– Perdão. Estou noivo, não podemos fazer isso. – ele rapidamente se desvencilhou para o lado e eu encarei a mesa, ainda sentindo o seu corpo grudado ao meu.

– Eu que te abracei primeiro... Foi apenas um gesto de amizade. – olhei para sua direção e ele assentiu com a cabeça, após terminar de enxugar as lágrimas.

– Amizade... sim, claro. Podemos ser amigos.

– Amigos... – pensei em voz alta.

Eu sabia que a rainha mesmo morta, havia ganhado. Porque eu nunca teria a audácia de ficar com Lucian, não quando eu precisaria guardar o segredo sobre a morte de sua amada mãe. Eu não podia. E era esse o meu castigo e ela provavelmente sabia quando disse aquelas coisas para que Victoria terminasse de matá-la.
Parece que no fim... ela havia vencido.

– Quando eu achar o culpado da morte de minha mãe... – Lucian passou a mão pela bainha de sua espada que estava na cintura. – ele só morrerá depois de eu arrancar cada parte do seu corpo e decepá-lo inteirinho.

Meu estômago se revirou e meu coração parecia ter parado por segundos. A tristeza que havia em seu olhar agora a pouco, havia se tornado em um ódio tão puro que eu jamais tinha visto nele. Quanto mais longe eu me mantivesse dele, mais seguras eu e Victoria estaríamos.

LUCIAN POV

Após ter conseguido jogar para fora todos aqueles sentimentos de tristeza, apenas a dor do ódio e a raiva consumiam minha alma. Eu havia falhado em proteger minha mãe, mas eu não falharia em vingá-la. E disso, eu poderia ter certeza. Porque eu iria até o inferno se fosse para encontrar o assassino e independente de quem fosse, eu daria o pior fim que qualquer um desejasse ter.

Jurei a mim mesmo, enquanto sentia o leão de diamante incrustado acima do punho da espada que era uma herança de família.

Após abraçar Marie, eu não tive dúvidas em saber que ela era a garota que aparecia em meus sonhos e pesadelos. Eu não tive dúvidas de que aquele perfume, que um dia eu pensei que pudesse ser de Anna, era na verdade dela. E por um momento, sentir seu corpo ao redor de meus braços foi perturbador. Como se houvesse algo adormecido dentro de mim e que ela fosse capaz de acordar.

Porém, eu sabia que aquilo era um erro. Eu precisava me casar com Anna e ficar curioso sobre o que era aquilo que Marie me fazia sentir, seria apenas um empecilho em meu caminho que poderia me levar a mais uma falha.

– Imagino que esteja cansado. Eu irei para meu quarto dormir. – ela reverenciou e me encarou com aqueles olhos tristes.

Eu não suportava aquele olhar dela. O olhar de piedade. Alguém como eu não precisava disso... mesmo que viesse dela.

– Claro. Vá e descanse.

Foi a única coisa que consegui dizer, enquanto a olhava caminhar até a porta, vestindo aquele traje sulista que ficava bem nela, mas seria melhor se fosse algo do Norte. E eu não sabia porque me importava tanto com algo banal assim.

"Eu amo você, Marie. E quero que você esteja eternamente junto a mim. É isso que essa pulseira significa."

Era como se houvessem fantasmas sussurrando em meu ouvido, fantasmas com minha voz e a dela. Eu não conseguia discernir se aquilo era real ou minha mente estava piorando por tantas noites mal dormidas. Eu a amava? Disso eu não sabia e ela não me contava nada, mas eu iria procurar essa pulseira assim que tudo se resolvesse e descobriria a verdade.

MARIE POV

O sol fresco e quente do Norte beijava meu rosto, junto com o vento que dançava nas cortinas esvoaçantes da janela aberta. Eu havia chegado no quarto e me jogado na cama, desabando em um sono profundo de tanto cansaço. Mas agora, que meus olhos estavam abertos e minha mente mais equilibrada e consciente, eu não conseguia acreditar em tudo que havia acontecido. E lembrar da cena com Lucian só piorava tudo. Meu comportamento desesperado e infantil por causa do álcool. Eu iria me desculpar, depois de tomar um pouco de vinho para que eu pudesse tentar parecer não tão atormentada e aterrorizada.

Call me KingWhere stories live. Discover now