Ao sair de casa, desço até a recepção.

— Srta. Ibrahim, bom dia! — o porteiro sorri ao falar.

Olho para fora, observando o movimento e tentando achar algum fotógrafo à espreita. Não vejo nenhum.

Ótimo, acho que estão se esquecendo de mim.

— Bom dia, seu Pedro. Como vão as netas? — paro na sua frente e sorrio.

Peter é um ótimo porteiro. Muito discreto e já me salvou de vários sufocos com fotógrafos e jornalistas. Morar em uma cidade movimentada faz com que facilmente a mídia descubra onde você mora, mas pago bem caro para que a minha segurança não esteja em risco, e até hoje, nada além de ser encurralada na entrada aconteceu. Aliás, não sou a única pessoa famosa que mora nesse prédio.

— Estão ótimas! Elas gostaram tanto dos presentes, são suas fãs número 1 — a sinceridade em sua fala aquece o meu coração. Me despeço, saindo do prédio. Coloco meus óculos escuros, arrumo o rabo de cavalo e já chamo o primeiro taxi que vejo passar.

Entro, me acomodo, passo o endereço e apoio a cabeça no encosto enquanto olho para a rua cheia de prédios gigantes, muitos carros e pessoas tentando competir por espaço na gigante Manhattan.

Sinto meu celular vibrar dentro da bolsa e o pego.

Desconhecido: Kathllen?

Desconhecido: Humm, não sei se o número está certo, mas espero que esteja. Caso seja você, gostaria muito de que entrasse em contato. É urgente.

Leio as duas mensagens e congelo ao ler a última.

Desconhecido: Sou eu, Ethan. Me ligue a qualquer hora.

Fico alguns minutos, que parecem horas, olhando para aquelas mensagens, sem conseguir acreditar que depois de quase dois anos, ele teve a coragem de me procurar.

Quem ele pensa que é? E quem passou meu número novo?

O carro para em frente à cafeteria Coffee Aromas. Pago ao motorista e saio.

Hoje é segunda-feira, normalmente as cafeterias ficam mais lotadas do que qualquer outro dia, mas daqui de fora, já consigo enxergar minha mãe sentada, lendo um livro que não consigo saber qual é com essa distância.

Entro e o sino toca, fazendo com que eu chame atenção de alguns clientes. Percebo umas pessoas mirando o celular em minha direção, o que é algo normal, mas ultimamente tenho ficado com medo de aparecer em qualquer mídia, por motivos óbvios, e eles aparecerem onde eu estiver e começarem a me encurralar com perguntas que não quero responder.

Chego na mesa em que minha mãe está, sento e sorrio para ela assim que me olha.

— Oi, meu amor! Que saudades — fala enquanto coloca o livro fechado na mesa, tira seus óculos e os deixa sobre o livro. Estica as mãos em minha direção, esperando que eu as pegue e, é isso que eu faço.

— A senhora está ótima, mamãe — falo em um sussurro, sentindo o choro prender em minha garganta — Estou cheia de saudades também.

Ela faz um breve carinho em minhas mãos, e depois chama a garçonete, que já estava vindo em nossa direção.

— Olá, me chamo Emma e irei atendê-las hoje — fala sorridente, e nos entrega o cardápio. — Já sabem o que querem ou precisam de um tempo para escolher? — enquanto ela fala, olho rapidamente o cardápio e me decido.

Mistaken (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora