Capítulo 3 - Você é louca?

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No dia seguinte, Juliette acordou determinada, tinha em mente fazer a vizinha falar. Tomou um banho, colocou uma roupa confortável e almoçou com seus pais e irmãos. Todos notavam que a garota estava meio calada, mas ninguém comentou nada a respeito e quando terminaram de comer, até livraram ela da louça, passaram a vez para Arthur.

- Mãe, o que acha de convidar os vizinhos para almoçar qualquer dia? - Falou sentando ao lado de sua mãe, no sofá. - Eles são donos do Andrade's Restaurant.

- Você quer é ver a vizinha. - Arthur falou aparecendo na sala, fazendo a garota o ignorar.

- Não é uma má ideia, precisamos de amigos novos no bairro. - Sua mãe falou, também ignorando o filho.

- E tenho que entregar a cesta que a garota ignorou. Ela é meio triste.. - Juliette falou encostando a cabeça no sofá. - Mas ela é tão bonita.

- Você falou noventa vezes que ela é bonita. - Sua mãe disse rindo, fazendo a filha rir também. - Então vamos lá. - Falou olhando Juliette. - Já deixo a cesta e você vê a "menina bonita". - Juliette não poderia estar mais feliz, foi correndo até a cozinha, pegou a cesta negada pela vizinha e entregou para sua mãe.

As duas saíram de casa em direção à casa do lado.

- Oi, me chamo Fátima, sou vizinha da casa ao lado.

- Oi. - Estendeu a mão, cumprimentando ela. - Prazer, sou o Evandro. Sejam bem vindas ao bairro.

- Vim deixar essa cesta, passamos aqui ontem e Juliette disse que não foi recebida muito bem.

- Nossa filha deve ter atendido ela. - Evandro falou pensativo. - Mas obrigado e pode entrar, vou chamar minha esposa. - Juliette só faltou empurrar sua mãe para entrar logo na casa da vizinha e quando entraram, ela se decepcionou um pouco por não ver a "menina bonita" ali, mas seus olhos gostaram da bela casa, era enorme e extremamente arrumada.

Evandro desceu às escadas com Abadia, que foi super simpática com as duas. Agradeceu pela cesta e chamou elas para tomarem um chá na cozinha.

- Tenho uma filha da sua idade. - Falou olhando Juliette.

- E onde ela está? - Perguntou curiosa, fazendo sua mãe lhe dar um pequeno chute por baixo da mesa.

Juliette encolheu os ombros e sorriu inocente.

- Sarah não é muito de sair do quarto. - A garota gostou do nome que ouviu, percebeu que a "menina bonita" também tinha o nome bonito.

- Eu posso ver ela? - Abadia pensou bem antes de responder a pergunta, mas percebeu que sua filha precisa de amigos e Juliette parecia ser uma boa garota.

- Claro! - Sorriu amigável. - Só não se assuste se ela não for receptiva. É o primeiro quarto à esquerda, após a escada.

- Obrigada! - Juliette levantou em êxtase da cadeira, queria muito ver a loira de novo.

Respirou fundo enquanto subia as escadas. "Seja legal comigo, Sarah. Por favor" era a única coisa que passava por sua cabeça até chegar no último degrau. Encheu o peito de coragem ao bater na porta do quarto, mas não ouviu nada. Ao bater leve mais uma vez, a porta abriu lentamente com o pequeno impacto. Juliette colocou a mão na maçaneta e pensou duas vezes antes de empurra a porta vagarosamente. E assim que abriu, se separou com um quarto completamente escuro, a única luz que a deixava ver um pouco cômodo, era a da janela que invadia. A verdade é que Sarah ouvia as batidas na porta e estava de olhos fechados deitada na cama. Ela não queria abrir a porta, pois "sabia" que era a mãe dela perturbando seus pensamentos.

- Sarah? - Ouviu uma voz diferente e ao mesmo tempo sabia de quem era, abriu os olhos, mas não quis se mexer. - Você está acordada? - Juliette encostou na parede e sem querer a cabeça dela encostou no interruptor, acendendo a luz.

Ela percebeu duas camas no quarto e deduziu que Sarah tinha um irmão. Olhou para cama da loira e ela estava deitada de olhos abertos, Juliette achou estranho a garota nem se quer olhar para ela.

- Desculpa entrar assim. - Falou envergonhada. - Queria ver você. - Sarah sem querer olhou para Juliette e a garota de cabelos castanhos estremeceu com o olhar, era a primeira vez que a garota olhou para ela. - Se você quiser posso sair.. - Deu um sorriso sem graça.

Ela queria que Sarah falasse com ela, nem que fosse para xingar.

- Você ainda está triste? - Perguntou se aproximando da cama. - Ontem você estava para baixo. - Juliette notou que Sarah estava meio magra demais.

Seu rosto pálido e com olheiras não deixaram a morena deixar pensar o quanto a loira era linda.

- Por que você não fala comigo? - Perguntou cruzando os braços.

Sarah queria falar com Juliette, mas ao mesmo tempo não estava afim de fazer amizade com ninguém.

- Eu vou sentar e esperar você me falar alguma coisa. - Juliette não ia desistir de ouvir a voz da loira.

Olhou pelo quarto em busca de uma cadeira mas não achou, então sentou na cama ao lado e Sarah levantou na mesma hora para empurrar a morena com tudo no chão.

- Você é louca? - Juliette perguntou incrédula levantando do chão. - Por que diabos me empurrou? - A loira estava com raiva no olhar, seu pulso fechado e respiração ofegante.

O que Juliette não sabe, é que sentou na cama de Gil e aquilo mexeu com Sarah de todos os jeitos. A loira colocou as mãos no rosto e começou a chorar desesperadamente, ela era muito sensível em relação às coisas do seu irmão. Apenas Abadia pode tocar mas coisas dele e ver Juliette sentando naquela cama fez seu sangue ferver. Juliette não estava entendendo nada. Não sabia o que fazer e ao ver Sarah chorar daquele jeito, percebeu que aquela garota não sofre desde ontem à noite. Percebeu que ela está sendo machucada à muito tempo. Em uma tentativa de tentar abraçar Sarah, Juliette levou outro empurrão. Não sabia que nesse momento, à loira a odiava.

- Fica aí chorando então! Foda-se. - Falou irritada, saindo do quarto. - Garota estranha.


Trust Me - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora