28. Aprendi a Ler Devagar

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Aprendi a não ter pressa. A prolongar o livro que gosto e que estou a ler, em vez de ler dois livros por semana, leio dois por mês. Posso dizer que é falta de tempo para ler, mas não é. É vontade de ler aquele livro sem pressa. Degustar devagar. Como se fosse um pedaço de chocolate que adoro e que posso comer em três segundos, ou posso deixá-lo derreter lentamente na minha boca, prolongando o sabor ao máximo. Porque vivemos com tanta pressa? Tanta pressa que nos esquecemos de degustar as coisas... Saborear e prolongar os bons momentos ao máximo, senti-los com o corpo inteiro, com a alma inteira. Apressar apenas as coisas que são necessárias, mas que não gostamos de fazer.

Lembro-me quando era criança despachava todos os meus trabalhos de casa para brincar. Para imaginar. Para fazer o que mais gostava. Não me apressava a acabar a brincadeira. Por vezes, penso que se houvesse algo que gostava de fazer se pudesse voltar atrás no tempo, era saborear melhor os momentos que vivi. Prolongar os abraços e carícias, os beijos e alegrias, diminuir o tempo em que pensei em problemas e me atormentei com coisas que não podia resolver. Hoje, nem podemos nos cumprimentar e abraçar, mesmo quando os momentos difíceis passam por nós. Vamos prolongar a alegria e apressar a tristeza. Nunca o contrário.

Levada pelo VentoWhere stories live. Discover now