A omoplata estava rígida e o processo de cicatrização quase perfeito, causando uma dúvida enorme de como ocorrera tão rapidamente.

– Você já é o vigésimo a me perguntar isso em menos de uma hora. – Lauren resmungou entredentes. – Eu estou bem!

A mulher, de íris agora em um tom verde mais brilhante, já não suportava os barulhos causados pela exagerada presença de pessoas no quarto. Eram os mesmos questionamentos, os mesmos protocolos, as mesmas verificações e toques desnecessários. Sentia-se incrivelmente bem ao ponto de conseguir correr uma maratona se lhe fosse pedido, simplesmente para conseguir extravasar aquela espécie de euforia inédita que pulsava em seus músculos.

– Nenhuma dor de cabeça? Confusão mental? – o profissional levou as mãos até a proteção de gaze que circulava sua cabeça, a retirando.

– Se todos vocês continuarem essa falação, com certeza vou ter muitas dores de cabeça! – Lauren semicerrou os olhos para o homem, assistindo-o colocar a gaze sobre uma escrivaninha próxima. – E você está me chamando de retardada?

O termo e o sarcasmo utilizados fizeram Normani e Dinah erguerem as sobrancelhas, surpreendidas. O casal de namoradas trocaram rápidos olhares entre si, estranhando aquela atitude, e logo em seguida também fizeram tal comunicação silenciosa com Allyson.

– Lauren?! Onde estão seus modos?! – Michael a repreendeu.

– Tudo bem, Sr. Jauregui. – Chambers sorriu com desgosto, mantendo-se profissional. – Srta. Jauregui, você está tendo alguma dor ao se mexer? Algum problema locomotor?

Revirando os olhos pelo questionamento estúpido, Lauren retirou o cobertor das pernas e com um único e ágil pulo saiu da cama. Além de chamar a atenção de todos os outros médicos, a mulher abriu os braços em exibição e fez até um sapateado irônico.

Mas todos ali estavam atordoados demais para rir.

– Pareço ter algum problema locomotor? – perguntou, sarcástica.

Pigarreando pelo extremo desconforto da situação, Veronica se desencostou da parede e trocou um rápido olhar com Michael, que logo desviou e voltou a analisar a filha.

– Desculpe pela minha amiga... ela acordou do coma achando que é comediante, coitada. – a mulher de sidecut travou o maxilar e ladeou a cabeça, levemente em repreensão. – Deixe eles trabalharem, Laur.

– Sim, ainda precisamos fazer alguns testes. – Dr. Chambers falou, sem se afetar com o humor de sua paciente. – Sente-se, por favor!

Lauren bufou audivelmente e voltou para a cama, sentando-se relutante outra vez contra os travesseiros macios.

– Vamos preparar outros exames e daqui a pouco a enfermeira virá lhe buscar. – o doutor anunciou na medida em que fazia uma série de anotações na prancheta com o prontuário. – Agora preciso que todos se retirem. Lauren precisa descansar!

A ordem havia sido direcionada aos outros profissionais, que ainda discutindo entre si começaram a sair do quarto, mas, também, aos demais acompanhantes da paciente.

– Não, que droga! Eu não preciso descansar! – Lauren rebateu impaciente, com cara de tédio. – Não passei quase dois dias em coma?! Se eu não dormi o suficiente esses dias, podem desistir. Eu quero ir embora, eu quero me levantar e sair! Não quero ficar presa nem mais um minuto nesse cubículo! Estou me sentindo extremamente bem, porra!

– Hey! – Michael a repreendeu, assustado. – Pare! Os médicos só querem ajudar!

– Acabei de voltar dos mortos e você já está chamando minha atenção?! – Lauren brincou e deu uma risadinha.

Over The DuskWhere stories live. Discover now