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Nathanael Grigory

Dei um beijo em minha avó e subi para largar minha mochila e vejo Jade com uma garota branca, com o cabelo loiro até a cintura. O ouvi falando que se orgulhava de mim e ao mesmo tempo que àquilo fez meu peito inflar de amor fiquei sem ar com sua preocupação. A garota chegou a iniciar um gritinho quando falei o que me fez olhar de imediato pra ela, seus olhos de um verde tão lindo e os cílios... Mas comprometida, tinha uma aliança de noivado em sua mão. Me obriguei a esquecer a garota e prestar atenção em meu irmão. Sempre que ele ficava emotivo era porque alguma coisa ele tinha perdido para alguma gang na rua. Não vejo a hora de me formar e tirar eles daqui. A garota não tirava os olhos dos meus e eu lhe estendi a mão, ela estava quente e sua pele era tão suave e delicada. Notei que a aliança na verdade era um anel com uma pedra virado pra sua palma. Seu rosto corado a deixava mais linda do que já era, o contraste de nossas cores era...

Respirei fundo e a soltei e afastei meu irmão.

-O café está servido meninos, venha Florence.

Sorri.

-Vão indo, vou guardar minhas coisas e me trocar.

Jace fungou limpando o nariz na manga do moletom.

-Desculpe Florence. - murmurou ele a ela e fechou a porta do meu quarto.

Respirei profundamente tentando encher meus pulmões de ar até não dar mais.

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Jace Hart.

-Desculpe Florence... Que vergonha.

-Ei não fique assim! - disse ela segurando em meu ombro como meu irmão faz comigo.-Foi lindo de ver vocês dois juntos.

-Obrigado... Por... Não me julgar um fracote.

-Não é um fracote, você é incrível Jace e obrigado por me mostrar esse lado seu.

Sorri para a voz carinhosa dela e lhe estendi a mão, ela aceitou corada e descemos. Puxei a cadeira pra ela.

-Que gentil! - comentou Florence.

-Aprendi com a melhor. - falei e a vovó me olhou orgulhosa.

-Acho bom que tenha aprendido mesmo, se não a vovó lhe arrancaria as orelhas. - disse Nael entrando na cozinha.

Florence ficou corada novamente. Deve ser muito ruim ser branco. Ri internamente dela.

-Açúcar ou adoçante querida? - perguntou vovó.

-Ah, nenhum, eu só posso tomar puro. - disse ela e a olhei.

-Jura?

-É... Minha mãe não deixa eu comer coisas com açúcar. - Ela praticamente murmurou.

-Mas ela não precisa saber o que você comeu aqui. - piscou a vovó.

Florence ficou pensativa olhando pra vovó que serviu um pedaço de bolo de baunilha com creme de nata e raspas de limão.

-Eu vou comer só um pedacinho. - disse ela olhando o prato a sua frente, ela parecia faminta.

-Aqui ninguém vai falar nada, seu segredo estará guardado a sete chaves. - brinquei.

-Eu não gosto de mentir, minha mãe consegue ser bastante persuasiva quando quer uma vez ela descobriu que eu tinha comido um pedaço de chocolate escondida no banheiro. - riu ela sem me nos olhar.

-Como ela descobriu? - perguntou Nate.

-Eu... Me entreguei quando ela viu que eu aumentei 120g na balança.

-Você ficou de castigo por isso?

-Mais ou menos, ela só diminuiu a minha alimentação até eu perder as 120g , mas em 3 dias eu tinha perdido mais de dois quilos e ela ficou satisfeita. 

-Então sua mãe controla tudo o que você come? - perguntei incrédulo.

-Isso.

-Quantos anos você tem? - Perguntou Nael.

-17 anos fiz tem uns três meses.

-Que dia você faz? -perguntei.

-23

-Que legal eu faço dia 13, sou 10 dias mais velho que você.

-Então talvez seja por isso que nos demos bem. - Sorriu ela ainda sem tocar no bolo.

-Vamos, coma. - falei com um sorriso.

Ela pegou o garfo e colocou um pedaço de bolo na boca. Fechou os olhos e suspirou pesadamente como se tivesse comendo algo mágico.

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Florence

Eu teria chorado se não fosse tão vergonhoso o que eu estava sentindo com aquele doce delicioso, meu coração acelerou como se eu tivesse cometendo um crime. Mas contar aquela parte da minha vida sobre minha mãe e controlar me fez ver o quanto sou patética. Quando abri os olhos novamente me deparo com os olhos verdes de Nael me encarando com o pedaço de bolo a meio caminho da boca. Petrificado. Então ele piscou e baixou o garfo sem o pôr na boca. Me virei para a senhora Nancy que me olhava ela estendeu a mão e eu a peguei.

-A senhora tem mãos de fada, seu bolo é... Mágico.

-Óh que gentil Florence.

-Eu nunca em toda a minha vida comi algo tão... Não encontro outra palavra a não ser mágico.

-Florence você é encantadora e sempre será bem vinda em minha casa. Confesso que me assustei ao ver uma garota branca na minha porta. - ela começou a rir.

-Desculpe assusta-lá. - falei rindo.-Eu estava morrendo de medo também, eu não sabia o que esperar pois todos viram seus companheiros do experimento e eu não.

-Não foi a aula Jace? - perguntou Nael.

-Desculpe eu... O despertador estava com a pilha velha e... Parou.

-Jace, cadê seu telefone novo?

-Eu... Perdi.

-Jace?! - insistiu Nael agora ficando bravo. - Jace quem foi?

-Eu já disse que perdi. - mas Jace mentia pois não olhava nos olhos de Nael.

Nael se levantou e Jace correu para segurá-lo.

-Por favor irmão, senta, está assustando a Florence.

-Jace. - Nael passou a mão no rosto do irmão o que achei fofo. - Jace me olhe.

-Por favor irmão é... É só um celular, eu não posso te perder por causa de uma bobagem. - Jace falou aquilo e subiu as escadas correndo e chorando.

-Jace...

-Deixe ele Nael. - disse a senhora Nancy.

-Eu... Me desculpe Florence. - Nael sentou na minha frente segurando a ponte do nariz. - Eu não aguento mais ele ser vítima de assalto toda hora, isso é... Desumano.

-Tudo bem Nael eu... Eu posso, se me permitirem ir falar com ele?

-Claro querida.

-É a porta de frente pro meu quarto. - disse Nael.

-Com licença. - Falei me levantando.

Ouvi Nael murmurar pra avó dele enquanto subia as escadas.

-Não aguento mais isso vó, quando eu me formar, meu primeiro salário vou usar pra tirar vocês deste bairro.

Me Olhe. Me Toque. Me Ame Pra Sempre.Where stories live. Discover now