Capítulo 2: Draco e Samantha

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   Eu, Draco, me mudei há um mês para cá imaginando que essa cidade tivesse mudado, mas me enganei. Tudo continuava do mesmo jeitinho, e só agora parei para analisar. Sorrio olhando o bairro onde cresci, andei de bicicleta pela primeira vez, brinquei de pique esconde, corri atrasado para a escola, passei a primeira vez com meu namorado e... Não, de novo não.

  Lembranças me invadem e eu paro o carro no mesmo instante; eu precisava respirar... Isso ainda me afeta muito.

— Pai, você tá bem? — pergunta minha filha, tocando meu braço. — É aquela coisa de novo? Ligo para o papai Nott?

— Não... Está tudo bem, Samantha eu só esqueci meu inalador de novo. — minto. — Não precisa ligar para o seu pai.

— Tá bom, pai... Obrigada por deixar eu ir na casa da Lily semana que vem. — diz sorrindo e isso me traz de volta a realidade.

— Não precisa agradecer amor, eu disse que deixaria, só que antes não dava mesmo. - explico de novo e ela sorri concordando. — Mas por que semana que vem ainda?

— A Lily e eu queremos preparar uma coisa bem legal! — fala rindo de orelha a orelha. — Você vai também, né?

— Papai tá ocupado filha... Você sabe.

— Ah é, tudo bem... - seu tom decepcionado acabava comigo, eu odiava deixar minha filha com aquela expressão mas infelizmente não podia me dividir em dois ao mesmo tempo.

— Sam...

— Tudo bem, papai, eu entendo que sua vida é corrida. - sorri sem mostrar os dentes. — Falta muito para chegar em casa? - pergunta mudando de assunto e mesmo sabendo que ela está triste, prefiro não retomar o assunto.

   O caminho até em casa foi num completo silêncio, ela acabou dormindo e eu a carreguei até a cama e logo voltei à sala onde meu melhor amigo jogava videogame tranquilamente como se estivesse em casa.

— E então?! — falo, de cara feia.

— A Pansy! — retruca irritado e sem soltar o console ele me encara.

— Explique. — continuo, com raiva.

— Ela está irritante cara, disse que tem algum trabalho muito importante, que precisa de espaço... essas coisas de mulher. — bufa.

— Certo... Mas por que você tá no meu sofá mesmo?! — Reclamei.

— Ela precisava de espaço. — repetiu dando ênfase na frase como se aquilo explicasse o motivo de ele estar ali sem me avisar. —Então, vim para a casa do meu amigo favorito.

   Reviro os olhos e desisto. É impossível às vezes argumentar com ele, pelo menos ele tinha feito o almoço, então não vou reclamar tanto. Demorei mais um tempo e subi para acordar a Sam pra comer. Ela toma banho, se arruma e desce correndo quando percebe que o Blaise está aqui. Às vezes, eu acho que tenho dois filhos.

— Brigou com a tia Pansy de novo, tio? — pergunta ela, curiosa e ri. — Parece até meus pais...

— Na verdade é o seu pai Nott que brig... — o cortei, antes de terminar.

— O que o tio Blaise quis dizer é que às vezes, os adultos precisam conversar sério para resolver as coisas. — explico. — Por que você não conta ao seu tio as novidades?

   Ela logo esquece aquele assunto e começa a contar, animada, ao Blaise sobre ir à casa da amiga, e ele dá inúmeras ideias de como elas podem se divertir e de verdade, e então me pergunto se o Blaise não é uma criança em corpo de adulto.

   Por isso que a Sam e ele se dão tão bem, minha filha ama conversar, e inventar coisas para se divertir e o Blaise é exatamente assim.

   Eu gosto de vê-la feliz. Quando a gente se mudou aqui, ela ficou triste por deixar seus amiguinhos e seu outro pai, meu "querido" ex-marido, o Nott. Mas nós dois sentamos e conversamos com ela pra explicar da melhor forma possível, o porquê de eu estar voltando para minha cidade natal e que apesar da distância, ela ainda veria o pai, sempre que quisesse.

   Foi inevitável e claro, difícil, porque isso tudo ainda é recente. Agradeço imensamente por essa nova amiga ter criado uma relação rápida com ela e por estarmos mais próximos do Blaise, que antes aparecia uma vez por mês, mas agora, dia sim, e dia não ele invadia minha casa como se já fosse dele.

   E a Samantha adorava isso.

   Enquanto eles estão conversando, eu aproveito pra ir até a cozinha organizar a mesa do almoço, ouço as risadas da minha filha e esticando o pescoço para o lado, vejo ela fazendo massagens nos pés do Blaise, por cima das meias.

   Eu conheço minha filha o suficiente pra saber que todo aquele tratamento vip teria uma consequência.

— Você bem podia ir comigo na festa, já que o papai Draco não pode...não é, tio?.. - ela pede fazendo bico e eu caio na risada dentro da cozinha; eu sabia que ela pediria algo. — Por favorzinho. - continuou juntando as mãozinhas e não pude deixar de achar aquilo fofo.

— Você sabe que eu não posso dizer não a você, né? — diz apertando levemente as bochechas dela, vendo-a concordar. — Mas infelizmente nesse dia o tio não vai poder amor, tenho um trabalho importante da faculdade pra fazer.

— Você ainda estuda, tio? — pergunta confusa e olha pra cozinha gritando. — Papai, por que o tio Blaise ainda estuda e você, não?  — sorrio saindo com um pano de prato nas mãos e encaro meu amigo de forma debochada.

— Porque seu papai é super inteligente e o seu tio Blaise... Bom, é o seu tio Blaise, por isso não acabou os estudos... — retruquei mostrando a língua e ele revira os olhos.

— Depois eu que sou o imaturo. 

— Bom, chega de conversa e vamos comer.

𝔻𝕖𝕤𝕥𝕚𝕟𝕒𝕕𝕠 𝕒 𝕋𝕖 𝔸𝕞𝕒𝕣 ~𝔻𝕣𝕒𝕣𝕣𝕪 𝕍𝕖𝕣𝕤𝕚𝕠𝕟~Where stories live. Discover now