Ao me virar para sair da cozinha e ir até as escadas em direção ao meu quarto, meu pai surgiu diante de mim com sua cara fechada. Eu e ele mal nos falavamos e quando acontencia, era apenas para discutir. Ele me fitou dos pés a cabeça sem dizer nada. 

— Eu vou pro meu quarto. — Murmurei desviando meu olhar e ele segurou meu braço fortemente. — Me solta! — Tentei puxar meu braço de volta mas ele o prendeu forte com sua mão grande. 

— Não enche o saco da tua mãe, ta entendendo? — Ele disse de forma grossa. — Se eu ver você tentando ajuda-la novamente, você vai se ver comigo. — Ele disse me olhando nos olhos. Minha vontade naquela hora era de cuspir na sua cara e acertar quantos socos fossem possíveis em seu rosto, mas eu não tinha forças suficientes. 

— Me deixa em paz, caralho. — Murmurei puxando meu braço e ele finalmente soltou o mesmo, pude ver a marca de sua mão que ficou em meu braço. — Que merda você fez com ela? Olha o estado que ela está. — Apontei para a mesma que continuava caida no chão. Meu pai apenas a fitou seriamente e desviou seu olhar para mim. — Você vai deixar ela ficar assim? — Franzi o cenho. 

E você acha que eu me importo? — Ele disse e em seguida soltou uma risada sarcástica. — Por mim você e a sua mãe apodreciam nessa casa e eu continuaria não me importando. — Suas palavras foram um enorme soco no meu estômago e o medo surgiu em minha cabeça me fazendo correr dali e ir em direção ao meu quarto. 

Tranquei a porta atrás de mim e me afastei da porta. Larguei a mochila com força no chão e andei pelo quarto tentando conter as lágrimas que queriam tanto descer. A dor logo surgiu em meu peito me fazendo querer gritar, mas eu não podia. Eu não podia fazer nada, não havia nada que eu pudesse fazer. Para sair daqui, para tirar minha mãe daqui. Eu só queria sumir e nunca mais aparecer, dormir para sempre parecia ser a melhor ideia para aquele momento. Afinal, que razão tinha a minha existência? De que adiantaria crescer nessa casa com esses pais? O que eu faria vivendo na miséria e em um ambiente sujo e podre? 

Meus pensamentos estavam atropelando um ao outro em minha cabeça me fazendo bater na mesma, na tentativa de querer fazer aquilo parar. As lágrimas já caiam pelo meu rosto livremente me fazendo sentir toda a dor invadir cada parte do meu corpo. Pude ouvir murmuros e gemidos vindo do andar de baixo e tapei meus ouvidos enquanto ainda andava pelo quarto em passos pesados de um lado para o outro. 

Você é um inútil. Por que não desaparece? Ninguém sente sua falta. Ninguém se importa com você de verdade, você não vê isso? Vê se cresce pirralho idiota! 

As vozes gritavam em minha cabeça, as minhas vozes. 

Eu não conseguia aguentar essa pressão, as coisas deveriam estar bem, tudo deveria ter melhorado. Mas nada mudava, tudo só piorava. Qual era a porra do sentido disso tudo? Todo esse sofrimento? Esse é era o meu destino? Essa seria a minha vida pelo resto da minha existência? 

Parei os passos e encarei a janela pequena que iluminava meu quarto. Encarei a neve que caia devagar lá fora cobrindo tudo pela rua. As lágrimas ainda caim sem controle pelo meu rosto, minhas mãos começaram a tremer assim como todo o meu corpo. Meu peito doía, minhas pernas fraquejavam e minha cabeça parecia que iria explodir de tanta dor e pensamentos ao mesmo tempo. Toda aquela dor interna estava me enlouquecendo, me deixando tonto. 

Ao sentir minhas pernas fraquejarem, meu corpo se chocou contra o chão e uma sensação horrível e aterrorizante cobriu todo o meu corpo me fazendo entrar em pânico. Em uma tentativa falha de tentar puxar o ar dos meus pulmões, a minha garganta doeu me fazendo gemer de dor e agonia. Me arrastei pelo chão indo até a minha mochila e a cada segundo que passava, a dor pelo meu corpo aumentava. 

Stranger - Sebastian StanWhere stories live. Discover now