivesse abandonado. Aquele cenário era o pior de todos, mesmo sem ter os conhecimentos médicos necessários para saber a real extensão daquilo tudo.

— Lena, Lena... Alex já está chegando, ela vai te ajudar, ok? Eu sei que vai. Você vai ficar bem, ela vai te curar! 

O desespero cegava Kara, enchia seus olhos de lágrimas, lágrimas que desciam por seu rosto e pingavam nas roupas de Lena. Ela não podia aceitar que tinha falhado, que não tinha conseguido chegar a tempo de tirar Lena dali em segurança. Sua Lena. Sua amada Lena... agora tinha toda a certeza do mundo do que sentia por ela e o medo de perdê-la a sufocava.

Mais Uma ChanceWhere stories live. Discover now