Capítulo 12

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Langa teve permissão para segurar a mão de Reki até chegarem na água. Os dedos de Reki estavam meio pegajosos dos sanduíches de sorvete que ele comprou antes de deixarem o píer, e sua palma estava quente e suada, mas Langa segurou com força de qualquer maneira. Tudo em sua vida seria suportável, ele pensou, se ao menos pudesse a mão de Reki sempre.

“Cara”, disse Reki, chutando a areia, “é muito mais silencioso aqui. Eu não percebi o tanto barulhento estava com todos ao redor.” Ele apertou a mão de Langa, olhando de lado para ele. “Tem certeza de que não tinha tanto barulho?”

“Tinha um pouco”, disse Langa honestamente, apertando de volta. A cabeça doía um pouco, mas era uma dor boa, como a queimadura de sol nos ombros, rodeada pelo silêncio das dunas de areia, o grasnar suave dos pássaros e o bater da água. “Mas está tudo bem agora. Sério.”

"Você deveria ter me falado.", disse Reki, mas ele não parecia chateado, não realmente. Ele balançou as mãos entre eles, tirando as sandálias e depois lutando para pegá-las, segurando-as com a mão livre. “Gosto da sensação da areia”, explicou, quando Langa ergueu as sobrancelhas. "Tire as suas sandálias também!"

Langa não tinha certeza, mas o sorriso de Reki era tão convincente, a forma como suas covinhas eram um pouco tortas, mais profundas na bochecha direita do que na esquerda, as sobrancelhas levantadas atrás do cabelo. Com muito cuidado, Langa tirou as sandálias, pegando-as com cuidado, mexendo os dedos dos pés na areia.

"Está quente", disse ele, um pouco perplexo.

Reki riu, apertando sua mão com dedos pegajosos. "Sim, Einstein", disse ele. "É verão."

Ah, pensou Langa. Verão. Ele mexeu os dedos dos pés novamente, observando a forma como a areia se espalhava pelas bordas, em pequenas pilhas. Havia algo de íntimo nisso, estarmos descalços juntos, os dedos dos pés queimados de sol de Reki cavando na areia ao lado dos de Langa.

“Okinawa sempre pareceu verão para mim”, Langa explicou, e Reki fez um zumbido, balançando as mãos novamente.

“Acho que é verdade”, disse ele. “Bem – eu não saberia. Eu nem sequer saí do país. Cara! Minha vida está realmente entediante agora que penso nisso.” Ele se balançou um pouco, a areia escorregando de seus dedos dos pés. “Em quantos países você já esteve? Um monte, provavelmente, certo?”

Langa balançou a cabeça. “Fomos aos Estados Unidos uma vez”, disse ele. “Mas é isso.”

“Ah”, disse Reki. “Mesmo assim! Mais legal que eu.” Ele puxou a mão de Langa, e Langa sacudiu a areia rapidamente de seus pés e começou a segui-lo novamente, por outra duna de areia e outra, até que puderam ver a borda da água escura contra a praia. Langa apertou a mão de Reki, a sensação avassaladora começando a inchar em seu peito novamente – ele estava indo ver o oceano. As ondas reais, as algas e as conchas. Langa só tinha visto o oceano de um assento de avião, muito, muito longe da água.

“Eu gosto de Okinawa”, disse Langa, e Reki riu de novo.

“Sim, mas aposto que não é tão legal quanto Canadá”, disse ele, e então sorriu para Langa, e a sensação avassaladora cresceu contra as costelas de Langa, porque, Deus. O sol tinha se posto, mas mesmo ao anoitecer, Reki estava deslumbrante, as sombras de suas clavículas profundas e perfeitas, a inclinação de seu pescoço escuro contra o céu, seu sorriso atrevido brilhante e feliz. “Ei, você deveria me trazer para o Canadá algum dia! Essa pode ser nossa próxima viagem.”

(Pela primeira vez) Ele beijou um garoto. [Tradução Pt-Br]Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz