—Sim, eles são.

Eu estava com vergonha, ninguém nunca leu as coisas que eu escrevo. Letícia já tentou ler, mas eu surtei com ela e o pau quebrou.

—É lindo Leonardo — elogiou ainda olhando meus rabiscos.

Ela lia com atenção, parecia admirada. Até mesmo, encantada, isso me deixou feliz, ela poderia estar rindo de mim nesse exato momento, mas não.

—Não é nada de mais Beatriz.

Entreguei o remédio para ela, a mesma colocou o comprimido rosa na boca e engoliu com a ajuda da água, fazendo uma grande careta.

—Olha esse aqui — Estendeu o papel no alto com seus olhos presos nele — Aconteceu de uma maneira estranha, eu não me apaixonei no toque ou no diálogo, eu me apaixonei antes mesmo de você saber sobre a minha existência.

Mais do que nunca eu queria enfiar a minha cabeça em um buraco e pedir para jogarem terra em cima, ou até mesmo ser engolido por um buraco negro.

—Está apaixonado por alguém Leonardo? — Me olhou confusa.

—Olha a data que eu escrevi isso.

Ela virou a folha de um lado para o outro procurando.

—Dois mil e dezessete? — fiz que sim com a cabeça — Quem era a sua paixonite na época?

Apresentando mais uma coisa para o perfil da Bisbilhoteira: Curiosa.

—Eu não me lembro, nem mesmo me lembro se escrevi isso para alguém, acho que escrevi apenas por escrever — dei de ombros.

Ela não parecia acreditar em nada que saia da minha boca, me olhava estranho com os olhos semicerrados.

—obrigada.

—Obrigado? Pelo que? — a olhei confuso.

—Não me lembro de quase nada em relação a ontem a noite, mas eu me lembro que você me trouxe para cá porque Marcos queria me levar para o quarto.

—ah, não precisa agradecer Beatriz, não fiz mais do que a minha obrigação.

Qualquer homem com caráter teria impedido que uma mulher bêbada fosse levada por um cara nem tão bêbado assim.

—Você fez sim — sorriu — Não quero nem pensar no que teria acontecido, bom, eu não estava ciente dos meus atos.

—Eu percebi, por isso fui até você.

—Eu disse algo que não era para dizer?

Ela me olhava estranho, talvez com medo de ter dito algo comprometedor.

—Nada demais — dei de ombros — só que quer transar comigo, e eu digo o mesmo para você.

Beatriz me olhava com os olhos arregalados, suas bochechas ganharam uma coloração avermelhada, ela sempre ficava vermelha quando sentia vergonha.

—Não era para você saber — Murmurou.

—Então você não disse aquilo no calor do momento? Então você quer realmente transar comigo?

Eu nunca tive esse tipo de conversa com outra garota antes, eu sempre chegava nelas e acontecia. Mas essa brincadeira com Beatriz, essas provocações, isso faz tudo ficar ainda mais excitante.

—Eu...eu...eu acho que — gargalhei vendo ela gaguejar — Para de rir cigarro, não estou achando isso engraçado.

—Eu estou achando engraçado, e muito engraçado.

Só por uma noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora