Eu e Jake fomos para a garagem ao lado da casa dele, onde já passamos várias tardes apenas conversando e tomando refrigerante enquanto ele trabalhava em seu carro. E eu gostava de estar ali, era fácil ficar a vontade com o Jake; ele me fazia esquecer de todos os problemas com seu jeito acolhedor.

- Bem mais quentinho aqui dentro. - falei depois de entrarmos na garagem - Só você mesmo para não sentir frio. - afinal, ele usava uma camiseta.

- Já me acostumei. - Jake disse, uma vez que ele sempre morou aqui; no entanto, eu me mudei para cá quando tinha doze anos, após a morte da minha mãe, e ainda não me habituei.

- Mas e então... Já terminou o Rabbit? - perguntei sobre o seu carro, que era seu xodó.

- Quase. - Jake abriu um sorriso de empolgação.

Ele tirou a lona que cobria o carro, revelando o pequeno e aconchegante veículo de cor laranja.

- Terminei de colocar o motor esses dias. - ele disse, abrindo a porta para eu entrar, e depois se sentou ao meu lado - Só falta ajeitar os freios, os faróis e alguns outros detalhes. - Jake sorriu orgulhoso pelo seu trabalho - Vai, dá a partida.

Ele pegou as chaves que estavam no porta-luvas e me entregou. Eu fiz o que ele pediu e girei a ignição, escutando o barulho e a força do motor.

- É rápido? - perguntei, pois eu gostava de velocidade.

- Bom... - Jake coçou a cabeça - É decente. - nós rimos - Mas vai dá pra apostar uma corrida com você.

- Ah, antes disso precisa tirar carteira, esqueceu? - eu desliguei o carro - Só porque sabe dirigir não significa que pode sair por aí.

- Mas isso tá perto de acontecer! - Jake continuava empolgado - Daqui umas semanas eu faço 17 e vou ser um cara habilitado pra poder te levar pra sair.

- Seu bobo! - nós rimos outra vez e logo Jake voltou a falar.

- Mas enquanto não chega à hora de você me dar presentes... - ele sorriu - Eu tenho um pra você.

- Jake... um presente? - eu me sentia embaraçada nessas situações - Qual é a ocasião?

- E por acaso eu preciso de ocasião para presentear a minha melhor amiga? - Jake piscou pra mim enquanto tirava algo do bolso de sua calça jeans.

Não tive escolha a não ser esperar pelo que ele ia me dar.

- Aqui. - Jake abriu a palma da sua mão, que continha um pequeno pingente em forma de lobo, todo esculpido em madeira, preso a uma correntinha - Para a proteção dos Quileute ficar em você também.

- É lindo! - falei ao pegar com cuidado o objeto, observando cada detalhe - Foi você quem fez?

- Aham. - Jake respondeu com um sorrisinho e eu o olhei atônita.

- Nossa, Jake... nem sei o que dizer... - devolvi o sorriso para ele - Eu adorei!

- Sabia que ia gostar. - ele pegou a correntinha pelas pontas - Agora deixa eu colocar em você.

Ele subiu um pouco a manga do suéter no meu braço direito e abotoou a pulseira em volta do meu pulso. Mas foi aí que nossos sorrisos desapareceram. Sem querer, Jacob acabou por deixar à mostra as marcas que minha blusa encobria. Como eu estive no hospital no sábado passado para a minha bateria mensal de exames, os sinais arroxeados e avermelhados das diversas agulhadas que fui submetida ainda estavam por todo o meu antebraço. Senti o semblante do Jake ficar triste quando ele passou o dedo em uma das marcas.

- Alguma novidade? - sua voz também entregava a tristeza.

- Não. - falei num suspiro, abaixando novamente a manga do meu suéter - Nenhuma boa.

Continuei de cabeça baixa, meus olhos fixos no pequeno lobinho agora preso no meu pulso, as novidades não eram mesmo boas. Eu não achava um doador compatível, meu tempo ficava curto a cada dia que passava e meu corpo mais abatido e propenso a doenças oportunistas. Realmente nada bom!

Jake continuava tenso perto de mim; ele ficava muito sentido quando esse era o assunto, mas sempre me apoiava.

- Se eu... - Jake quebrou o silêncio de alguns minutos - Se eu pudesse, sairia batendo na porta de cada casa americana e obrigaria os moradores a fazerem o teste até achar alguém compatível com você. Nem que eu fosse preso por invasão de privacidade.

Sua fala foi reconfortante e me fez rir, mesmo que meu sorriso não tenha se espalhado pelo restante do meu rosto. Então Jake tocou de leve em minha face, fazendo meus olhos encontrarem os dele. Havia uma grande ruga entre suas sobrancelhas e suas íris castanhas refletiam a dor que eu sentia e, consequentemente, que ele sentia também.

- Eu faria qualquer coisa por você, Bella! - seu olhar estava fixo no meu - Qualquer coisa...

Jake acariciou minha bochecha, sorrindo de leve.

- Obrigada... - foi só o que consegui dizer antes dele me acolher num abraço carinhoso.

Apenas me apertei contra seu peito firme, apoiando minha cabeça em seus ombros enquanto ele acalentava os meus medos, afastava os fantasmas que rondavam minha vida naquele momento. Jacob era como uma luz em volta de mim e, por mais densa que fosse a escuridão, eu sabia que nada era capaz de apaga-la.

Nada...


Pronto, mais um cap postado hoje, amanhã tem mais!
explicando pessoal, essa fic não é baseado no filme crepúsculo.
Eu peguei nomes dos personagens do filme, isso!
>3💜

Doce e amargo Donde viven las historias. Descúbrelo ahora