➮ O meu sol • Outer Banks

𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝓊𝓁𝑜 𝓋𝒾𝓃𝓉𝑒 𝑒 𝓈𝑒𝓉𝑒

— Eu posso tentar falar com a Peterkin. — dou de ombros. 

— Estou vendo o Ward. — Pope diz olhando pelo binóculos. Kiara vai até ele e pega os binóculos. — Ele não tá parecendo morto, vamos embora. — ele recebe vários protestos de JJ e Kiara. — Certo. É óbvio que o senhor Cameron está bem, e mesmo que John B tenha vindo aqui, ele já foi. E eu tenho um momento mais importante da minha vida daqui a seis horas. May, você que é a mais coerente, não concorda comigo? — Pope vira para mim. 

— Eu concordo com ele. Mesmo que acontecesse algo aqui, o que a gente poderia fazer? Nem a arma temos mais. E é o futuro do Pope que está em jogo, a vida dele praticamente depende disso. — Kiara está me olhando com uma cara de deboche. — Como eu disse antes, eu posso tentar falar com a Peterkin, ela é praticamente minha segunda mãe, ela não vai me expulsar sem nem me ouvir antes. 

— É, mas o nosso amigo está encrencado. — Kiara fala andando para perto de mim. 

— Eu não volto pra casa faz três dias, meu pai já deve ter jogado minhas coisas fora. — Pope exclama.

— Eu também. Minha mãe deve estar furiosa. Eu avisei que iria passar apenas uma noite fora, e já estamos a três dias aqui. 

— Tá bom, então é isso? Na hora que nós precisamos vocês vão pular fora? — Kiara olha com descrença para mim e Pope. — A Mayse não me admira, mas você Pope? 

— Será que vocês podem não fazer isso agora? — JJ olha para Kiara e depois para mim. 

— Tá querendo insinuar o que, Kiara? 

— Que você não pensou duas vezes antes de ir embora e deixar todos para trás. 

— Como se essa escolha tivesse pertencido apenas a mim. 

— Kiara, eu tenho a entrevista da minha bolsa amanhã. 

— E o John B? 

— Por que tudo gira em torno do John B? 

— Nem tudo gira em torno do John B. Você é tão idiota, eu ajudaria qualquer um de vocês. 

— Até parece. — sua atenção sai de Pope e vem para mim. — Você não perdeu a chance de me fuder quando pode. Você só está aqui porque é o John B. 

— Eu ajudaria, porque isso significa amizade! — Kiara começa a gritar. 

— Amizade é confiança. E isso você já provou que eu não posso ter em você.

— A gente é os pogues para sempre. — ela grita olhando para cada um de nós. 

— E a patologia forense? — Pope olha para ela. — Eu trabalhei minha vida inteira nisso. 

— Essa é a sua moralidade? — agora ambos gritavam um com o outro. 

— E quem é você para querer dar uma de superior? — JJ tentou interromper, mas Pope continuou falando. — Não, ela não pode falar nada. Onde você estava quando o Big John sumiu? Você não estava lá pelo John B, não apoiou nenhum de nós. Você julga tanto a Mayse por ter ido embora, mas ela estava lá, você não. Ela foi a primeira a dar colo para o John B, foi ela quem sustentou John B quando ele não conseguia ir trabalhar e tudo se apertou, ela praticamente lambeu os pés da mãe dela por meses para poder fazer isso. E quando ela foi embora, ela mesmo assim continuou ligando para ele e oferecendo ajuda. — ele fala tudo apontando para mim. — Esqueceu do seu ano Kook? Você se esqueceu de nós, e você não estava a milhares de quilômetros de distância, você estava bem aqui do nosso lado. E agora você sente culpa. 

— Não me enche o saco! — Kiara começa a empurrar Pope. Ambos começaram a gritar um com o outro e a se empurrar, até JJ interferir. 

— Parem com isso, ok? Se sou eu quem estou apartando, é porque estamos no fundo do poço. Eu te deixo em casa, Pope. — JJ diz quando liga o barco.

O caminho foi todo em silêncio, nem mesmo uma troca de olhar ocorreu entre nós. O único barulho que se ouvia era o do barco. Assim que JJ parou o barco perto da casa de Pope, ele se virou para nós e suspirou. 

— Obrigado, JJ. E May, muito obrigado por toda a sua ajuda, vai servir muito. — sorrio e me levanto. 

— Vai dar tudo certo. Você sabe tudo e é muito inteligente. Me ligue assim que acabar. Vou estar torcendo por você. — ele sorri e me abraça. — Boa sorte. — ele me solta e sai do barco. 

— Vamos para onde? — JJ olha para mim e Kiara. 

— Vocês eu não sei, mas eu vou para a minha casa. Se quiser, pode vir comigo. —  olho para JJ que fica um tempo em silêncio. 

— A Kiara vai ficar sozinha? 

— Qual é? Tá preocupado com ela agora? Se quiser fica e faz companhia pra ela. — me levanto e saio do barco, sabendo que seria uma caminhada bem longa e talvez, perigosa. 

— Calma, May. Espera! — JJ grita e eu me viro. — Eu vou, só vou pegar minhas coisas. — fico parada no mesmo lugar de braços cruzados esperando. Ele fala algo com Kiara e sai do barco. Ele corre até mim e entrelaça nossos dedos iniciando a caminhada. 

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— Aonde você estava? — pulo de susto com a voz da minha mãe. Ela estava sentada no sofá da sala que dava acesso a visão da porta da frente. 

— Eu estava com o Pope e o JJ. — fecho a porta e JJ para atrás de mim. 

— Você disse que ia ficar apenas uma noite fora para ajudar o Pope. — ela se levanta e vem até mim. — E sumiu! Nem mesmo deu notícias. Por mim, eu não deixava você entrar, mas vou fazer isso pelo seu pai. Agora sobe e não sai do seu quarto até eu te dar ordem de sair. —  concordo e puxo JJ para subir comigo. — JJ, se sinta em casa. — minha mãe sorri forçadamente para ele e se vira para voltar para a sala. Continuo meu caminho para o meu quarto com JJ me seguindo. 

— Devo me achar importante? — JJ pergunta com um sorriso no rosto assim que fecho minha porta do quarto.

— Você é importante, mas neste momento, não. — ele gargalha e se senta na minha cama. — Pode sair da minha cama! — falo num tom elevado assustando ele. — Olha a sujeira que estamos, fica longe da minha cama. — ele levanta as mãos em rendimento. — Quer tomar banho antes ou depois de mim? 

— O que você preferir. — ele dá de ombros. 

— Pode ir, então. Te alcanço suas roupas. — ele concorda e vai para o banheiro. 

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— Você acha que ele está bem? — a voz de JJ ecoa depois de vários minutos de silêncio. 

— Notícia ruim vem até a gente rápido, então acho que ele está bem. — passo as mãos nos cabelos de JJ. — Fica tranquilo. Se algo pior acontecer, nós vamos saber. — ele concorda e aperta mais o seu braço na minha cintura. — Pode me chamar se não conseguir dormir, ok? — ele apenas acena com a cabeça e suspira. Faço carinho nos seus cabelos até o sono tomar conta de mim.