Sempre Minha

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Nunca havia sido ódio. Nunca havia sido raiva ou nojo, tudo era amor. Um amor intenso, possessivo e descontrolado.

Pablo D'Angelo sempre havia sido um badboy. Ele saía com garotas, ostentava o dinheiro dos pais e intimidava todos ao seu redor, com exceção de Ella. A menina loira, de baixa estatura, com roupas de segunda mão e visivelmente pobre era aquela que possuía seu coração frio. Sim, ele estava apaixonado desde o dia que ela apareceu na sala de aula, numa manhã nublada. Todos a adoraram, as meninas a achavam fofa e os meninos queriam beijá-la. Pablo odiou e amaldiçoou todos, por quererem o que era dele. Sim, Ella Summer pertencia a ele e todos sabiam.

Logo que começou a querer a menina, Pablo bolou um plano para tentar uma aproximação, com seu jeito arrogante de sempre, o sorriso ladino e a postura firme. Entretanto, não deu certo. Ella não era como as outras e estava pouco importando-se pela fama e dinheiro dele, isso só o fez querer mais. Ela era muito interessante. Tímida, porém firme, bonita sem precisar exibir-se, divertida, mas discreta. Além de ser inteligente e ultrapassar todos com suas notas. Ela era incrível, meiga, humilde e pouco se importando com ele. Obviamente que Pablo ficou furioso.

Ele sabia que ela não devia nada, nem tinha relação com ela ainda, mas suportar ela rindo para os outros e desprezando o seu ser era torturante para ele. Tentou impressioná-la com presentes, a convidava para sair e implicava toda vez para saber a resposta de alguma questão, mesmo sabendo. Ele disse a si mesmo que ela era tímida e portanto não seria fácil conquistar sua confiança. Entretanto, em um ano não havia tido avanço algum e a "relação" deles era baseada em cumprimentos. Ele odiava isso.

Quando percebeu, enfim, que ela não tinha interesse em si, o ódio o dominou. Com sua influência dentro da escola, fez a cabeça de todos para que a excluíssem. Não era o que ele queria, jamais permitiria que fizessem mau a Ella. Ninguém tinha permissão para tocá-la, para conversar ou olhar demais para ela. Ele mataria. Seu plano teria sido um sucesso, afinal ela ficaria solitária e ele seria o único para ela. Mas as pessoas se afastaram de Ella e ela afastou-se mais ainda dele. Não tinha interação e a alegria não existia mais em suas expressões. Ele tentou aproximar-se, tentou fazer amizade - do seu jeito torto -, mas fracassou.

Foi quando percebeu que estava muito vulnerável. Seus amigos diziam que ele estava apaixonado e ele sabia que estava, porém outros começariam a questionar o motivo da sua ordem, o motivo para querer os outros afastados dela. Ele não ligava, obviamente. Ela era sua, todos deveriam saber. Porém, isso não importava para sua amada e o desprezo despertou uma raiva insuportável em Pablo. Foi nesse momento que decidiu um novo plano.

Ele teria a atenção dela, por bem ou por mal, mas teria. Começou a implicar com Ella, puxava-lhe o cabelo, cutucava suas costas, a ameaçava e afastava os outros dela. Não era o ideal, ele se odiava por isso. Mas ele conseguia a atenção, conseguia que ela olhasse para si, conseguia arrancar sentimentos dela, mesmo que fossem ruins. Conseguia que ela lhe dirigisse a palavra, mesmo que para brigar. Mas conseguia e isso importava.

Todos estavam reparando na implicância diária de Pablo para com Ella e foi quando tudo piorou. Os outros alunos, querendo impressionar o F4 - seu grupo - começaram a praticar bullying com ela, com empurrões, xingamentos e agressões verbais. As meninas a odiavam naquele momento, porque Pablo aparentemente a odiava. Os meninos, por mais que estivessem interessados nela, queriam impressionar Pablo, queriam que ficasse orgulhoso por se livrarem de alguém como ela. Aquilo o irritava.

Tudo começou a ficar fora de controle e Pablo não conseguiu concertar a tempo, não conseguiu desfazer o mal-entendido que se fez, não conseguiu dizer que o bullying idiota era apenas uma forma de ter a atenção da menina que amava e isso demonstrava o quão covarde era. Era isso, ele era um completo covarde. Um merda por destruir a mulher que amava, um bosta por usar um truque tão baixo e cruel para seu próprio interesse. Isso era verdade e ele odiava isso.

Ela é minha!Where stories live. Discover now