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Florence Francis 

-O que eu fiz?-murmurei quando me dei conta que minha pergunta o afastou.

-Não se preocupe Flor.

-Eu o machuquei.-murmurei.

-Eu não sei, ele guarda muitos segredos de nós.

-Eu preciso me desculpar!-falei subindo as escadas atrás dele, bati e quando fui chamar por seu nome, ele ligou o som e começou a bufar fazendo exercícios. 

-Ele vai ficar bem.-disse Jace quando me viu com a cabeça encostada na porta dele. Jace é tão doce e meigo, ele não merece ser tratado de tal forma, Mary não merece ser tratado de tal forma. 

Quando percebi estava chorando no colo de Jace na cama dele. Eu preciso fazer alguma coisa pra mudar isso. Quando consegui respirar Jace puxou meu cabelo pra trás de meu rosto. Meu telefone tocou. Me levantei do colo de Jace.

-O quê é?-perguntei de cara.

*Onde você está baby?

-Na casa do Jace, estamos digitando o trabalho.

*Você já deveria estar em cas...

-Eu disse que estou fazendo o meu trabalho junto de Jace, quando eu terminar chamo o táxi. 

*Florence você...

Desliguei na cara dele e joguei o telefone na cama. 

-Uau, você quando fica brava, sai de baixo.

-Eu não quis magoar seu irmão, eu quero fazer algo, queria saber o proposito dele, porque eu quero ter um proposito, eu quero fazer algo, não posso ficar de braços cruzados Jace, eu quero estudar pra alguma coisa que me faça mudar o mundo, que me faça mudar nem que seja a vida de alguém. 

-Eu não sei de verdade porque o Nael está fazendo advocacia, ele sempre fala que é pra nos dar uma vida melhor. 

-Eu achava que ele ia me dizer que estava fazendo isso pra lutar por uma causa que pelo visto todos acham perdida.

-Flor...

-Você é meu amigo Jace, fale a verdade, se não achasse que a causa fosse perdida, não tinha tentado me tirar da loja, tinha ficado do meu lado e feito com que todos soubessem que aquela loja era racista. 

-Tem razão!-disse ele deixando uma lágrima cair e eu corri para limpa-la.-Não... não quis te machucar Jace, nossa eu só to ferindo as pessoas que amo porque não to conseguindo controlar o que estou sentindo.

Jace me abraçou e chorou.

-Não me machucou Flor... você está certe, eu . . .  eu quero que você lute por você, por sua causa, e eu não consigo lutar pela minha.-Jace beijou minha cabeça e eu lhe beijei a bochecha segurando suas mãos.

-Vamos lutar juntos Jace, vamos unir nossas forças e lutar por algo maior do que nós.

-O que quer fazer?-perguntou-me.

-Eu não sei, ainda não sei de verdade, mas vamos procurar e encontrar juntos um propósito. 

-Estou com você!-disse ele e meu telefone tocou de novo.

-Aff... minha mãe.

-Atende.

-Oi mãe?

*Que história é essa que vai voltar pra casa quando quiser?

-Quê? eu não disse isso, eu falei que voltava quando terminasse o trabalho...

*Florence Malta Franci ou você volta pra casa agora pra se desculpar com o seu noivo ou ...

-Ou o quê? quem tem que se desculpar é ele por mentir, eu estou fazendo um trabalho importante pra minha faculdade...

*Volte agora pra casa.

Ela desligou o telefone na minha cara. 

-Ai que ódio!

-Vai ter que ir?

-Vou, aquele idiota distorceu o que eu disse pra ele e foi choramingar pra minha mãe.

-Estou com a sensação de que não vou te ver amanhã. 

-Vai sim, estarei aqui e vou trazer a Mary ... se não se importar é claro.

-Não, eu vou ficar feliz se a trouxer.

O táxi buzinou e eu virei os olhos. Jace sorriu e me acompanhou até lá em baixo. A vovó estava na igreja e não pude me despedir. Com pesar entrei no táxi. Não sabia o que me aguardava em casa, mas não era nada bom. Cutuquei uma onça com a vara curta. Cheguei em casa com Kevin sentado do sofá ao lado da minha mãe que lhe acariciava as costas como se ele tivesse sofrendo. Quando me viu ficou de pé.

-Florence...

-Olha, eu já estou com 17 anos e não quero ficar no meio de fofoquinhas e entrigas, Kevin distorceu o que eu falei.

-Você parecia revoltada comigo. - acusou-me ele.

-Eu estava revoltada porque meu amigo e eu passamos por um ato racista e eu não suportei o que aconteceu com ele.

-Seu "amigo" é negro?

-Sim ele é negro e um segurança nos abordou como se ele tivesse me fazendo mal.

-Óbvio o que esperava?

-Esperava não ter passado por isso.

-Ele é negro, se andar com ele na rua vai passar por muito mais! - disse ela.

-Eu não posso deixar isso acontecer...

-E vai fazer o quê?

-Eu ainda não sei, mas não vou ficar sentada só olhando.

-Não vai fazer nada porque isso não é uma causa sua, você tem tudo nas mãos e está procurando sarna para se coçar.

-Isso é sim um problema meu, isso é um problema nosso, um problema da sociedade...

-Chega, se não parar com isso vou proibi-lá de ver esse rapaz, ele está influenciando você.

-Influenciando a quê?

-Olhe como está falando comigo, nunca antes me desrespeitou dessa maneira e olhe como tratou seu noivo?

-Eu não o destratei...

-Peça desculpa a Kevin...

-Não, eu não lhe devo desculpa...

-Deixa mãe... Ela deve de estar...

-Não estou nada Kevin, você distorce o que eu falo e já sai ligando pra minha mãe fazendo intriga, o que ganha com isso Kevin?

-Florence?!

-Chega, eu cansei. - tirei o anel do meu dedo e joguei pra ele.

-Florence?!

-Baby?!

-Meu nome não é baby e para de me chamar assim, eu não gosto.

-Ele virou sua cabeça contra mim não foi, ele não é gay coisa nenhuma, eu os vi se abraçando.

-Jace é gay sim, e ele não tem nada a ver com vocês ou com minhas decisões.

-Boa noite... - disse meu pai entrando no meio da nossa discussão.-O que ouve?

-Terminei com Kevin! - falei e subi as escadas.

-Sua filha puxou a você e seu gosto por negros!

-Cale a boca Tatiana.

-Estou mentindo Daniel?

-Chega, não vou ficar aqui ouvindo isso!

Meu pai saiu e eu entrei no meu quarto ouvindo o choro descontrolado de Kevin e minha mãe o acalmando.

Me Olhe. Me Toque. Me Ame Pra Sempre.Where stories live. Discover now