Possessive || Tom Riddle

Chapter 35 - May

- Eu sinto muito! – Uma voz masculina disse, provavelmente o dono das mãos grandes que me seguravam ainda. Eu levantei meu olhar e observei o garoto de cabelos pretos e olhos azuis claros diante de mim, com um sorriso torto e uma feição preocupada.

- Eu... deveria ter olhado para a frente, a culpa é minha. – Eu me reergui e dei uma risada nervosa. O garoto recolheu suas mãos e colocou-as no bolso do seu casaco. Estranhei ele não estar usando uniforme.

- Eu sou desastrado mesmo. – Nós dois sorrimos, ambos atrapalhados com a situação. – Me chamo Theo. – Ele estendeu sua mão para mim. Eu apertei sem hesitar enquanto me apresentava também.

- Me chamo Angel. – Eu soltei sua mão e analisei ele por um instante. Theo estava com um casaco preto e uma calça da mesma cor. Ele possuía uma tatuagem com algo escrito na cor preta na lateral do pescoço, na vertical. Me peguei tentando ler, mas logo uma voz impaciente atrapalhou meus pensamentos.

- Eu sou Tom, namorado dela. – Tom estendeu sua mão para Theo, que apertou hesitante.

- É um prazer conhece-los, sou novo na escola. – Ele recolheu sua mão e colocou no bolso novamente. Eu ainda estava encarando Tom com uma expressão que só ele conhecia. Uma expressão de "o que caralhos foi isso?!"

- Novo? O que faz aqui no meio do ano escolar? – Tom cruzou os braços e encarou Theo. Eu voltei a olhar para Theo novamente ignorando a conversa dos dois e prestando atenção no que estava escrito no pescoço dele. Porém, percebi que Theo parecia desconfortável com a pergunta.

- Bem... em Durmstrang as aulas eram diferentes. Nossas férias começavam no final do ano e terminavam após o ano-novo. Eu não sabia que aqui era diferente. – "pietas..." Eu estava quase conseguindo ler tudo, mas Theo mexia sua cabeça vez ou outra enquanto falava com Tom, ambos pareciam que estavam em um conflito silencioso.

- E porque saiu de Durmstrang para vir pra Hogwarts? – "Pietas semper"! Mas o que aquilo significava?

- Eu e meu pai morávamos na Suécia quando... ele morreu há algumas semanas. Eu estudava lá por causa dele, mas tive que vir para Londres e morar com a minha mãe. – Eu parei de tentar decifrar a frase tatuada no pescoço de Theo e prestei atenção nele. – E então ela teve a brilhante ideia de me colocar nessa escolinha furreca. – Evitei fazer uma careta pelo título preconceituoso.

- E porque você não pede para voltar para Durmstrang ao invés de ficar nessa "escolinha furreca"? – Tom disse, em um nível de deboche quase imperceptível.

- Bem... sinto que Hogwarts trará coisas boas para mim. – Theo direcionou seu olhar para mim e me lançou uma piscadela, me fazendo corar imediatamente. – E além do mais, essa é a única escola que permitem usar roupas normais nos fins de semana e feriados, eu não suporto usar uniforme o tempo todo. – Ele revirou os olhos e suspirou, olhando seu relógio de pulso. – Tenho que encontrar o diretor dessa escola agora. – Theo olhou para mim e sorriu de forma galã. – Até mais, mademoiselle. – Ele pegou minha mão e depositou um beijo nas costas da mesma. – Até mais, Trevor.

- É Tom. – Tom disse com os dentes cerrados, mas Theo já havia caminhado para longe de nós, sumindo nos outros corredores. - Não confio nele. – Tom resmungou enquanto começava a caminhar.

- Porque? Leu os pensamentos dele, por acaso? – Eu ironizei, mas parei de andar quando Tom ficou em silêncio, o que indicava que eu estava correta. – Você leu os pensamentos dele?!

- E qual o problema? Não é como se isso fosse errado... – Ele pigarreou.

- Sim, Tom, isso é errado e você sabe disso. – Tom suspirou e se virou para mim. – O que você viu? – Ele ergueu as sobrancelhas, o canto de seus lábios se erguendo.