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DULCE MARÍA

Dezembro chegou e toda a cidade já está em clima natalino. O tempo realmente está passando rápido, eu já fiz minha prova para a faculdade de medicina, então fico nervosa ao ver o envelope da faculdade em minha caixa de correios.

Entro em casa quase correndo e apenas aperto o botão da secretária eletrônica enquanto abro o envelope.

— Caralho, não vejo você há algum tempo! — a voz de Belinda soa e sorrio de lado, realmente, não estamos nos encontrando como antes, porque estou ocupada demais com os estudos, o trabalho e Christopher — Isso significa que, ou você, finalmente, transou com o Christopher, ou entrou para a faculdade de medicina... Seja o que for, me ligue, estou com saudades da minha amiga.

Faço uma anotação mental de ligar para Belinda e encontrá-la ainda no final de semana porque também estou com saudades dela, mas nesse momento minha concentração está toda no envelope a minha frente. Abro devagar e retiro a carta, leio cuidadosamente e sorrio satisfeita com a resposta.

[...]

— Escolhe logo uma televisão — Christopher pede entediado enquanto andamos pelo corredor da loja, e o encaro.

— Me conta logo o que aconteceu... — ele suspira vencido.

— Tudo bem... Eu estou saindo com essa mulher chamada Ester e ela é negra...

— Espera, para! — ele me encara confuso — Essa história vai acabar com você fazendo alguma coisa racista? — arqueio a sobrancelha.

— Ah, meu Deus! Não!

— Então porque disse que ela é negra?

— Sei lá... Eu só queria que tivesse uma imagem mental dela, só isso — ele dá de ombros.

— Tudo bem, continue!

— Bom, nós vamos ver um filme no meio do dia. Ela é super inteligente, legal, linda, mas eu fiz o que combinamos, não dormi com ela.

— Você é tão forte! — sorrio largamente — Estou tão orgulhosa!

— É... Não é todo mundo que consegue ficar sem transar por um ano... — debocha de mim. Não vou corrigir que tem apenas nove meses, porque não fará a menor diferença mesmo.

— Eu só estou esperando um cara franco — dou de ombros enquanto observo as câmeras digitais a minha frente.

— Um cara branco? E vem me chamar de racista! — reviro os olhos.

— Franco, Christopher! F-r-a-n-c-o — soletro para ele.

— Ah, franco... Como aquele que você esperou por dez anos e que agora está casado? Um cara assim? — ele me encara fixamente e desvio o olhar.

— O que estamos fazendo nessa sessão? Quero comprar uma televisão não uma câmera.

— Posso terminar minha história, por favor? — concordo enquanto começo a andar para a sessão correta — Esperei quatro dias e liguei para ela, a levei para jantar no nosso restaurante, depois fomos para casa dela e demos uns amassos, mas eu não enfiei meus dedos nela, nem outra coisa...

— Maravilha! — comemoro, fazendo-o revirar os olhos.

— Ontem eu liguei para ela e a convidei para assistir outro filme, e ela me disse "Christopher, o que você está fazendo?", aí pensei, claro, já a levei no cinema no primeiro encontro, porque sugeri algo assim?

— Você precisa ser mais criativo, meu bem — dou de ombros enquanto começo a tirar fotos dele com uma das câmeras do mostruário.

— Vocês precisam de ajuda? — pergunta um vendedor ao se aproximar.

Dormindo com outras pessoasWhere stories live. Discover now